Você já parou para pensar em como as metas de trabalho impactam a sua saúde? Já refletiu sobre seus direitos e o quanto o cansaço severo pode afetar sua vida e desempenho? A Síndrome de Burnout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional, é um distúrbio emocional caracterizado por exaustão extrema, estresse e desgaste físico. A principal causa dessa condição é justamente o excesso de trabalho. 

Vivemos em uma sociedade esgotada. De acordo com a Associação Internacional de Gestão de Estresse (ISMA-BR), 72% dos brasileiros estavam estressados no trabalho em 2023. Muitos têm medo de perder o emprego e não conseguir uma recolocação, elevando os níveis de ansiedade e, frequentemente, resultando em burnout. Durante a pandemia, até eu desenvolvi alguns sintomas dessa síndrome. Essa situação é comum entre meus clientes também. 

A Síndrome de Burnout se manifesta nas empresas por meio de gestões tóxicas e competições exacerbadas. Em busca de resultados, as metas são continuamente aumentadas: se este mês a meta é 100, no próximo será 120, e assim por diante, até que o limite do esgotamento seja atingido. Esse ciclo vicioso leva ao desgaste completo, que conhecemos como burnout. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país com mais casos diagnosticados em 2023, superado apenas pelo Japão. 

Reconhecer os sinais iniciais é fundamental, pois esta doença não surge da noite para o dia. Entre indícios estão o estresse crescente, cansaço extremo e sintomas atípicos. Desde 2022, o burnout é reconhecido como doença ocupacional. Funcionários diagnosticados com essa condição têm direito ao afastamento pelo INSS e, ao retornarem, possuem estabilidade no emprego por um ano, caso a doença tenha sido decorrente do trabalho. 

Para prevenir o burnout, é importante estabelecer uma clara distinção entre vida profissional e pessoal. Defina horários fixos para o trabalho e, ao término desse período, desconecte-se completamente das atividades profissionais. Esse desafio se intensificou com a pandemia e o home office, onde os limites entre casa e trabalho se confundem. É comum estar no parque no sábado à tarde respondendo e-mails do chefe ou mensagens de clientes. Desconectar-se das redes sociais e dos sistemas da empresa durante os momentos de lazer é essencial. 

As empresas também têm um papel muito importante na prevenção do burnout. Elas devem orientar os líderes a não exigirem trabalho fora do horário comercial. Manter os funcionários sempre conectados pode resultar em um time doente, aumentando afastamentos e processos trabalhistas. De acordo com a American Psychological Association, em 2023, 67% dos trabalhadores nos Estados Unidos acreditam que a pandemia piorou o burnout. No curto prazo, metas exageradas podem até aumentar o faturamento, mas, a longo prazo, os colaboradores adoecerão e os custos para a empresa e para a saúde dos funcionários serão altos. 

A situação é preocupante em vários setores. Globalmente, áreas como saúde, educação e tecnologia apresentam índices alarmantes de burnout. Segundo o Medscape National Physician Burnout & Suicide Report, de 2023, 44% dos médicos relatam sintomas de esgotamento. Entre advogados, esse número chega a 73%, conforme o Lawyer Well-Being Survey de 2023. Esses dados refletem a urgência do problema e a necessidade de ações efetivas. 

Embora algumas grandes empresas já estejam cientes desse problema e tenham implementado medidas para prevenir o burnout, como programas e políticas de equilíbrio entre vida profissional e pessoal, ainda são poucas que adotam essas práticas de forma abrangente e consistente. Reconhecer os sinais e agir preventivamente é uma questão de bem-estar e de direitos trabalhistas. 

O diálogo aberto e o suporte mútuo no ambiente de trabalho são passos fundamentais para evitar que a exaustão ocupacional se torne uma realidade constante em nossas vidas. Valorize sua saúde mental e exija condições de trabalho que respeitem seus limites. No fim das contas, até que ponto vale o esgotamento profissional? 

*Giovanni Cesar é professor e mestre em Direito do Trabalho. 

O post Quando as metas custam a saúde: o impacto do burnout na trajetória profissional  apareceu primeiro em Rio Bravo Investimentos.

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