De acordo com o relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, as mulheres têm menor acesso a recurso financeiro, menos oportunidades de emprego e frequentemente têm rendimentos inferiores aos dos homens que ocupam funções similares.
Existem inúmeras discrepâncias e desafios que as mulheres enfrentam, a ponto de causar surpresa quando não ouvimos frases como: “Mulheres enfrentam determinados desafios” ou “O mercado de trabalho ainda é mais competitivo para mulheres do que para homens”, entre outras.
Quando, de fato, ouviremos declarações como: “Existe igualdade salarial entre mulheres e homens em diversas empresas, inclusive no setor financeiro”? Ou “Os indicadores demonstram que mulheres e homens têm igualdade de oportunidades”?
O mercado financeiro, historicamente dominado por homens, vem apresentando uma mudança significativa nos últimos anos: a ascensão das mulheres como protagonistas nesse cenário. Essa transformação, impulsionada por talento, determinação e um desejo por um futuro mais equilibrado, abre portas para novos horizontes e redefine o panorama desse setor crucial da economia.
Nós [mulheres] sabemos que até pouco tempo, a participação feminina era limitada. Estereótipos de gênero, falta de representatividade e discrepância salarial [pauta sensível e grave] eram obstáculos que dificultavam o acesso e o crescimento das mulheres no mercado financeiro.
Mercado financeiro: Os dados não mentem
Apesar de representarem mais da metade da população mundial, as mulheres ocupam apenas 20% dos cargos de liderança no mercado financeiro global. [Fonte: McKinsey Global Institute]
No Brasil, a discrepância salarial é gritante: as mulheres ganham, em média, 20% a menos que os homens para funções equivalentes. [Fonte: IBGE]
Iniciativas com a da XP Inc, que têm como meta até 2050 ter metade de seus colaborados mulheres, já é uma grande iniciativa.
Quebrando barreira, sem o “pé na porta”
A perseverança feminina, aliada a iniciativas inovadoras, vem abrindo portas e “derrubando barreiras” sem o “pé na porta”. Programas de mentoria, treinamentos de liderança e políticas de diversidade e inclusão impulsionam a mudança.
No que tange ao mercado financeiro, para que seja um espaço verdadeiramente inclusivo e equitativo, penso que sejam necessárias algumas ações:
- Implementar políticas que promovam a igualdade de oportunidades e combatam a discriminação.
- Incentivar a participação das mulheres em programas de mentoria e desenvolvimento profissional.
- Criar um ambiente de trabalho acolhedor e livre de assédio.
Programas que inspiram
Não há dúvidas que a maior participação das mulheres no mercado financeiro traz benefícios para todos. Estudos comprovam que empresas com maior diversidade de gênero apresentam melhores resultados financeiros.
Segundo McKinsey Global Institute, empresas com alta representatividade feminina em cargos de liderança têm 25% mais chances de apresentar um retorno superior ao mercado e a igualdade de gênero no mercado de trabalho pode gerar um aumento de até US$ 12 trilhões na economia global até 2025.
Por isto, aqui vai alguns projeto e mulheres inspiradoras, para que também.
- Programa “Mulheres na Liderança” da XP Investimentos: visa aumentar a representatividade feminina em cargos de liderança, oferecendo mentoria e desenvolvimento profissional.
- Treinamento “Liderança Feminina” da B3: capacita mulheres para assumirem cargos de liderança no mercado financeiro.
- Política de Diversidade e Inclusão do Itaú Unibanco: estabelece metas para aumentar a representatividade feminina em todos os níveis da organização
Mulheres que inspiram o mundo financeiro
- Christine Lagarde: Presidente do Banco Central Europeu.
- Mary Barra: CEO da General Motors.
- Abigail Johnson: CEO da Fidelity Investments.
A crescente inclusão feminina no mercado financeiro representa um marco histórico e um avanço crucial para o fomento de um futuro mais equitativo e próspero. Com seu talento, empenho e perspectiva inovadora, as mulheres vêm revolucionando este setor, motivando gerações futuras, certamente.
Entretanto, ainda existe um número significativo de mulheres que, apesar de possuírem o desejo de ingressar neste campo, sentem-se desencorajadas ou não encontram a inspiração necessária para dar o primeiro passo. Este cenário destaca a importância de se criar ambientes mais acolhedores e de se promover iniciativas que visem não apenas atrair, mas também apoiar e incentivar a participação feminina no mercado financeiro, garantindo assim sua contribuição valiosa e indispensável.
Por Glades Cheury, Diretora da TATICCA Allinial Global Brasil
Coordenadora do IBRI Mulheres