O Confina Brasil, organizado pela Scott Consultoria, finalizou sua primeira rota visitando confinamentos do Mato Grosso do Sul neste mês de junho. Segundo Júlia Zenatti, médica veterinária coordenadora da expedição, os consultores passaram pelos municípios de Campo Grande, São Gabriel do Oeste, Rio Verde de Mato Grosso e Sonora. “O interessante foi que os nossos técnicos encontraram propriedades com diferentes estratégias de gestão”, destaca Júlia.
Antes de pisarem nas fazendas, a equipe da Confina Brasil fez uma visita à Embrapa Pecuária de Corte, em Campo Grande, para entender melhor sobre o sistema de ILP da região e os selos de carne carbono neutro e carne baixo carbono. Lá foram recebidos pelo chefe geral e pesquisador Antônio Nascimento Ferreira Rosa, que está na Embrapa há quase 50 anos.
O pesquisador contou como a ciência contribuiu e continua contribuindo para transformar a pecuária nos últimos 30 anos, ajudando o Brasil a deixar de ser um importador de alimentos para ser o maior exportador do mundo. “Hoje o país vende apenas 25% do que produze conserva 65% da vegetação nativa, coisa que nenhum outro país consegue fazer”, afirmou.
No Estado, os produtores que apostaram na Integração Lavoura-Pecuária tiveram ganhos notáveis, especialmente durante o período de estiagem, quando os pastos ficam mais secos. Um dos exemplos é a Fazenda Giruá, em Rio Verde de Mato Grosso, onde metade de seus hectares são destinados à ILP, plantando soja e depois capim, e às vezes consorciando milho e capim.
Nessa integração, o capim é semeado após a emergência da soja, nas entrelinhas, possibilitando antecipar a formação de pastagem sem reduzir a produtividade do grão. Assim, o capim se desenvolve antes da seca e é formado para receber o gado meses depois. “É nítida a diferença de produtividade do capim quando eles trabalham a soja antes”, comentam os consultores.
Outro confinamento que se destaca pelo sistema de Integração Lavoura-Pecuária também em Rio Verde de Mato Grosso é a Fazenda Rincão, que mesmo em meio a pouca ou quase nenhuma chuva, em uma época do ano em que os pastos já estão debilitados, está com boa disponibilidade de forragem, rotacionando o capim com soja.
Não muito distante, em São Gabriel D’Oeste, a Agropecuária Palmares também se beneficia da ILP com ganhos de produtividade da oleaginosa, semeada em uma terra um pouco mais arenosa. A pecuária foi iniciada na propriedade justamente por conta da integração, sendo o confinamento a solução encontrada para tirar animais das áreas de rotação entre gado e agricultura.
Na primeira semana de julho, os técnicos da Scot Consultoria seguiram na estrada passando por Cáceres, Pontes e Lacerda, Vila Bela de Santíssima Trindade, Campos de Júlio e Sapezal, chegando em Rondônia no final de semana.
O Confina Brasil é uma pesquisa-expedicionária promovida pela Scot Consultoria, que tem como propósito mapear e retratar o cenário da pecuária intensiva brasileira. Na sua 5ª edição, em 2024, a expedição percorrerá o país em 4 rotas que acontecerão de forma ininterrupta de junho a outubro, passando por 12 estados.
Nas visitas às fazendas, zootecnistas, veterinários e consultores especialistas da Scot Consultoria coletam dados sobre a nutrição, sanidade, tecnologia, gestão, bem-estar animal e sustentabilidade, além de identificar as principais características do setor em termos de gestão a partir de entrevistas com responsáveis nas propriedades que vivenciam a lida diária.
Ao final do projeto, o Confina Brasil publica um estudo descritivo completo e gratuito para compartilhar com o setor os principais dados, índices e indicadores encontrados. Ao longo dos anos, o Confina Brasil já visitou, in loco, mais de 500 confinamentos e semiconfinamentos. Foram mapeadas mais de 10 milhões de cabeças ao longo do projeto, percorridos mais de 200 mil km, em 16 estados brasileiros.
Notícia publicada originalmente em: https://ruralnews.agr.br/agricultura/pecuaria/pecuaristas-do-ms-aumentam-rentabilidade-com-adocao-de-ilp