Caro Investidor!

Em uma semana que começa (e segue) com crise na bolsa da Argentina depois que seu presidente, Javier Milei, faz propaganda de uma criptomoeda em sua rede social no fim de semana; o dólar fecha a R$ 5,68 e perde as manchetes (em alta dá mais leitor), também porque no mesmo dia (terça, 18) a Procuradoria-geral da república (PGR) denuncia o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de estado. Como dizem por aí, é eita atrás de eita, investidor. Mas a quinta é dia de #tbt.

Comecemos a falar sobre os principais índices divulgados dias atrás que influenciam o seus investimentos e são impactados por decisões da macroeconomia e claro, da doméstica também. Está desafiador o atual cenário para os investimentos, embora para quem vê o copo meio cheio, pode estar aí a oportunidade. os caminhos são muitos, mas não se perca!

O #tbt

No Brasil, a principal divulgação da semana passada foi o IPCA de janeiro (leia-se inflação), que foi de 0,16% em relação ao mês anterior e 4,56% em relação a janeiro de 2024. A inflação foi abaixo do que os 0,17% esperados pelo mercado, com uma composição considerada boa. 

De acordo com a divulgação do IBGE, a análise qualitativa revela que a variação relativamente baixa para o mês teve forte influência de itens voláteis como energia, que apresentou uma queda de -14,21% no mês por conta do ‘bônus de Itaipú’, um desconto na energia elétrica aplicado em janeiro. “No geral, serviços, indústria e alimentos também mostraram variação abaixo do projetado, em uma leitura benigna em janeiro, mas que não altera significativamente as projeções menos otimistas para o futuro”, destaca o relatório  semanal do Itaú Asset.

Frente a isso, conforme os analistas do banco, a inflação em nível elevado e projeções indicam que o mais provável será uma continuidade do ciclo de alta de juros pelo Banco Central. Já sobre a atividade econômica no Brasil o volume do setor de serviços apresentou uma queda de -0,5% em dezembro, mas o componente de serviços prestados às famílias, que correlaciona melhor com o PIB, apresentou variação melhor do que a esperada. 

E se você investe no setor varejista, saiba que as vendas no varejo mostraram queda de -1,1% em dezembro. Ainda existe muita incerteza se a desaceleração em dezembro se traduzirá em uma tendência, não aparentando, por ora, ser uma desaceleração abrupta. 

Mercado de ações

Embora a bolsa esteja operando de certa forma em estabilidade, para Rodrigo Gualtero, especialista em investimentos, agente certificado CVM,  a instabilidade do cenário geral reflete, por exemplo, no índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa, que fechou em 2024 em queda de 10,36%, o pior desempenho desde 2021, quando caiu 11,93%. Só em dezembro de 2024, a diminuição foi de 4,28%. Ele explica que os números refletem um ambiente que afasta investimentos, reduz a inovação e faz com que grandes talentos e capital fujam do Brasil, trazendo impactos negativos como a desvalorização recente do real.

“Neste início de ano, os melhores investimentos serão aqueles que garantirem proteção contra a impressão desenfreada de dinheiro e a interferência estatal no mercado, como por exemplo a dolarização do patrimônio, com ETFs globais, ouro e bonds americanos; empresas que geram receitas em dólar, especialmente exportadoras e techs globais; Fundos de infraestrutura e crédito privado, que podem capturar boas oportunidades no Brasil e investimentos em inovação e inteligência artificial, setores que continuarão crescendo mesmo em cenários de turbulência”, comenta.

Mais bolsa

Já para Lucas Sharau, economista e sócio da iHub Investimentos, a bolsa brasileira tem chamado atenção. Muitos investidores se perguntam por que o Ibovespa está subindo tanto.

“O Brasil passou por um período turbulento ao longo do último ano, com muitas incertezas sobre a responsabilidade fiscal do governo. Esse cenário pressionou os preços da bolsa, que chegou a níveis bastante descontados”, disse.

Entre os fatores que explicam essa depreciação, segundo Sharau, estão a incerteza fiscal que impactou a inflação, o teto de gastos e o câmbio. “Como consequência, a curva futura de juros subiu significativamente. E quando os juros sobem, os ativos de renda fixa e variável são descontados a uma taxa maior, reduzindo seus preços no curto prazo”, explica o economista.

Sharau ressalta que quem acompanha o mercado deve ter se surpreendido ao ver títulos de renda fixa pagando 15%, 16%, 17%—alguns chegando a 20% ao ano, ou IPCA +12%. Esses patamares não eram vistos há muitos anos no Brasil.

“A grande diferença entre renda fixa e variável é a previsibilidade. Na renda fixa, a taxa determina o preço do título e pode ser comparada diretamente com a taxa de juros e outros indicadores. Já na renda variável, não existe esse parâmetro fixo. O preço da ação depende de múltiplos como geração de caixa, valuation e outros fundamentos da empresa”, afirma.

Logo, diante desse cenário, a bolsa brasileira continua barata. “Um dos principais indicadores, o P/L (preço sobre lucro), segue descontado. O P/VP (preço sobre valor patrimonial) dos fundos também mostra múltiplos atrativos. Isso indica boas oportunidades para quem busca ativos subavaliados.”

Aliás, a bolsa brasileira está barata há anos, segundo Sharau. “A insegurança jurídica, a volatilidade política e os ciclos econômicos impedem um movimento mais consistente. Sempre surge a expectativa de valorização, mas o mercado segue travado, o que gera insegurança para os investidores.”

Investimentos 

De acordo com o economista Lucas Sharau, é essencial que, na tomada de decisão, o investidor deixe de lado fatores emocionais e considere apenas aspectos racionais, como perfil de risco e horizonte de investimento. Isso exige uma abordagem mais estratégica e calculista.

“Entre as oportunidades da bolsa hoje, algumas das ações mais descontadas incluem Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), grandes empresas consolidadas que sofreram quedas significativas nos últimos anos. O setor bancário também merece atenção. O Bradesco (BBDC4), por exemplo, apesar de ter enfrentado problemas contábeis recentemente, é um player relevante e pode se beneficiar do atual cenário de juros”, comenta Sharau.

Segundo ele, essas ações oferecem um dos melhores potenciais de valorização no curto e médio prazo, “mas qualquer estratégia deve ser ajustada ao perfil do investidor. Além disso, é fundamental diversificar, evitando concentração excessiva em um único ativo ou setor”.

Investir lá fora – Uma estratégia interessante, conforme Sharau,  pode incluir exposição ao mercado internacional, como a bolsa americana, permitindo diversificação geográfica e cambial. O dólar, atualmente na faixa de R$ 5,70, já esteve acima de R$ 6,00 recentemente, e essa movimentação tem razões bem definidas.

“A queda recente da moeda tem relação com medidas econômicas nos EUA que aumentam o risco de inflação, gerando instabilidade e impactando a cotação do dólar globalmente. No Brasil, o regime de câmbio flutuante sujo permite a intervenção do Banco Central, que nas últimas semanas precisou atuar para conter uma desvalorização ainda maior do real.”

Sharau destaca que as reservas cambiais brasileiras hoje estão em níveis semelhantes aos da pandemia, quando o Banco Central também precisou intervir para evitar uma disparada no câmbio. “Esse cenário cria um momento de tensão no mercado e pode representar uma boa janela de entrada para exposição à moeda estrangeira.”

Dólar – Para quem pretende investir em dólares, o ideal é não comprar de uma única vez. “O melhor caminho é diluir as compras ao longo do tempo, aproveitando diferentes pontos de preço e reduzindo a exposição ao risco de curto prazo.”