Na última sexta-feira (19), o conselho de administração da Petrobras (PETR3)(PETR4) votou para distribuir 50% dos dividendos extraordinários aos acionistas da empresa. Segundo a análise do conselho, respaldada por informações da Diretoria Financeira e de Relacionamento com Investidores, essa distribuição não afetaria negativamente a saúde financeira da companhia.

A proposta do conselho será submetida à Assembleia-Geral Ordinária, marcada para a próxima terça-feira, 23 de abril. Caso seja aprovada, essa medida resultará na distribuição de aproximadamente R$ 22 bilhões em dividendos para o mercado.

De acordo com Peterson Rizzo, especialista em investimentos da Multiplike, como acionista majoritário da empresa, o governo recebe uma parte substancial dos dividendos, contribuindo para o orçamento federal e o financiamento de programas governamentais. “Essa receita é crucial para auxiliar na redução do déficit primário e no cumprimento das metas fiscais, tendo um impacto significativo na estabilidade econômica do país”, diz.

Segundo ele, dividendos consistentes da estatal podem fortalecer a percepção de estabilidade fiscal e econômica do Brasil, atraindo investimentos estrangeiros e melhorando a classificação de crédito do país.

“Isso beneficia o governo tanto em termos de reputação quanto de capacidade financeira, proporcionando mais recursos para suas iniciativas e responsabilidades”, explica.

O executivo lembra que a intervenção do governo na Petrobras é significativa devido ao seu controle sobre questões inflacionárias, especialmente no setor de combustíveis, e à sua influência política e popularidade.

“Além disso, o governo exerce controle sobre os investimentos da estatal, que afetam várias cadeias produtivas, especialmente os serviços”, ressalta.

Sobretudo, em março, a estatal havia anunciado sua intenção de reter 100% da remuneração extraordinária, além do mínimo obrigatório, referente a 2023, totalizando R$ 43,9 bilhões, para reinvestimento no negócio. 

Em 2022 a Petrobras foi a segunda maior pagadora de dividendos do mundo, ficando atrás apenas da mineradora anglo-australiana BHP. “No entanto, em 2023, saiu da lista das 20 maiores pagadoras de dividendos do mundo, refletindo mudanças em sua estratégia ou desafios enfrentados pela empresa”, frisa Rizzo.

Fabio Murad, sócio da Ipê Investimentos, reforça que a companhia figura entre as maiores distribuidoras de dividendos do mundo devido ao seu desempenho financeiro sólido, sua posição dominante no setor energético do Brasil e sua política generosa de proventos.

“A companhia pode ser um ativo atrativo para os investidores devido aos seus consistentes retornos de dividendos. Além disso, sua atuação em um setor essencial para a economia global pode oferecer certa estabilidade”, indica Murad.

Acontece que a petroleira é uma empresa de capital aberto controlada pelo governo. Portanto, suas decisões financeiras têm repercussões diretas na economia nacional. “Os investidores devem estar cientes dos riscos associados, como a volatilidade dos preços do petróleo e possíveis implicações políticas”, declara.

Performance das ações

A Petrobras tem duas ações disponíveis para o investidor, sendo a PETR3, ordinária, cuja performance aponta para uma valorização de 41,48% nos últimos 12 meses, cotada nesta data a R$ 42,72, bem como a PETR4, ordinária, cuja performance aponta para uma valorização de 49,01% nos últimos 12 meses, cotada nesta data a R$ 40,53.

Para André Colares, CEO da Smart House Investimentos, os dividendos da estatal contribuem para melhorar o balanço fiscal do governo, especialmente em momentos em que há necessidade de aumentar as receitas.

Em relação ao investidor, ele pontua que a petroleira enfrenta uma considerável intervenção governamental devido ao seu impacto estratégico e político na economia nacional.

“Questões como os preços dos combustíveis têm implicações diretas na inflação e no custo de vida, tornando a empresa um ponto focal durante períodos de eleições e instabilidade econômica. O governo pode intervir na gestão da empresa para alinhar a política de preços com objetivos políticos e econômicos mais amplos, o que por vezes pode entrar em conflito com os interesses de maximização de lucros e eficiência corporativa”, diz.

Ainda assim, a companhia é reconhecida por ser uma das principais distribuidoras de dividendos no setor de energia, devido à sua produção substancial e custos relativamente baixos de extração.

“No entanto, sua classificação entre as 10 maiores distribuidoras globais pode variar anualmente com base em diversos fatores, incluindo políticas internas, preços internacionais do petróleo e desempenho financeiro da empresa. Sua política de dividendos é altamente competitiva, mas comparações precisas exigem análise de dados financeiros atualizados”, frisa Colares.

Isso implica – segundo ele, que o investimento na Petrobras está sujeito a riscos associados à volatilidade dos preços do petróleo e à intervenção política.

“Para investidores que buscam renda regular e têm tolerância ao risco associado à política econômica brasileira, a Petrobras pode ser uma adição valiosa à carteira”, conclui.

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