As saídas a campo realizadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para recolher dados sobre a produção de café na safra 2020 foi adiada pela segunda vez. A medida foi adotada em prevenção à pandemia de COVID-19, para garantir a saúde dos produtores rurais, parceiros e colaboradores, visto que o número de trabalhadores nas lavouras aumenta nesse período. Ao contrário da pesquisa de grãos, que pode ser feita remotamente com apoio da rede de informantes, o grupo mais reduzido em relação aos cafeeiros exige que o levantamento da safra de café seja feito direto com o produtor. “A nova data será anunciada assim que haja segurança em enviar os técnicos a campo para apurar informações”, explica o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sergio De Zen.
Mesmo com o adiamento, a estatal ainda produz informações atualizadas sobre as condições das lavouras e os impactos da pandemia no cultivo do grão. Na busca por dados com informantes do setor nas principais regiões produtoras por meio de contato telefônico ou questionários eletrônicos, os técnicos da Companhia verificaram que as condições climáticas têm contribuído para que o país colha uma boa safra. Aliado ao clima favorável está a própria condição da planta, uma vez que este ano é de bienalidade positiva para o café arábica. Além disso, tem sido recorrente a adoção de medidas preventivas por parte dos produtores em relação aos cuidados nas lavouras, de forma a garantir as boas práticas e manter o setor ativo.
Em Minas Gerais, as lavouras encontram-se em excelentes condições vegetativas, com alta carga formada por frutos graúdos e maturação uniforme. O principal estado produtor do país ainda registra baixo volume colhido, no entanto as operações devem se intensificar a partir deste mês.
Já os produtores do Espírito Santo enfrentaram falta de chuvas e ventos fortes no período da floração da planta. Condição que foi compensada na época de enchimento dos grãos, quando foram registradas chuvas em maior volume e temperaturas o que influencia positivamente no tamanho e qualidade do café a ser colhido.
Outro importante estado produtor, a Bahia registrou atraso na colheita em razão das chuvas. Por sua vez, no norte do país as condições climáticas foram favoráveis ao longo do desenvolvimento da cultura, no estado de Rondônia. Mesmo na estação mais seca as lavouras de café clonal, que atualmente ocupam mais de 60% da área cultivada, são dotadas, quase na sua totalidade, de sistema de irrigação. Com isso, o produtor consegue mitigar a interferência do clima no plantio.
COVID-19 – Se por um lado o clima tem contribuído para uma boa produção, uma preocupação do setor é o possível impacto da pandemia na colheita. A situação é verificada em São Paulo, que registra condições agrícolas satisfatórias para o desenvolvimento da cultura, mas o cenário atual preocupa os produtores quanto à oferta de mão-de-obra, especialmente nas áreas em que a colheita é majoritariamente realizada de forma manual.
No Espírito Santo, a colheita acontece em ritmo mais lento, uma vez que as ações de enfrentamento ao coronavírus refletem na diminuição na oferta de mão-de-obra para realização das operações.
Ao contrário do estado capixaba, Bahia e Rondônia não registram relatos de impactos negativos da pandemia na rotina de manejo cultural das lavouras. Assim como Minas Gerais, que também não menciona problemas com disponibilidade de mão-de-obra. No entanto, com a possibilidade do avanço da doença e do alto risco de contaminação, podem surgir restrições no estado mineiro, especialmente nas atividades que envolvam demanda manual.
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