“De um lado, eles querem usar uma dívida não paga para arcar com novos custos, e de outro vão tirar verba da educação”
Nesta segunda-feira, o governo anunciou a criação de um novo programa social, o Renda Cidadã. Segundo o presidente Jair Bolsonaro, o projeto será implementado no lugar do Auxílio Emergencial e do Bolsa Família, sendo financiado com o redirecionamento dos pagamentos de precatórios e do Funded. No entanto, após o comunicado, o mercado financeiro não reagiu bem e a bolsa de valores brasileira voltou a cair. Em meio a essa repercussão negativa, o presidente contestou não outra opção para a situação dos cerca de 20 milhões de brasileiros que dependem dos benefícios do auxílio temporário e terão esse apoio retirado no começo de 2021.
De acordo com Pedro Paulo Silveira, Economista-Chefe da Nova Futura Investimentos, esse programa não caiu bem para o mercado porque os precatórios são dívidas que o governo já precisava pagar há muito tempo. “Antes, eles já tinham solicitado um pedido para adiar essas dívidas, mas a justiça não autorizou. Agora eles querem tentar adiar novamente para arcar com os custos deste Renda Cidadã. Sendo assim, a percepção de risco em relação ao país está muito ruim. Quem vai querer emprestar dinheiro para o Brasil se o governo, em que num nível de relação com a justiça, renega seus próprios pagamentos? Assim apenas aumenta a percepção de risco, fazendo com que os descontos dos preços dos ativos aumentam e consequentemente despenquem. Desta forma, a Bolsa recua, o real cai, o dólar sobe e a taxa de juros aumenta. Foi o que aconteceu nesses últimos dias, uma correria contra ativos brasileiros”, explica.
Para o Economista-Chefe, a questão do Fundeb pode até ter sido deixada um pouco de lado, no entanto, também causou impacto. “Para um país que quer crescer, fazer isso com verba de educação é no mínimo uma incoerência. Inclusive, está no programa do governo e do Paulo Guedes ter a educação como um elemento importante para a redução do atraso. Portanto, isso gera uma frustração no mercado também. Com o desespero para pegar verbas para fazer essa programa, que é fundamental para a reeleição do presidente em 2022, o governo cria um problema desse nível. Graças a isso, muita gente tem chamado isso de pedalada fiscal. De um lado, eles querem usar uma dívida não paga para ar car com novos custos, mas deixando-as de pagar estão dando calote duplo, e de outro vão tirar verba da educação, algo fundamental para o crescimento do país”, completa.
Sobre a Nova Futura Investimentos
Sócia-fundadora da BM&BOVESPA, a Nova Futura Investimentos, foi fundada em 1983, atua nos mercados de commodities, renda fixa, renda variável e seguros. Com presença nacional, a instituição financeira conta com 21 escritórios espalhados por diversas cidades do país. Ao longo de mais de três décadas de existência, se consolidou como uma das maiores e mais independentes casas de investimentos do Brasil.
Com tradição no mercado institucional, vem se tornando referência no varejo, oferecendo a mesma qualidade já ofertada ao mundo empresarial agora também para pessoas físicas. Em 2017, confirmando a tradição de excelência, a corretora recebeu o selo Nonresident Investor Broker, que reconhece a estrutura organizacional e tecnológica especializada na prospecção de clientes, prestação de serviços de atendimento consultivo assim como execução de ordens e distribuição de produtos da BM&FBovespa para investidores não residentes.