É característica do ser humano criar barreiras ao novo. Com o modelo ESG não passa coisa diferente. O movimento anti-ESG vez ou outra tem algum episódio a acrescentar. Há suspeita, declarada nas mídias oficiais, de que seja financiado por umas tais “verbas secretas”. Nos Estados Unidos, o governador da Flórida, Ron DeSantis, tem chutado a canela de investidores e das companhias focadas em boas práticas ambientais, sociais e de governança. DeSantis é pré-candidato a presidente, tentando jogar para escanteio o todo poderoso Trump dentro do Partido Republicano.
“Isso é sinal de desespero, porque o ESG avança de forma inexorável”, enfatizou, no final do ano passado, o executivo Paul Polman (ex-Unilever), sobre o tal anti-ESG. Muita gente faz coro com ele, no Brasil inclusive. Os sinais e atitudes pró-ESG são evidentes no mercado, de uma forma geral, ao se acatar recomendações da ONU (a Organização das Nações Unidas) e até de fundos trilionários como o BlackRock. Aliás, o seu executivo principal, Larry Fink, vanguardista nas questões ESG, disse recentemente que deixou de usar a sigla com frequência porque o termo está “politizado”, mas, na prática, a maior gestora de fundos do mundo mantém sua posição, e holofotes, sobre o Environmental, Social and Governance.
No Brasil, direita e esquerda estão em consenso, de forma tácita, vislumbrando o modelo ESG como o que chegou para ficar. Em junho do ano passado foi criado o Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS), cujo objetivo será normatizar, através de pronunciamentos técnicos, a divulgação das práticas de sustentabilidade empresarial. O órgão vai interagir com o International Sustainability Standards Board (ISSB), criado pela Fundação IFRS, na COP26, visando a emissão de normas técnicas a serem aplicadas em todo o mundo.
Cabe destacar que de acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 69% das empresas planejam aumentar os investimentos em ações de sustentabilidade nos próximos dois anos. Enquanto no plano internacional relatório divulgado pela PwC aponta que na Europa, até 2025, nada menos de 57% dos ativos de fundos mútuos estarão em investimentos que consideram os critérios de ESG (algo como US$ 8,9 trilhões). Ainda segundo a PwC, 77% dos investidores institucionais informaram que planejam parar de comprar “produtos não-ESG” nos próximos dois anos.
Além do presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, durante o Encontro de RI, Alfredo Setúbal (CEO da Itaúsa) e Geraldo Soares (Presidente do Conselho do Ibri) afirmaram que o ESG “é um caminho sem volta”. Glaucia Terreo (ex-GRI), Onara Lima (CCR), Luiz Fernando Bueno (CIESP-Campinas), Célio Fernando Melo (Apimec) Sonia Consiglio (Pacto Global) e tantos outros nomes do mercado acreditam, e trabalham, no mesmo sentido.
E para reforçar tanta crença no modelo ESG vale consultar a Pesquisa Ibri-Deloitte, divulgada no 24º Encontro Internacional de RI e Mercado de Capitais.
PAUTAS
As pautas ESG ganham cada vez mais força no ambiente de negócios e, até 2030, as empresas do mercado de capitais esperam promover avanços significativos na implementação destas práticas.
Esta é a conclusão de pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores, em parceria com a consultoria Deloitte, destacando que as organizações deverão se engajar cada vez mais no monitoramento de indicadores, ampliando as práticas de divulgação ao mercado.
INDICADORES
Ainda pela pesquisa acima, em até dois anos a divulgação dos indicadores de ações ambientais será tão relevante quanto a de governança. Entre outros desafios, está a padronização da taxonomia dos indicadores ESG, a fim de colaborar com a comparação das informações divulgadas ao mercado.
ESG CONTROLLER
Outro ponto do trabalho Ibri-Deloitte é a detecção da necessidade de as empresas investir em pessoas especializadas em ESG em seus times de Relações com Investidores. E diz, textualmente, “essa demanda sinaliza a inserção de um novo profissional no futuro da área: o ESG controller”.
MEDIÇÃO
Jornalista, pós-graduado em Comunicação Corporativa (ex-Boticário e CSN) e professor, Luis Antônio Gaulia acredita que a sustentabilidade já deixa “um brilho nos olhos” de vários alunos e pode ser um mercado altamente promissor.
O comentário ocorreu logo após divulgação de levantamento (The Size of ESG, Sustainability and Impact Measurement & Management Market), do grupo indiano Aspire, revelando que os projetos relacionados ao ESG somam aproximadamente US$ 8 BI, atualmente, e que deverão crescer 300% nesta década.
PRATA DA CASA
Não é demais lembrar que o Portal Acionista também leva muito a sério o tema. Tanto que abriu espaço exclusivo para a criação da Coluna Via Sustentável, há exatos três anos, e ampliou a discussão com o desenvolvimento da Editoria Universo ESG, acrescendo as colunas Práticas ESG e Diversidade&INclusão.
Cabe ressaltar, ainda, a criação (recentíssima) do Best In Class no Clube Acionista, parte do pacote da Assinatura ESG e mais as editorias “Lounge” e “Mulheres em Ação” que se somam aos artigos e matérias do dia a dia pilotadas pela editora de conteúdo Cátia Chagas.
ODS 3
Saúde de Qualidade é a premissa da ODS 3 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, da ONU), atendida pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. O IPT acaba de inaugurar um hub de Inovação, Parceiros e Ecossistema, denominado Brasil IPE, juntamente com a farmacêutica Astrazeneca, dentro do programa IPT Open.
O hub tem foco em projetos inovadores sobre diagnóstico precoce, geração de dados e interoperabilidade de registros médicos, entre outros, que possam contribuir para aperfeiçoar sistemas de saúde. Para Olavo Correa, diretor da Astrazeneca Brasil, foi emblemático o lançamento que requereu investimento superior a um milhão de reais.
Liedi Bernucci, diretora-presidente do IPT, define a chegada da Astrazeneca ao IPT Open como oportunidade única no país. “Dois dos mais importantes atores, um da área farmacêutica e outro da tecnológica, unem-se com foco em saúde e multiplicam possibilidades de aplicações técnicas que impactarão positivamente o bem-estar da sociedade”.
ODS 8
Empregos dignos e crescimento econômico é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), resumido na ODS 8.
Com vistas a apoiar empresas de 10 a 200 funcionários para que possam melhorar seu desempenho e a remuneração de seus times, o Sistema B, Instituto Capitalismo Consciente e a Trê Investimentos anunciam a retomada da parceria e criam um novo programa, desta vez com uma ambição maior: apoiar pequenas empresas.
Lançamento do programa ocorrerá ainda neste semestre. “As empresas que prosperam e são lucrativas precisam cuidar das suas pessoas; elas precisam pagar salários dignos e gerar cada vez mais impacto socioambiental positivo”, comenta Daniela Garcia, CEO do Instituto Capitalismo Consciente Brasil.
EÓLICA
De olho no mercado sulamericano, a WEG fechou parceria tecnológica com a companhia norteamericana Northern Power Systems (NPS), para oferecer aerogeradores entre 2,1 e 2,3 MW e rotores das pás entre 93 e 110 metros de diâmetro, instalados em torres de até 120m de altura, atendendo aos requisitos técnicos dos mais diversos regimes de ventos.
A catarinense WEG informa que os aerogeradores com a tecnologia PM/DD apresentam maior disponibilidade e menor custo de manutenção quando comparados aos aerogeradores tradicionais. Os equipamentos serão fabricados no parque de Jaraguá do Sul (SC).
RESÍDUOS
A Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree) participará da 16ª edição da Eletrolar Show, feira de bens de consumo realizada nesta semana, entre os dias 10 e 13, no Transamérica Expo Center, na capital paulista.
A entidade disponibilizará, no evento, um coletor para destinação adequada de resíduos eletroeletrônicos, eletrodomésticos e seus componentes, promovendo o descarte ambientalmente correto desses materiais. Haverá também esclarecimento sobre a reciclagem dos produtos eletroeletrônicos pós-consumo.
FUNDOS
Você sabia que a indústria de fundos no Brasil é uma das maiores do mundo?
A pergunta é feita na página da CVM, no Linkedin, que anda mais descolada nessa gestão. De acordo com o post, existem mais de 4 mil prestadores de serviço, gerando volume superior a R$ 7 trilhões. O acompanhamento da área é da Superintendência de Supervisão de Investidores Institucionais, agora dirigida por Daniel Maeda.
COSEM
O advogado e conselheiro de administração Robert Juenemann foi eleito membro do Comitê de Sustentabilidade Empresarial (COSEM) pelo Conselho de Administração do Banco do Brasil.
O COSEM se reporta ao Conselho de Administração e tem por função assessorá-lo em temas relacionados à sustentabilidade do Banco do Brasil.
Robert Juenemann também é colunista do Portal Acionista e escreve sobre diversidade e inclusão.
CONTABILIDADE
Agende-se: o 13º Encontro Abrasca de Contabilidade e Auditoria acontecerá no dia 14 de setembro próximo, em São Paulo.
Evento tem apoio de mídia do Portal Acionista.
CURSO
A EPC, área de Educação Profissional Continuada da Abrasca, abriu inscrições para novo curso voltado aos profissionais interessados em divulgar informações corporativas sobre ESG.
Proposta é apresentar uma análise teórica e prática sobre a importância e os impactos do ESG nos resultados das companhias e na sua avaliação pelos stakeholders.