Há quem diga que o brasileiro não poupa dinheiro porque ganha pouco. E a ideia não está totalmente errada. O levantamento do Banco Mundial mostrou que existe, sim, uma forte relação entre renda e percentual de pessoas que fazem reservas. 

A última edição do estudo The Global Findex https://www.worldbank.org/ , organizado pelo Banco Mundial, mostrou que menos de 15% dos brasileiros pouparam no período de um ano. Entre os 140 países avaliados na pesquisa, ocupamos a 74ª posição. 

Certamente, esse ranking reflete o cenário econômico da população. A renda domiciliar per capita nominal mensal do brasileiro ficou em R$ 1.625 em 2022, segundo cálculos com base nas informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano de 2022, a renda domiciliar per capita mais alta foi registrada no Distrito Federal, de R$ 2.913, enquanto a mais baixa era a do Maranhão, R$ 814.

Contudo, o hábito do brasileiro de não guardar dinheiro é resultado de uma combinação de fatores que inclui até fatos históricos do nosso país.

Vamos voltar um pouco no passado.

Com a recessão causada pela ditadura militar e a posse de Fernando Collor em 1989, primeiro presidente eleito por voto direto na contemporaneidade, o Brasil se viu inundado em inflação e crise econômica. Nos anos 1980 e 1990 a preocupação das pessoas não era poupar. Era comer. A inflação era absurda, girava em torno de 80% ao mês. E quais consequências isso trazia? As famílias iam aos supermercados de manhã e, à noite, os preços já haviam subido. Poupar era um luxo! 

Além disso, o governo Collor também ficou conhecido pela famosa ação de confisco nas cadernetas de poupança. A ação fazia parte de um pacote econômico austero, que também retia a transação de depósitos bancários. 

 A crise da hiperinflação só foi controlada em 1994, com a implementação do Plano Real pela equipe de Fernando Henrique Cardoso. Com a chegada do novo plano, a inflação caiu e as famílias ganharam poder de compra. Naquele momento, elas também não pensavam em poupar porque tinham uma espécie de “demanda reprimida” por consumo. 

Elas estavam tendo, pela primeira vez, a possibilidade de comprar uma televisão, uma geladeira nova. Bens que nunca haviam tido. E, mais uma vez, poupar não era uma prioridade. Consumir, sim! 

Os governos seguintes contiveram a crise e expandiram a economia do país, fazendo com que o Brasil atingisse um dos crescimentos mais expressivos – quando o PIB bateu 7,5% em 2010. As linhas de crédito ficaram mais baratas e mais fáceis de se conseguir. Foi uma forma de estimular o aquecimento da economia interna, e as pessoas passaram a se endividar excessivamente. 

Depois, passamos por um período de crise, e a população, além de muito endividada, passou a perder os empregos. Aí, também não dava para pensar em poupar. A prioridade passou a ser conseguir um trabalho e pagar as dívidas.

Cerca de 70% da população que é adulta hoje vivenciaram os duros períodos de crise pós ditadura e gestão Fernando Collor. 

Por isso, especialistas indicam que a maioria da população ainda se lembra dos percalços daquela época, perpetuando tal comportamento para as gerações seguintes. 

 A desbancarização e a falta de conhecimento no mercado financeiro ainda é um grande entrave para o brasileiro.

Há uma grande parcela de integrantes das classes C, D e E, que possui um “distanciamento” do mercado financeiro. Muitas destas pessoas foram bancarizadas recentemente, principalmente nos últimos três anos, com o pagamento do Auxílio Emergencial na pandemia. E uma grande parcela desta população ainda não se familiarizou com instrumentos bancários.

Inegavelmente, há alguns motivos para esse distanciamento ser maior entre quem tem renda mais baixa. Muitos deles encaram que investimento é algo para quem tem muito dinheiro. Muitos não conhecem o sistema bancário e têm medo. Além disso, a falta de educação financeira ainda é um grande entrave.

Fatores comportamentais também devem ser levados em conta

Acabamos de ver que a questão financeira de ter pouco dinheiro, atrelada às questões históricas e culturais, além da falta de conhecimento e medo do mercado financeiro, fazem com que a maioria dos brasileiros não poupem dinheiro. Mas, não é só isso. O comportamento é fator decisivo no mento de poupar e investir.

Fomos treinados a gastar, a não pensar no amanhã. Contudo, agora te convido a mudar esse comportamento. Lembre-se da importância de ter uma reserva financeira para momentos de imprevistos e até para oportunidades. Comece com pouco, o valor não é o mais importante nesse momento. O desafio aqui é criar o hábito de poupar todo mês e separar esse valor para investir.

Certamente, com o passar do tempo você conseguirá, gradualmente, aumentar esse valor e seu comportamento de poupador já estará formado.

Duvida?

Então, comece já e depois vem me contar!

Até Breve!

Publicidade

Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte