Balizador da economia global, o dólar tem papel fundamental no mercado global como um todo. A moeda é caracterizada por ser mais forte em relação aos seus pares; sendo assim utilizada para transações internacionais, investimentos e negociações.
Desde o início do ano, a divisa americana vem demonstrando grande variação, começando 2023 cotado a R$5,23; no entanto, em 2 junho, a moeda registrou sua primeira marcação, desde 2022, abaixo dos R$5,00; em 22 de junho, o dólar chegou em sua menor cotação desde o ano passado, valendo R$4,77.
Essa trajetória sinaliza um futuro de queda para a moeda americana frente ao real. Bancos estrangeiros, como o Goldman Sachs, projetam o dólar a R$4,40 ao final de 2024. O próprio Boletim Focus, emitido pelo Banco Central, traz um cenário de desvalorização.
Cinthia Costa, head de câmbio na iHUB Investimentos, elenca alguns motivos pela descida do dólar no Brasil. “A relação entre moedas é influenciada por diversos fatores econômicos, sendo esses as taxas de juros, inflação, balança comercial, política monetária e instabilidade política e econômica.”, comenta.
Fatores para o desenvolvimento atual da moeda
Um dos principais fatores sobre o patamar do dólar refere-se ao impacto da inflação, já que muitos produtos e insumos da economia brasileira são importados ou precificados na moeda estrangeira.
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A perspectiva do fim da alta de juros americano nos EUA também é um dos principais fatores externos, que se intensificou com a crise bancária e dados mais fracos da economia americana. Essa situação afeta o câmbio diretamente porque, os juros mais altos nos EUA atraem capital ao país, valorizando a moeda americana, que no fim da alta, favorece as moedas de países emergentes.
“Não menos importante, outro ponto a se observar é a recuperação da China que impulsiona o preço das commodities brasileiras e, consequentemente, a entrada de recursos no Brasil. Além disso, apontando ao mercado local, um dos fatores que fortaleceu a nossa moeda foi o conjunto de regras para limitar o gasto público, o arcabouço fiscal”, diz a especialista.
Como estar protegido dessas oscilações do dólar?
Existem algumas opções que podem ser consideradas para mitigar ou reverter as perdas cambiais devido a flutuação da moeda estrangeira, uma delas é a diversificação da carteira de investimentos para que os riscos sejam mitigados em ativos em outras moedas, dessa forma, quando uma moeda desvalorizar em relação a outra, o impacto nas perdas totais pode ser mitigado. Outras estratégias como o Hedge cambial – contratos futuros, opções, swaps de moedas – protegem contra as flutuações adversas na taxa do câmbio e ajudam a reduzir o impacto negativo de movimentos desfavoráveis.
Existem várias estratégias ou produtos disponíveis para investidores interessados em investir em dólar. Algumas delas são:
Fundos de câmbio (Exchange Traded Funds – ETFs): são ETFs que rastreiam o desempenho de uma moeda específica, como o dólar. Esses ETFs permitem que os investidores obtenham exposição ao movimento do dólar sem precisar negociar moedas diretamente e são negociados como ações em bolsas de valores e oferecem uma maneira conveniente de investir em dólar.
Contratos futuros e opções: Os contratos futuros e opções de moeda são produtos derivativos que permitem aos investidores negociar a compra ou venda de uma determinada quantia de moeda a um preço e data futuros. Esses instrumentos são frequentemente utilizados para fins de hedge cambial, mas também podem ser usados para especulação ou investimento.
Fundos de investimento em moeda: Existem fundos de investimento especializados que se concentram em moedas estrangeiras, incluindo o dólar.
Certificados de depósito em moeda estrangeira: Alguns bancos oferecem certificados de depósito (CDs) denominados em moeda estrangeira, incluindo o dólar. Os investidores depositam uma quantia em dólar e recebem juros sobre esse valor ao longo de um período específico.
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Qual é o cenário atual em relação aos dólares?
Diante do cenário do dólar abaixo dos R$5,00, é criada oportunidades para quem quer adquirir a moeda estrangeira, seja para diversificação de investimentos ou viagens internacionais. A tendência no longo prazo é de valorização do real em relação ao dólar.
Em relação a investidores que detém dólares adquiridos em patamares maiores do que o atual, um bom caminho é carregar a moeda um pouco mais para não internalizar a perda da volatilidade da taxa, já que podemos ter uma tendência de alta devido ao cenário de juros americano com previsão de aumento cauteloso da taxa de juros.
“Monitorar os desenvolvimentos econômicos, políticos e sociais nos EUA e no Brasil pode fornecer insights sobre possíveis tendências na taxa de câmbio, mas a natureza volátil e imprevisível do mercado cambial requer cautela ao fazer previsões”, finaliza Cinthia.
Cinthia Costa, head de câmbio na iHUB Investimentos