Hoje vamos falar de uma pessoa que talvez viva dentro da sua casa. Talvez seja um parente ou melhor amigo. Muitas vezes é um funcionário ou colega de trabalho. Na pior das hipóteses, essa pessoa é você. De quem eu estou falando? Da pessoa certa, mas que está sempre fazendo tudo errado.

Você já ouviu aquele ditado que diz: “Errar é humano, mas persistir no erro é burrice”? A pessoa certa que sempre faz tudo errado não consegue quebrar o ciclo de equívocos, coleciona experiências de confusão e está constantemente metendo os pés pelas mãos. Existem alguns motivos para que isso aconteça.

Os seres humanos possuem a tendência de buscar informações que confirmem suas próprias crenças. Esse comportamento é chamado de viés de confirmação. Aqueles que insistem em cometer sempre os mesmos erros costumam ter uma dificuldade maior em questionar suas ideias e acabam ignorando as evidências de que estão no caminho errado. Outra distorção comum a todos é o viés cognitivo, um padrão de pensamento pré-concebido, que afeta a percepção da realidade e a avaliação de riscos. É o que faz, por exemplo, pessoas inteligentes tomarem decisões ruins por influência do grupo.

No entanto, não são apenas fatores psicológicos que fazem indivíduos preparados cometerem enganos. Na minha vida o que eu mais vi foram pessoas certas incorrendo em imprecisões por deficiências emocionais. Por orgulho ou desejo de preservar uma imagem imbatível, muitos não admitem os próprios erros e preferem seguir defendendo resoluções equivocadas, ainda que confrontadas por evidências contrárias. A falta de autoconhecimento cega o indivíduo para seus próprios comportamentos e padrões. Ainda que seja um gênio da sua área, ele não enxerga os próprios defeitos.

O erro persistente também pode estar entranhado no medo de transformação que aquela pessoa sente. Para alguns, é mais fácil permanecer em um caminho sabidamente ruim do que abraçar a mudança. Essa situação é mais comum do que parece. É o que faz trabalhadores talentosos, que sabem o que querem da vida, ficarem estagnados em postos de trabalho, em relações profissionais e empresas que não lhe fazem bem.

Também é importante relacionar os fatores externos que prejudicam as tomadas de decisão. Um deles é o contexto social. Em alguns casos, a pressão do grupo e normas socioculturais impõem suas regras sobre os indivíduos. A vontade de pertencer, de se encaixar, de atender às expectativas é muito humana. Alguns indivíduos nunca serão livres-pensantes enquanto não se afastarem dos ambientes extremamente moduladores em que vivem.

A dissonância cognitiva que faz uma pessoa não encarar os próprios erros também pode ser motivada por uma falácia de custo irrecuperável. Depois que ela investe tempo, esforço e recursos em uma tarefa, pode ser difícil abandonar essa escolha. Ela prefere persistir no engano do que enfrentar uma sensação de desperdício.

Para finalizar, acho que também vale citar brevemente que pessoas certas fazem tudo errado quando desconhecem as ferramentas necessárias para corrigir um problema, quando possuem uma mentalidade de vítima muito forte, que resulta em certa passividade, e quando o viés de negatividade se transforma em apatia.

Em nossas vidas, todos vamos enfrentar momentos de sobrecarga mental, fadiga ou distração. Teremos que tomar decisões precipitadas motivadas por pressão e prazos apertados e errar faz parte do processo de aprendizado e crescimento. Para quebrar um ciclo vicioso de enganos é preciso praticar a autocrítica e reavaliar decisões de forma honesta e aberta. Também é preciso perder o medo do feedback e buscar a opinião de pessoas qualificadas que possam trazer novas perspectivas.

Por fim, é preciso aceitar a imperfeição. Pessoas inteligentes estão sempre buscando desafios complexos, com maior exposição ao erro e alto potencial de aprendizado. Pensar nisso pode ajudar a desapegar de um passado repleto de equívocos para poder mirar um futuro de acertos.

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