Os três problemas que mais tiraram o sono do empresariado brasileiro, no segundo trimestre deste ano, foram: a falta ou o alto custo das matérias-primas, assinalado por 52,8% das empresas; elevada carga tributária, lembrada por 30,9%; e a alta taxa de juros, registrado por 24,3% dos respondentes. Os dados são da Sondagem Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que consultou 1.853 empresas, sendo 730 de pequeno porte; 660 de médio porte e 463 de grande porte, entre 1° e 11 de julho de 2022.
No entanto, as menções sobre dificuldades de acesso a insumos têm caído, ao mesmo tempo que sobe a preocupação com a alta das taxas de juros. O problema teve um aumento nas assinalações neste trimestre de 3,5 pontos percentuais. Na comparação com o primeiro trimestre de 2021, o percentual aumentou 16,7 pontos e se tornou o maior desde o quarto trimestre de 2016, quando foi assinalado por 27,9% dos respondentes.
“Essa percepção por parte dos empresários permanece relacionada ao cenário econômico do país; a medida que o Banco Central continua fazendo reajustes consecutivos na taxa Selic para combater a inflação. A taxa básica de juros vem sendo elevada desde março de 2021 e, desde dezembro, a taxa real se encontra em patamar que inibe a atividade econômica”, explica o gerente e Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
As queixas sobre a elevada carga tributária estão praticamente estáveis com uma alta de 0,5 ponto no segundo trimestre em relação a janeiro e março deste ano. A demanda interna insuficiente, a taxa de câmbio e o alto custo de energia também dificultou a produção entre abril e maio deste ano.
A produção industrial permaneceu estável em junho de 2022, após um mês de crescimento elevado. O índice de evolução da produção registrou 50,1 pontos; muito próximo a linha divisória dos 50 pontos, o que significa que a produção apresentou estabilidade frente ao mês anterior. Em maio, o índice havia ficado em 53,6 pontos.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) manteve-se em 70% entre maio e junho de 2022. O percentual de junho de 2022 supera o percentual médio dos meses de junho desde o início da série mensal, em 2011, que é de 67,8%.
Estoques seguem inferiores ao planejado
O índice de evolução do nível de estoques foi de 49 pontos, abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que indica uma queda dos estoques em relação ao mês anterior. E o índice de estoque efetivo em relação ao planejado registrou resultado semelhante ao de maio, passando de 49,1 pontos para 49,2 pontos. Ao permanecer abaixo dos 50 pontos, o índice mostra que os estoques seguem inferiores ao planejado pelos empresários
Expectativas mais otimistas em julho
Todos os índices de expectativa de julho de 2022 relevam perspectivas positivas do empresário industrial. Os índices relativos às expectativas de demanda, quantidade exportada e compras de matérias-primas mostram, inclusive, perspectivas mais favoráveis que as de junho.
O índice de expectativa de demanda para julho de 2022 alcançou 59,6 pontos, maior valor desde setembro de 2021. Em relação ao mês anterior, o crescimento foi de 0,5 ponto.