O mercado, o setor varejista e consumidores foram pegos meio de surpresa com a divulgação no fim de junho, da parceria do AliExpress (do Alibaba BABA34) com a brasileiríssima Magazine Luiza (MGLU3). Os produtos do site chinês da linha “Choice” serão vendidos no Brasil por meio da plataforma de marketplace da Magalu. 

De acordo com o comunicado que o AliExpress fez à época, essa linha representa o serviço de compras premium da empresa chinesa, que inclui produtos com “o melhor custo-benefício e velocidade de entrega”. A expectativa é que a parceria comece no fim deste ano, entretanto, as negociações começaram no ano passado, segundo as empresas.

Segundo a XP Investimentos, ambas as plataformas estarão sujeitas à cobrança de um take-rate pré-acordado. “Em termos fiscais, todas as compras internacionais vão aderir ao programa ‘Remessa Conforme’, estando sujeitas à taxa de imposto de importação de 20% recentemente aprovada”. Em termos de logística, a Magalu deve continuar a entregar todas as compras 1P, ou seja, venda direta para o consumidor final pela internet; enquanto os SKUs (tipo de estoque) internacionais serão tratados pelo AliExpress, modelo que pode ser revisto pela diretoria.

“Vemos o anúncio como um movimento positivo da MGLU, pois expande rapidamente o alcance da empresa nas categorias cross-border de cauda longa, ao mesmo tempo em que abre um novo canal de vendas para o 1P. Mantemos nosso Neutro em um cenário macro ainda difícil”, comentam os analistas da XP.

Além disso, eles acreditam que essa parceria sinaliza que o cenário competitivo. As perspectivas de crescimento dos marketplaces estrangeiros estão mais desafiadores no país, com a consolidação como um movimento para lidar com o imposto de importação recentemente aprovado e a chegada de Temu.

Relação “mutualística”

Para o time da Genial essa relação Magalu-AliExpress é, biologicamente falando, uma “mutualística”. “Enxergamos que o acordo traz uma relação de ganha-ganha em ambos os lados para o Magazine Luiza – tanto na visão onde o AliExpress comercializa os seus produtos Choice dentro do marketplace do Magalu, quanto na visão onde a companhia é o seller, atuando dentro da plataforma chinesa”, afirmam os analistas.

De acordo com eles, o dropshipping deve retroalimentar a cadeia de produto e fluxo de venda. “Ao disponibilizar SKU’s de ticket mais baixo, o Magazine Luiza deve aumentar a penetração de itens de cauda longa em seu marketplace à medida em que traz maior fluxo de clientes à sua plataforma, convertendo-os em venda e “margem Ebitda na veia”.

Dessa forma, conforme a visão da Genial, a Magalu será remunerada por um percentual do produto vendido, o take-rate. “Entendemos que neste ponto, o AliExpress arcará com toda a operação logística. Dessa forma, Magazine Luiza não dispenderá de custo logístico, o que traz um unit economic positivo para a varejista nacional, uma vez que toda receita comissionada é convertida em lucro operacional.”

Para os analistas da Genial, esse take-rate não deve  exceder a média praticada pela empresa, em torno de 15%, segundo as estimativas. “Como o custo logístico é do AliExpress, a taxa remunerada só deveria alcançar esse patamar no caso de a plataforma chinesa investir em ADS (advertising) para melhorar o posicionamento de seus produtos no super-app do Magalu.”

Outra análise da Genial é que o units economics também deve ser positivo para o Magazine Luiza. “Atuando como seller no AliExpress, Magazine Luiza deve deixar a comissão na mesa para a plataforma chinesa e também operar a cadeia logística de entrega, o que pressionaria a margem bruta da companhia”, defendem os analistas.

Entretanto, eles ressaltam que é preciso incluir nesta conta a questão de despesas de marketing. “Apesar de enxergarmos uma pressão na margem bruta, a margem Ebitda seria compensada pela não necessidade de investimento em marketing para a venda de produtos. Com isso, nessa visão, o unit economics também é positivo e contribui para maior alavancagem operacional da companhia.”

E o inimigo? Conforme a Genial, a parceria tem potencial de elevar a competitividade do canal de marketplace para as duas empresas no setor. “Isso pode vir a ser uma futura dor de cabeça para o invicto líder do on-line brasileiro, Mercado Livre (MELI34).”

As ações da Magalu (MGLU3)

Os papéis do Magazine Luiza (MGLU3), que subiram mais de 13% em maio e acumulam ganhos de quase 40% em 2023. Segundo a XP, o ativo MGLU3 se recuperou 78,4% desde as mínimas, mas ainda acumula perdas de 92,2% em relação às máximas alcançadas nos últimos três anos. Para alcançar essa recuperação, os papéis precisam subir mais de 620%, enquanto analistas ainda veem cenário de cautela para a recuperação das ações da empresa.

O esperado 2T24

Entre os dias 22 de julho e 14 de agosto, grandes nomes do varejo como Magazine Luiza (MGLU3), devem se destacar com a divulgação dos resultados do 2T24. Sobre Magalu e MELI, a projeção do Itaú BBA é essa:
E-commerce: Mercado Livre (MELI34) deve registrar robusto crescimento de receita de 32% anual, apesar dos desafios na Argentina. Magazine Luiza (MGLU3) mantém tendências positivas com crescimento de 15% nas vendas nas mesmas lojas e melhoria na margem Ebitda.

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