O tão esperado salário extra, a primeira parcela do 13º, cai hoje na conta dos trabalhadores que têm carteira assinada. Com isso, muitos brasileiros já devem estar pensando em como destinarão esse recurso, seja para quitar dívidas, aproveitar o final da Black Friday, para as compras de Natal, ou para investimentos.

E se tratando de investimentos, a renda fixa tem brilhado aos olhos dos investidores. Isso porque a escalada da taxa básica de juros (Selic) e a previsão de inflação mais controlada no futuro deve gerar uma rentabilidade positiva na carteira do investidor.

Além disso, dentre os diversos ativos financeiros, a renda fixa é considerada a mais segura, aquela que não possui tanta volatilidade – para quem segura os títulos até o vencimento – e é queridinha daqueles que procuram fazer uma reserva de emergência.

Segundo os especialistas consultados pelo Suno Notícias, investir a primeira parcela do 13º em renda fixa pode ser uma boa ideia. Para eles, esta é uma boa pedida principalmente para aqueles que estão construindo patrimônio.

“O melhor dos mundos é que esse valor do ‘salário extra‘ seja direcionado para investimentos, a fim de garantir algo no futuro, como um fundo reserva, comprar um bem ou ter uma vida financeira estável a longo prazo“, disse o assessor de investimento na iHUB, Gian Montebro.

Além disso, o especialista em renda fixa da Suno Research, Vinicius Romano, aponta que o décimo terceiro é importante para “turbinar” os aportes ou até mesmo rebalancear a carteira para quem já investe. “Para quem não tem espaço no orçamento, também pode ser utilizado para ajudar a resolver esse problema.”

Como investir a primeira parcela do 13º em renda fixa?

Antes de mais nada, é importante o investidor conhecer seu perfil de investidor. Têm pessoas que são mais conservadoras e outras mais arrojadas. Portanto, antes de fazer qualquer aporte, conheça seu perfil clicando aqui.

“Essa é uma decisão que vai muito em linha com o planejamento financeiro e organização do fluxo de caixa do investidor. Mas o mais importante é pensar em diversificação”, analisou o sócio da Nexgen Capital e integrante da equipe de estratégia, Pedro Wilson.

Após conhecer o seu perfil, é necessário entender o tipo de título que deseja investir, seja público como Tesouro Selic ou privado como um CDB. Depois, deve-se definir se o título terá uma remuneração prefixada, pós-fixada ou indexada à inflação e escolher o prazo de aplicação (curto, médio ou longo prazo).

Com a alta da inflação, os especialistas acreditam que os ativos indexados ao IPCA estão mais atrativos.

“Visto que estamos em um cenário de inflação descontrolada, uma opção muito interessante e das mais procuradas atualmente é investimento em IPCA+ ou seja, o rendimento do título é será composto por uma taxa de juros, somada à variação da inflação do período”, acrescentou Montebro.

Segundo o assessor, nesse caso, é indicado para quem possa esperar a data acordada de 1 ano até 3 anos o dinheiro “preso”. Exemplo: Uma aplicação em IPCA+ 4% para 2023. Considerando uma inflação de 10% ao ano, o investidor garante esses 10% + a taxa acordada de 4% ao ano, totalizando 14% ao ano.

E, novamente, Wilson reitera a importância de não colocar tudo em apenas um título de renda fixa, afinal existem diversos ativos. “Então não alocaria 100% em em ativos indexados à inflação no patamar de juros que a gente tem hoje. E os ativos pós-fixados estão voltando a ter uma rentabilidade muito positiva na perspectiva para o próximo ano.”

Conhecendo melhor os ativos

Como já citado anteriormente na matéria, existem diversas opções de investimentos, e o assessor de investimentos Montebro exemplifica cada categoria e seus ativos, veja abaixo:

  • Títulos Prefixados: Ele te dá ao certo o rendimento do período. Se o título for de 13% no período, o investidor irá embolsar 13% no período independente do cenário macroeconômico. Exemplo: Tesouro Prefixado, Letra de Câmbio (LC) e Certificado de Depósito Bancário (CDB).
  • Títulos Pós Fixados: Ele está sempre atrelado a um indexador. No caso do indexador ser a Taxa Selic por exemplo, se ela subir esses títulos vão subir. No nosso cenário atual, onde a política é de alta de juros, esse é um investimento muito procurado. São eles: Tesouro Selic, CDB, Letra de Câmbio Imobiliário (LCI), Letra de Câmbio Agronegócio (LCA) e Letra de Câmbio (LC).
  • Títulos Híbridos: Ele tem uma parte fixa e outra variável. São muito procurados por investidores que querem ter um ganho real, ou seja, acima da inflação. Se o investidor optar por um Tesouro direto IPCA + 5% por exemplo, ele vai render os 5% + a inflação do período. São eles: Tesouro Direto IPCA+, CDB, LCI, LCA, LC, CRI(Certificado de Recebíveis Imobiliários) e CRA(Certificado de Recebíveis de Agronegócio).

Mas qual deve ser a proporção?

Para decidir investir e distribuir com base em porcentagem, os especialistas reiteram que depende muito do perfil do investidor. “Não existe uma fórmula pronta, tudo depende do perfil do investidor e dos seus objetivos. Não faria sentido, por exemplo, comprar um título de longuíssimo prazo caso tenha como objetivo trocar de casa daqui 3 anos”, disse Romano.

Para a estrategista-chefe da Órama Investimentos, Sandra Blanco, a proporção que deverá ser destinada para os recursos depende do perfil, mas também do valor que vai ser aplicado.

“É difícil dar exatamente o percentual que deve ser em Tesouro Direto ou em títulos privados vai depender também valor a ser recebido. A regra é a seguinte: o Tesouro tem menor risco de crédito, mas os títulos privados tipo CDB, LCI, LCA possuem a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Então para um 13º acho que dá para escolher um título que tem o melhor retorno de acordo com o esperado conforme o perfil do investidor.”

Montebro acredita que o investidor precisa conhecer seu perfil e saber quanto do pagamento do décimo terceiro será destinado para o investimentos, mas simulou uma porcentagem que seria interessante para o investidor.

No caso dos investidores moderados:

  • 30% Renda fixa
  • 15% Inflação
  • 28,50% Multimercado
  • 10% Renda Variável
  • 8% Renda Fixa Global
  • 8% Renda Variável Global

No caso dos investidores agressivos:

  • 1% Pós Fixado
  • 5% Prefixado
  • 10% inflação
  • 3% Renda Fixa Global
  • 25% Multimercado
  • 35% Renda Variável
  • 21% Renda Variável global

Pagar dívidas ou investir?

A expectativa é investir, mas a realidade nem sempre é assim. Isso porque são mais de 62 milhões de brasileiros com “nome sujo”, segundo dados do Serasa.

Os especialistas lembram que no Brasil poupar é uma realidade para poucos, principalmente hoje em um momento de inflação descontrolada. O ideal é que o brasileiro tenha uma planilha detalhada de gastos na qual separe no mínimo 10% para investir ou poupar e viva com os 90% restantes.

Mas no cenário atual não é fácil, principalmente porque além das despesas regulares, o brasileiro se depara com as despesas extraordinárias.

Com isso, os especialistas apontam que o ideal seja pagar as dívidas, até porque normalmente os juros que elas acumulam são maiores do que os rendimentos que o investidor teria se investisse o dinheiro extra em algum ativo.

“Não existe uma regra, mas é quase sempre melhor pagar as dívidas primeiro. No Brasil, as taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras são geralmente muito maiores do que o rendimento de aplicações no mercado financeiro”, salientou Romano.

Além disso, o pagamento das dívidas é o primeiro passo para a pessoa se tornar investidora e conseguir construir uma reserva de emergência.

“A partir do momento em que a pessoa paga suas dívidas ela já vai pro primeiro passo investimento que é constituição da reserva de emergência, que dá preferência para ativos de alta liquidez e baixo risco. Após essa constituição ela pode partir para os investimentos de longo prazo em renda fixa”, concluiu Wilson.

Portanto, existem meios para investir a primeira parcela do 13º em renda fixa, mas antes de tudo é necessário pagar os débitos para que não se torne uma bola de neve e assim a pessoa consiga ingressar no mundo de investimentos sem nenhuma dívida.


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