O Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, é um dia global que celebra as conquistas sociais, econômicas, culturais e políticas das mulheres, e também marca um apelo às ações para acelerar a equidade de gênero e quebrar as várias barreiras que atrapalham essa evolução.

Imagine um mundo livre de preconceitos, vieses, estereótipos e discriminação. Um mundo diverso, equitativo e inclusivo, onde a diferença é valorizada e celebrada.

Margareth Goldenberg, gestora executiva do Movimento Mulher 360, explica o que significa quebrar barreiras quando falamos sobre o tema, e conta como o Movimento atua na transformação de um mundo menos desigual e favorável a oportunidades de trabalho iguais para todas as pessoas. Confira!

MM360 – O que significa quebrar barreiras quando falamos sobre equidade de gênero?

Significa ter consciência e agir para romper as barreiras culturais e estruturais, conscientes e inconscientes, que impedem ou atrasam o avanço da equidade de gênero na sociedade, nas relações e nas corporações. Em outras palavras, estamos falando de conscientizar e neutralizar seus vieses, e eliminar e se posicionar em relação aos estereótipos, preconceitos e vieses de outras pessoas que impactam fortemente as mulheres e suas oportunidades na jornada profissional.

Algumas destas barreiras que precisam ser quebradas são a pré-definição de papeis sociais para mulheres na sociedade, na família e no mercado de trabalho, e barreiras da maternidade que ocorrem quando ser mãe é percebido como falta de competência e compromisso. Para se ter uma ideia do impacto deste padrão de viés: mulheres com filhos têm 79% menos chances de serem contratadas do que mulheres sem filhos, e 100 % menos probabilidade de serem promovidas.

Outros padrões de vieses que impactam enormemente a avaliação e desenvolvimento das carreiras femininas, além da isonomia salarial, são o “prove novamente”, quando as mulheres têm de trabalhar o dobro para provar competência e existe um excesso de questionamento sobre o mérito, habilidade ou trabalho delas. Os homens, muitas vezes,são julgados pelo seu potencial, enquanto as mulheres são avaliadas pelas capacidades comprovadas. Há também a “corda justa”, quando a mulher deve escolher entre ser querida e ser respeitada. Quando os elogios são distorcidos, seja numa brincadeira ou na avaliação de desempenho. Geralmente, homens recebem adjetivos poderosos como forte, decidido, rápido, inteligente, líder, comprometido, resiliente. E mulheres são fofas demais ou dóceis demais ou agressivas e descontroladas demais.

MM360 – Como o Movimento Mulher 360 atua na transformação de um mundo sem preconceitos, vieses, estereótipos e discriminação? Como organizações, empresas e governos podem ajudar a quebrar barreiras e transformar nossa sociedade para que tenhamos existência livre e de oportunidades iguais para todas as pessoas?

Engajando profissionais de mais de 100 empresas no debate, na conscientização de todas estas barreiras e na ação em prol da equidade. Coletivamente, podemos ter uma compreensão mais aprofundada de quais são as barreiras que atravancam a jornada profissional feminina, e desenharmos iniciativas para fomento das melhores e mais efetivas políticas e práticas para aceleração desta jornada.

Nossas iniciativas visam fomentar, sistematizar e disseminar esta inteligência coletiva, além de advogar a causa e influenciar para que mais e mais empresas se envolvam genuinamente neste movimento. Desenhamos nossa atuação organizada em temas mensais, que traduzem os grandes desafios existentes nesta caminhada, e todas as atividades do MM360 se organizam em torno destes temas. Alguns temas previstos para 2022 são “Violência, Assédio e Discriminação contra as Mulheres” (o papel das empresas), “Papel dos Homens na Promoção da Equidade, Masculinidade Tóxica, Gênero e suas Interseccionalidades, como Incluir e Avançar, dentre outros.

Também realizamos Diálogos entre Associadas, Debates com CEOs, sistema de indicadores de monitoramento e gestão da equidade corporativa, e-books, podcasts, banco de práticas virtual exclusivo para as equipes das empresas associadas, além de outras atividades.

As empresas devem se educar no tema e compreender o quanto suas práticas, atitudes e decisões em relação às mulheres estão impregnadas de estereótipos, vieses e mitos. Por exemplo: “mulheres não aspiram cargos de liderança”, “maternidade reduz compromisso e competência” ,“mulheres não têm qualidades para liderar” e assim por diante!

Empresas podem e devem realizar campanhas e ações coletivas para fortalecer a necessidade de uma divisão mais justa dos papéis de cada gênero nas famílias e na sociedade. Tornar seus processos mais inclusivos em todo o ciclo de vida das colaboradoras, da atração, seleção e recrutamento até o desenvolvimento, promoção e retenção das profissionais. Valorizar as profissionais e conscientizar os homens sobre a importância da colaboração deles. Com mais consciência sobre a equidade de gênero, a importância disto para a sociedade, pessoas e negócios estarão abertas à mudança, e conseguiremos superar os entraves e avançar para um mundo mais equitativo e justo.

Não basta dizer que é a favor da equidade, temos que agir por ela!

MM360 – Por que é importante termos aliadas, aliados e aliades nessa conscientização?

Porque precisamos não só de mulheres para fazer esta transformação, mas de homens também, e principalmente! E de um olhar interseccional para as mulheres, para incluir todas elas nesta mudança: mulheres de todas as raças e etnias, com e sem deficiência, jovens e seniors, mulheres lésbicas, bissexuais, trans e intersexo. Todas, todes e todos… É uma transformação que exige toda a sociedade engajada, e não somente parte dela.

MM360 – Como as pessoas podem se educar para evitar comportamentos preconceituosos inconscientes?

Todas, todos e todes nós somos preconceituosos, e temos vários preconceitos, vieses inconscientes e estereótipos que prejudicam, ou favorecem, alguém ou algum grupo, e que geram resultados negativos ou positivos. Estas barreiras impactam diretamente o nosso cotidiano pessoal e profissional. E a neurociência nos ajuda a compreender porque isso acontece. Afinal, o que são os vieses inconscientes?

Nosso cérebro precisa lidar com muitas coisas ao mesmo tempo, são milhares de informações por segundo, e para dar conta de tudo, ele cria padrões que considera mais importantes em forma de “atalhos”, para que então possa reconhecê-los rápida e automaticamente; é o que chamamos de piloto automático (nosso sistema 1, inconsciente, rápido, e que gasta pouca energia para utilização). O problema é que esses vieses, em outras palavras, atalhos que são naturalmente tendenciosos, pois são adquiridos com base em nossas vivências, cultura, educação, relações, ambiente e aprendizados, formam o sistema de crenças que define nossos comportamentos.

É por isso que temos a tendência e a preferência de nos aproximarmos de pessoas que sejam mais parecidas conosco, e com elas criarmos uma conexão e aprovação mais rápida. O problema é que a recíproca é também verdadeira; temos uma forte tendência a nos afastar de pessoas que são diferentes ou com as quais criamos um “preconceito automático” e inconsciente. Em outras palavras, é praticamente impossível evitar o viés inconsciente, mas é plenamente possível pensar sobre ele, e decidir que fim daremos a este pensamento. O primeiro passo para neutralizar estes vieses é tomar maior consciência e aprender a lidar com eles, porque se deixarmos que o “preconceito automático” naturalmente influencie e defina nossos pensamentos e comportamentos, seremos, muitas vezes, injustos e tendenciosos, com as mulheres e outros grupos sub-representados.

O segredo então é começar a separar algum tempo para pensar sobre os nossos pensamentos, algo que normalmente não fazemos no dia a dia. Enfim, pensar sobre os vieses inconscientes, e questioná-los, porque nenhum deles é uma verdade absoluta, apesar do seu cérebro achar que sim. E, ao tornarem-se conscientes e questionados, com o tempo, novos “atalhos”, agora menos tendenciosos e preconceituosos, tendem a se formar.

MM360 – Como aderir à campanha #QUEBRANDOBARREIRAS?

Celebrando a conquista das mulheres. Aumentando a conscientização contra o preconceito. Agindo pela equidade. Individualmente, somos todas, todos e todes responsáveis por nossos próprios pensamentos e ações – o dia todo, todos os dias. Podemos quebrar barreiras em nossas comunidades, em nossos locais de trabalho, nas nossas escolas, faculdades e universidades.

Juntas, juntos e juntes, nós podemos quebrar o preconceito, vieses e estereótipos em relação às mulheres no Dia Internacional da Mulher e em todos os outros dias do ano.

Saber que os vieses existem não é suficiente, é necessária ação para nivelar o campo de jogo.

Você está dentro? Denunciará ativamente o preconceito de gênero, a discriminação e os estereótipos toda vez que os testemunhar? Você vai ajudar a quebrar as barreiras? Então cruze os braços para mostrar solidariedade. Faça a pose da campanha #QuebrandoBarreiras e compartilhe sua imagem ou vídeo nas mídias sociais usando as hashtags #QuebrandoBarreiras #BreakTheBias #8M #MM360 #IWD2022 para incentivar mais pessoas a se comprometerem a ajudar a criar um mundo inclusivo, justo e equitativo.

Para acessar e baixar os materiais da campanha, clique em https://bit.ly/3vFzh2n.

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