A adoção de medidas simples de manejo dos rebanhos em propriedades leiteiras pode reduzir de 15% a 20% as emissões de gases do efeito estufa. A constatação faz parte de estudo realizado pela Embrapa, que considerou dados de 500 propriedades nos estados de Goiás, Minas Gerais e Paraná. Os resultados foram divulgados durante o 1º Seminário RS Carbon Free, realizado na manhã desta terça-feira (29), na Casa do Sindicato das Indústrias de Laticínio do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS) durante a Expointer, em Esteio (RS).

Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Luiz Gustavo Pereira (foto), a análise dos dados indica que ações básicas como nutrição adequada, tratamento de dejetos e controle sanitário têm impacto muito positivo, podendo reduzir consideravelmente as emissões, chegando, inclusive, a taxas de 60% em algumas localidades. “Se o produtor fizer a coisa certa, a tendência é ir baixando a pegada de carbono”, aponta. De acordo com Pereira, a chave da questão das emissões está em quantificá-las. “Precisamos mensurar a pegada de carbono ao longo do tempo. Temos identificado que, com práticas básicas, se consegue reduções de 15% a 20% ao ano em propriedades leiteiras comerciais”, reafirma.

Ao abrir o evento, Caio Vianna, presidente da Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL) e diretor secretário do Sindilat/RS, defendeu que a palavra para a virada ambiental é união, numa agenda que coloque os sistemas produtivos no mesmo compasso a fim de alcançarem as melhores práticas de proteção ao meio-ambiente, assumindo sistemas mais eficientes em resultados produtivos e ambientais. “Isso vai fazer a diferença, pois precisamos fazer esta transição para um modelo de futuro, para produzirmos alimentos de qualidade valorizando tudo o que a natureza nos fornece e ensina”, assinala.

Ao longo da manhã, foram realizadas seis palestras e uma mesa redonda. “Neste primeiro dia do seminário tivemos a participação de um público muito interessado em compreender qual o processo para esta virada de chave para a produção verde que, sem dúvida, está logo aí no horizonte e, não apenas dos tambos, mas para todos os sistemas da produção primária”, avalia Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindilat/RS.

Nesta tarefa, Fernando Cardoso, destacou que a Embrapa tem diversificado suas pesquisas nas seis unidades da empresa de pesquisa, Embrapas Pecuária Sul, Gado de Leite, Pecuária Sudeste, Trigo, Meio Ambiente e Clima Temperado, focado em tecnologia. “Confirmamos que teremos a oportunidade de aliar o desenvolvimento econômico à melhoria da eficiência do sistema de produção com sustentabilidade. Estamos demonstrando isso aos produtores, para que tenham melhores resultados aliados à preservação, este é o grande propósito”, afirma Cardoso.

Para Ayrton Pinto Ramos, diretor técnico do Sebrae/RS, outra faceta para o progresso dos sistemas de baixo carbono é a implementação dos avanços da tecnologia integrada aos sistemas de melhoria e produção, com incentivo para que se efetivem no campo. “Também não existe se trabalhar a sustentabilidade sem estar próximo ao desenvolvimento econômico. Esta sinergia é vital, também para outros avanços”, acrescentou. Na Casa da Indústria de Laticínios, espaço do Sindilat/RS na 46ª Expointer, também participaram da abertura dos trabalhos nesta terça-feira Mariana Tellechea, presidente da Associação Brasileira de Angus, e Eugênio Zanetti, vice-presidente da Fetag-RS.

A programação (veja abaixo) seguirá na quarta-feira (30/8), quando, ao final, está prevista a apresentação e a assinatura de protocolo sobre a cultura de carbono para o Rio Grande do Sul.

Programação 1º Seminário RS Carbon Free – 30 de agosto

9h: Abertura.
9h05min: Marjorie Kauffmann (SEMA): Estratégia Governamental para a Agenda do Clima do RS
9h20min: Alexandre Berndt (Embrapa Pecuária Sudeste): Estratégias para uma pecuária de baixo carbono.
9h35min: Jackson Freitas Brilhante de São José (Seapi): Plano de Agricultura de Baixa de Carbono do Rio Grande do Sul – Plano ABC+RS.
9h50min: Domingos Velho Lopes (Farsul): Os desafios do setor produtivo frente à economia verde e aos compromissos internacionais.
10h05min: Cimélio Bayer (UFRGS): Caminhos para uma agricultura de baixa emissão de carbono no RS.
10h20min: Walkyria Bueno Scivittaro (Embrapa Clima Temperado): Estratégias para a mitigação de emissões da lavoura de arroz
10h35min: Mesa redonda, mediador Caio Vianna (diretor-presidente da CCGL e diretor-secretário Sindilat/RS).
10h50min: Assinatura do protocolo estadual e encerramento.

Jardine Comunicação
Edição: Anelize Sampaio/Ascom Expointer

Publicidade

Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte