A inteligência é um conceito complexo. Uma pessoa inteligente não tem apenas uma memória excelente, facilidade de aprendizado e capacidade de realizar cálculos. O indivíduo verdadeiramente sábio parece acumular habilidades cognitivas, emocionais e sociais. E como se desenvolvem essas competências? Com certeza não é se autoproclamando o dono ou dona da razão.

É por isso que eu costumo dizer que pessoas inteligentes querem aprender, não querem ter razão. Eu já vi indivíduos extremamente bem formados e talentosos sucumbirem no mercado de trabalho por causa de uma atitude mental rígida, uma inflexibilidade e dificuldade em ouvir os outros, que tornam o convívio simplesmente insuportável. Falta empatia e sobra arrogância, ao mesmo tempo que essa necessidade de estar com a razão reflete certa ingenuidade, pois é baseada na crença de que é possível atingir a perfeição.

Pessoas incapazes de exercitar a autocrítica tendem a enxergar o mundo de forma unilateral, evitam pedir ajuda e conselhos e são as mais resistentes a mudanças. Qualquer nova informação ou perspectiva representa uma ameaça às convicções.

Para piorar, na maioria das vezes, essa atitude quase intolerante é consequência de uma insegurança absurda e uma forte necessidade de validação de suas próprias ideias e crenças. Pessoas assim costumam responder discordâncias com agressividade e defesa excessiva das próprias opiniões, ainda que sem dados que as comprovem. A cereja do bolo é a dificuldade em admitir erros: os donos da razão morrem de medo de parecer fracos.

Na minha opinião, as pessoas inteligentes são aquelas que adotam uma mentalidade de crescimento e que enxergam os erros como oportunidades de aprender alguma coisa sobre si, sobre o outro e sobre o mundo ao nosso redor. Elas têm inteligência emocional acima de tudo. Encaram os erros como parte do processo, assumem responsabilidades, reconhecendo que é possível evoluir a partir de escolhas e ações conscientes. A chave para o aperfeiçoamento pode estar justamente em desconstruir o status quo e desenvolver autocompaixão.

Para quem tem interesse nesse assunto, eu recomendo a leitura dos trabalhos do psicólogo cognitivo e educacional americano Howard Gardner, que atua na Universidade de Harvard, e estuda as inteligências múltiplas. Ele possui vários livros famosos como “Mentes que Lideram”, “Mentes que Criam”, “Mentes Extraordinárias”, “O Verdadeiro, O Belo e O Bom”, entre outros.

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Se tornar uma pessoa mais inteligente é possível ao criar um ambiente favorável para o crescimento, cercando-se de outros indivíduos que valorizam a troca, fornecem feedbacks generosos e que também admitem suas falhas.

O passo mais importante, no entanto, é parar de fugir de conflitos. Ninguém desenvolve pensamento crítico vivendo dentro de uma bolha. Os conflitos são desconfortáveis porque nos obrigam a enfrentar e forçar nossos limites, encarar nossos medos e inseguranças. É só por meio de discussões saudáveis que se desenvolvem habilidades de negociação, mediação e comunicação, aprofundando relações interpessoais e fortalecendo laços.

Conflitos são oportunidades de desenvolver adaptação e flexibilidade para lidar com os obstáculos de um mundo em constante transformação, fortalecer a resiliência para superar adversidades, ampliar nossa visão de mundo sobre a diversidade de pensamentos e experiências e, por fim, expandir nossa própria autoconsciência.

Na próxima vez que você se envolver em uma discussão, ainda mais nas redes sociais, repletas de indivíduos que querem ter sempre razão, eu quero te convidar para verdadeiramente aceitar a opinião do outro e treinar sua capacidade de pensar fora da caixa. O futuro está aí precisando de pessoas capazes de solucionar problemas com criatividade e inovação. Não se combatem novos desafios com velhas ideias.

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