Em fevereiro de 1971, estive em Caracas durante quase uma semana. Chefiava a delegação do Fluminense que disputou, com o Deportivo Itália e o Galícia, dois times locais, uma das chaves da Copa Libertadores da América.
O curioso é que enfrentamos um engarrafamento de trânsito ao chegar e ele perdurou (com exceção das madrugadas) durante todo o tempo de nossa estadia.
Pudera!
Os carros na Venezuela eram muito baratos (podiam importar veículos usados dos Estados Unidos) e a gasolina, praticamente de graça. O país era um dos maiores produtores mundiais de petróleo.
Em 1973, veio a guerra do Yom Kippur e o país, um dos fundadores da OPEP, enricou, embora com uma renda pessimamente distribuída.
Enquanto isso, o Brasil produzia somente 20% de seu consumo, com a extração de petróleo no Recôncavo Baiano.
Transcorrido quase meio século, hoje o Brasil (tendo descoberto as reservas submarinas da bacia de Campos e desenvolvido a prospecção da camada de pré-sal, além da Petrobras praticar preços internacionais), tornou-se o nono produtor mundial.
Por sua vez, a Venezuela, detentora das maiores reservas mundiais provadas, caiu para a 12ª posição, (des)graças aos desgovernos bolivarianos (seja lá o que isso significa) de Hugo Chávez e Nicolás Maduro.
Agora a situação poderá mudar, em nosso desfavor.
Enquanto o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva diz que irá vender, no mercado interno, combustíveis baseando-se no preço de extração (muito abaixo da cotação internacional), Maduro inicia um acordo com a Chevron americana, dando início à recuperação da enorme capacidade produtiva do país, com o nihil obstat do governo Joe Biden e da oposição venezuelana.
Ivan Sant’Anna
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