Conforme os dados divulgados nesta sexta-feira (26), pelo Departamento de Comércio dos EUA, o núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE) do país, acelerou para 0,2% em junho ante maio. No mês anterior havia ficado em 0,1%. Assim, núcleo em 12 meses se manteve em 2,6% até junho, a mesma taxa observada em maio. Os analistas esperavam taxa mensal de 0,2% e taxa anualizada de 2,5%. A partir desse resultado, pode ser que comece o ciclo de cortes de juros em setembro pelo FED.

José Alfaix, economista aa Rio Bravo, por exemplo, acredita que ” o PCE veio alinhado com às projeções dos economistas, que anteviam avanço de 0,1% para o headline, e 0,2% para o núcleo. Ao passo que, no ano contra ano, temos 2,5% e 2,6%, respectivamente. O avanço foi puxado por serviços, que mostraram crescimento no setor de manutenção doméstica, especialmente serviços domésticos, e também em serviços profissionais, com destaque para advogados.”

Na análise do economista, o resultado, somado à primeira leitura do PIB do 2T, não altera muito o cenário de referência dos investidores. “O diagnóstico ainda é de sinais de desaceleração da economia, e redução do dinamismo do mercado de trabalho, que vinha sendo um dos principais pontos de atenção da balança de riscos do FED. Sobre a primeira leitura do PIB do segundo trimestre, apesar de ter superado as projeções, o avanço de 2,8% do não foi visto como excessivo pelo mercado, ao passo que a probabilidade atribuída pelos economistas de um corte em setembro se mantém próxima de 100%”, afirma Alfaix.

“Essa estabilidade sugere que a inflação está sob controle, alimentando especulações de que o Fed poderia considerar cortes de juros se essa tendência de moderação se mantivesse. Este cenário tem implicações globais, especialmente para economias emergentes como o Brasil”, afirma André Colares, CEO da Smart House Investments. Para ele, com uma política monetária mais flexível nos EUA geralmente resultará em maior apetite por ativos de risco globalmente, “potencialmente fortalecendo o real e influenciando as decisões do Banco Central do Brasil sobre a Selic. A perspectiva de juros mais baixos nos EUA pode aliviar a pressão no mercado cambial, influenciando tanto a inflação quanto as expectativas de política monetária local”.

Vai ter corte de juros nos EUA?

Um ponto que chamou atenção de Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, foi o índice de preços do PCE básico, que subiu de 2.5 para 2.6. “Embora haja uma leve alta, o movimento é moderado e não muda o cenário, onde a expectativa principal é um corte de juros pelo Banco Central Americano em setembro.”

Isso porque o PCE não desanimou o mercado; pelo contrário, reforça a expectativa de um corte de juros. “Atualmente, a expectativa de mercado, conforme a FedWatch, é de 89,6% para um corte de juros em setembro. Além disso, o dado do PCE indica que a economia dos EUA não está desacelerando a um ritmo que poderia causar uma recessão, o que traz mais tranquilidade ao mercado”, comenta Laatus.

Por outro lado, para a econômica global e principalmente para o Brasil, a estabilidade do núcleo do PCE sugere que a inflação nos EUA está se moderando, o que pode influenciar a política monetária do FED. Segundo Graziela Ariosi, estrategista-chefe da Swiss Capital Invest, com a inflação sob controle, “é possível que o FED opte por uma postura menos agressiva em relação ao aumento das taxas de juros, o que poderia ter várias implicações globais, pois um Fed menos agressivo pode levar a uma desvalorização do dólar, tornando os ativos de mercados emergentes mais atraentes e aliviando as pressões inflacionárias em outras regiões”.

A estrategista também acredita que para o Brasil, especificamente, “isso pode resultar em um cenário mais favorável para o real, reduzindo a volatilidade cambial e ajudando a controlar a inflação interna. Além disso, a menor pressão sobre o dólar pode facilitar um ambiente de investimento mais estável e propício ao crescimento econômico no Brasil”, comenta Graziela.

Já Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, não acredita que já na reunião do dia 31 de julho o FED deixe claro sobre quando vai realizar o corte, “porque são cautelosos em tudo o que falam, mas a chance de cortar em setembro só aumenta”.

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