A saúde do setor industrial de manufatura brasileiro melhorou em março, com as empresas informando uma recuperação nos números de novos pedidos e produção. Houve também aumento das atividades de contratação e compras de insumos. Apesar de alguns sinais de recuperação, as empresas estavam menos esperançosas em relação às perspectivas de crescimento, pois o otimismo foi reduzido por problemas recorrentes nas cadeias de suprimentos, pela guerra da Rússia contra a Ucrânia e pressões inflacionárias. Os índices de preços subiram no final do primeiro trimestre, o que aponta para uma inflação crescente na economia.

O Índice Gerente de ComprasT (PMI®) referente ao setor industrial de manufatura brasileiro, ajustado sazonalmente pela S&P Global, era de 52,3 em março, o que sinalizou novamente uma melhoria nas condições de negócios. O índice geral, registrou 49,6 em dezembro, a maior alta de seis meses, mas o crescimento foi insuficiente para compensar as contrações observadas anteriormente em 2022. De fato, o PMI permaneceu abaixo de 50 (em média) no primeiro trimestre.

Os pedidos de fábrica aumentaram pela primeira vez após seis meses, fato que os participantes da pesquisa atribuíram ao fortalecimento da demanda, à conquista de novos clientes e aos esforços de reposição de estoque. A taxa de aumento de novos negócios foi moderada, mas ultrapassou sua média de longo prazo.

Por sua vez, o aumento das vendas impulsionou os volumes de produção, com o índice de produção crescendo pela primeira vez desde setembro passado. Embora moderada, a taxa de crescimento estava acima da tendência.

As empresas permaneceram confiantes de que o índice de produção aumentaria no ano seguinte. Apesar disso, o nível geral de sentimento positivo caiu para o valor mais baixo desde outubro passado. Evidências indicaram que o otimismo foi refreado por uma maior incerteza em relação às pressões de preços, escassez de insumos, instabilidade econômica e guerra Rússia-Ucrânia.

As pressões inflacionárias ganharam velocidade em março, depois dos últimos meses de queda. Em 2022, os custos de insumos atingiram o maior patamar já registrado, supostamente devido à guerra na Ucrânia, força do dólar americano e descompasso entre a demanda e a oferta de insumos.

Como consequência, os preços de fábrica aumentaram novamente. A taxa de inflação dos preços de produção subiu para uma alta de sete meses e ultrapassou, em muito, sua média de longo prazo.

Apesar dos elevados preços de insumos, em paralelo com as previsões de novos aumentos durante os próximos meses, os fabricantes compraram matérias-primas e bens semiacabados adicionais. A retomada das compras também foi atribuída aos esforços de proteção contra a escassez de insumos, pois havia a preocupação de que o aumento dos casos de COVID-19 na China e a guerra Rússia-Ucrânia restringiriam ainda sua oferta.

As empresas relataram novamente dificuldades em receber em tempo hábil os insumos que compraram. Os prazos de entrega dos fornecedores aumentaram, ainda mais estendidos do que em fevereiro. Em março, no entanto, à medida que as antigas compras eram entregues, os estoques de insumos também se tornaram maiores. Foi o primeiro aumento em três meses. Porém, de modo geral, foi apenas moderado.

Os estoques de produtos finais também aumentaram. Em março, houve o crescimento do número de empregos no setor industrial de manufatura, em meio a relatos de melhora da demanda e reajustes nos processos envolvendo funcionários.

Embora moderado, o índice de emprego cresceu com a maior velocidade desde outubro de 2021. Os esforços de expansão da capacidade contribuíram para mais uma redução dos negócios pendentes. A queda nos pedidos em atraso foi notória e a mais acelerada em aproximadamente dois anos. Por fim, os últimos dados apontam para uma nova redução do número de novos pedidos de exportação aos fabricantes de produtos brasileiros. A queda foi frequentemente atribuída à inflação global e reduzida demanda internacional.

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