Contexto: Banco do Brasil apresentou um crescimento e estabilidade de rentabilidade impressionante ao longo dos últimos anos, muito impulsionado pelo desempenho da sua carteira agro e resiliência do cliente funcionário público. Essa dinâmica fez com apresentasse um gap relevante de rentabilidade vs os seus pares privados, a exceção foi o Itaú, dando grande destaque ao Banco. Contudo, dado os problemas enfrentados ao longo deste último ano, notamos uma deterioração relevante das condições financeiras do cliente agro, sobretudo do produtor de soja, o que começou, a partir do 2T24 a impactar de forma acelerada a inadimplência. Somado a isso, tivemos deterioração do CET1 e impactos relevantes da Res 4.966.
Crédito
•Carteira: ampliada teve crescimento de 6,1% no T/T e 11,7% no A/A), topo do guidance. Esse desempenho é quebrado por crescimento menor em P.F, com +7,3% A/A, muito pautado na carteira de consignados, mostrando de-risking ao longo do ano. Em P.J notamos crescimento de 15,7% (excluindo a carteira de governo) no ano, esse número foi muito impulsionado pelo crescimento da carteira de TVMs, com expansão de 33,4% no ano (majoritariamente grandes empresas). Por fim, no segmento Agro notamos crescimento de 11,9% no ano, valor dentro do guidance de 11~15%.
•Dado o perfil mais seguro do portfólio, notamos uma do nível de spreads, atingindo 7,70% vs 7,95% do 3T24 e 8,49% do 4T23. Já o spread ajustado ao risco mostrou estabilidade ou melhora versus os demais períodos, com 4,22% no 4T24 vs 4,03% do 3T24 e 4,22% do 4T23.
•A margem financeira bruta cresce 4,0% vs 4T23 e 3,6% vs 3T24. Os fatores mais relevantes foram os spreads de crédito menores e um forte desempenho da margem com mercado, com crescimento de 6,9% vs 4T23 e +17,3% vs 3T24 – este desempenho decorre em função de uma SELIC mais favorável e um bom resultado de tesouraria no tri.
•O nível de provisões, a despeito do cenário turbulento, apresentou redução de 8,2% vs 3T24 e 7,2% vs 4T23.
•A inadimplência ficou estável no tri, atingindo 3,3% no 4T23 e com aumento de 40bps vs 4T23. Tal resultado foi obtido com uma redução da inadimplência de PF (-37bps T/T, 4,66%) e também de PJ (-7bps T/T, 3,51%), compensando um aumento no agro de 48bps T/T, 2,45%. Apesar de uma inadimplência estável, notamos um aumento relevante das carteiras renegociadas e roladas, com + 5% e +19% respectivamente vs 3T24.
Serviços
R$ 9,2bi no tri, crescimento de 1,1% no T/T, e 5,1% no A/A. Os maiores contribuidores foram a linha de administração de fundos, seguros, prev e capitalização, consórcios e operações de créditos e garantias. Por outo lado, notamos quedas relevantes das rendas de cartões na comparação anual (-19,2%), o que conversa com o movimento visualizado na carteira. A linha de serviços cresce abaixo da evolução da carteira ampliada.
Despesas
Despesas administrativas: R$ 9,5 bilhões, crescimento de 1,4% no T/T e 4,4% no A/A. Um dos bons destaques do trimestre, com evolução abaixo dos pares e da inflação. O management afirma que segue investindo em tecnologia, mesmo com este pequeno crescimento de despesas.
CET1 de 10,89% (-88bps T/T). Queda relevante, sobretudo pela marcação de TVM por abertura da curva de juros, bem como um RWA maior. Além disso, devemos ver pressões ao longo de 2025 da Res 4.966, que deve consumir mais 70bps de CET1 dividido ao longo de 4 anos. O banco, entre os incumbentes, é o que mais foi afetado pela resolução, devendo apresentar uma redução de 5,3% do PL no horizonte de 4 anos definido pelo BC.
Para frente, é preciso ponderar: (i) Crescimento de carteira (aumentando rwa); (ii) possível pressão de inadimplência (aumento do rwa); (iii) implementação da res 4.966 (-0,17bps em Jan/25 no CET1); (iv) Mudanças na curva de juros (agora favorecendo, ajudando a offsetar os demais vetores) e; (v) geração de lucros (ajuda CET1).
Lucro Líquido e ROE:
O Banco do Brasil reportou um lucro líquido ajustado de R$ 9,58 bilhões no 4T24, crescimento de 1,4% no A/A e 0,7% no T/T, com um ROE de 20,8%. No consolidado do ano, o lucro líquido ajustado foi de R$ 37,9 bilhões, aumento de 6,6% A/A
Dividendos & Guidance 2025
•Anuncio de dividend yield de 1,6%. Dividendos anunciados no LTM correspondendo a ~9,5% de yield, elevado versus demais oportunidades do Ibovespa.
•Payout: Alterado de 45% para 40-45% para 2025, podendo sinalizar maiores preocupações com o nível de CET1 a frente.
•Lucro líquido esperado: R$ 37-41 bilhões (+3% A/A no ponto médio), ou seja, ainda é esperado bom nível de rentabilidade, acima da maioria dos demais incumbentes.
•Crescimento da carteira de crédito: 5,5-9,5%, abaixo dos 11,7% registrados em 2024
•Provisões esperadas: R$ 38-42 bilhões, já considerando os efeitos da Resolução 4.966
Preço:
0,91x BV E 4,69x Lucro. Este patamar de precificação é atrativo, mas fica em linha ou um pouco acima do que o banco vem transacionando ao longo dos últimos anos.
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NÃO SE TRATA DE RECOMENDAÇÃO DE COMPRA OU VENDA
O post Por dentro dos resultados do 4T24 do Banco do Brasil (BBAS3) apareceu primeiro em SmallCaps.com.br.