A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) suspendeu o leilão de compra de arroz importado marcado para esta terça-feira, operação esta que o governo havia lançado como uma das medidas para limitar os impactos nos preços do produto, após as enchentes no Rio Grande do Sul. A decisão partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.Para evitar o desabastecimento de arroz no Brasil, o governo pretendia comprar o alimento de países vizinhos. “Nós íamos comprar 100 mil toneladas, mas, pelos preços que eles [o Mercosul] estavam anunciando, nós íamos comprar só 70 mil toneladas”, disse Fávaro, acrescentando que alta na cotação rondou os 30%. Na segunda-feira, ele afirmou que o governo deixou claro ao Mercado Comum do Sul (Mercosul) que o Brasil buscará arroz “em outro lugar” se houver “especulação” no preço por parte do bloco.“Certamente, eles vão voltar para a realidade porque não é justo”, afirmou o ministro da Agricultura. “Nós demos uma demonstração ao Mercosul de que, se for querer especular, nós buscamos de outro lugar”, acrescentou.Boa produtividadeO presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, disse que o governo federal precisa ter calma e que existe arroz no RS. “O governo se precipitou. Em vez de baixar a poeira tem que baixar as águas”, sublinhou o dirigente, que garantiu que não faltará o produto no mercado interno. “O arroz que está colhido garante o abastecimento do País”, completou.A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) também garantiu que o volume já colhido no Estado apresenta boa qualidade e produtividade, o que garante o abastecimento dos brasileiros “Já temos um bom volume de arroz e mesmo que a gente tenha dificuldades na colheita deste saldo que falta colher, certamente o Rio Grande do Sul tem plenas condições de colher uma safra bem acima dos 7 milhões de toneladas”, disse o presidente da entidade, Alexandre Velho. “Embora tenhamos este grande problema com relação à colheita do que falta, nós temos plenas condições de afirmar que nós não temos problemas com relação ao abastecimento do mercado interno”, acrescentou.Conforme o dirigente, há um problema momentâneo de logística, principalmente na ligação com o interior do Rio Grande do Sul. “Mas a ligação com os grandes centros por meio da BR-101 está normal, temos bastante arroz para deslocar para as regiões centrais do Brasil. Então não existe qualquer problema com relação ao abastecimento ou uma necessidade urgente de importação”, avaliou.Velho observou ainda que o Brasil é um grande produtor de arroz e a área cultivada com o grão aumentou no Rio Grande do Sul, assim como em outros Estados produtores. “Então não existe motivo algum para nós termos alerta com relação a problemas de abastecimento com relação ao arroz”, assegurou. A colheita do arroz no Rio Grande do Sul avançou muito pouco após um novo período marcado por dias chuvosos, havendo ainda algumas lavouras em condição de alagamento devido à cheia dos cursos d’água. A Emater/RS-Ascar estima que a área colhida alcançou 86% até o dia 16 deste mês.Parte da produção de arroz é armazenada em silos nas propriedades. Em alguns casos, as enchentes inundaram a parte inferior de muitos desses silos, ocasionando perdas elevadas pela falta de energia elétrica para a ventilação da massa de grãos e pela impossibilidade de transporte do produto por causa de danos nas estradas.Até o momento, não há uma estimativa precisa do número de silos inundados pelas águas, segundo a Emater/RS-Ascar. Ocorreu uma elevação dos preços nas últimas semanas e, em razão dos danos ocasionados pelas intensas chuvas, há certa preocupação em relação à produção de arroz e seus potenciais impactos na oferta do grão para o abastecimento do mercado interno.A área cultivada com arroz no Estado está estimada em 900.203 hectares, conforme dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA). A produção estava projetada em 7,5 milhões de toneladas antes das inundações, de acordo com o consultor Carlos Cogo. A produção colhida antes das enchentes atingiu 6,4 milhões de toneladas.Considerando-se uma estimativa de produtividade de 7 mil quilos por hectare para os 101 mil hectares restantes de área não atingidos pelas cheias, o Estado teria mais 709 mil toneladas disponíveis, totalizando a produção projetada em 7,1 milhões de toneladas, com perdas de 400 mil toneladas.Regiões produtoras – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, estima-se que ainda restem aproximadamente 36 mil hectares para a colheita na Fronteira Oeste e na Campanha Gaúcha, o que representa cerca de 10% da área cultivada. Em São Borja, restam pouco mais de 3 mil hectares a serem colhidos e, nas áreas submersas, prevê-se perda total em função do acamamento das plantas, as quais ficam cobertas de lodo, assim que as águas baixam.Em Dom Pedrito, há pouco mais de mil hectares ainda por colher, e as perdas estão estimadas em 50%. Em São Gabriel, em torno de 6 mil hectares ainda necessitam ser colhidos, e as perdas devem chegar a cerca de 30%. As chuvas, com volumes próximos de 400 mm nas últimas três semanas, atrasaram significativamente a colheita.Os rizicultores relatam que a água está demorando consideravelmente para escoar das lavouras. Durante algumas poucas oportunidades de colheita realizadas no período, foram observados grãos com umidade superior a 26% e produtividades muito baixas, além de problemas relacionados ao escurecimento dos grãos.Em Manoel Viana, os 500 hectares restantes para a colheita foram perdidos em função dos alagamentos causados pela cheia do Rio Ibicuí. A falta de energia, por mais de uma semana, em algumas localidades do município de Bagé, está afetando diretamente os produtores que possuem silos, comprometendo a ventilação do arroz para redução da umidade.Nesses casos, o investimento em geradores torna-se imperativo para evitar a perda do valor comercial da produção armazenada, pois a qualidade do grão está intimamente relacionada à eficiência no processo inicial de secagem e na subsequente manutenção da umidade em níveis baixos. Na de Pelotas, as atividades de colheita permaneceram interrompidas desde as chuvas ocorridas em 26/04. Durante o período de 05 a 12/05, as chuvas foram frequentes, com volumes significativos em todos os municípios da região. Até o momento, não foram relatadas inundações nas sedes das unidades de secagem e armazenagem do arroz. As lavouras que ainda não foram colhidas (7%) encontram-se maduras e prontas para a colheita. Foram colhidos 93%.Na de Santa Maria, antes das enchentes, mais de 80% da cultura havia sido colhida. Porém, muitas lavouras foram perdidas e sofreram danos nos taludes e bombas devido à torrente dos cursos d’água. Após as chuvas, é possível que haja redução na produtividade para 7.314 quilos por hectare, o que representa perda aproximada de 6% em relação à expectativa inicial. A área cultivada está estimada em 132.688 hectares.Na de Soledade, a estimativa atual aponta que aproximadamente 65% foram colhidos. Em Rio Pardo, os levantamentos realizados durante o período indicam que em torno de 65% já haviam sido colhidos antes das enchentes; a produtividade e a qualidade do grão estão dentro dos padrões normais. Contudo, cerca de 35% da área foi totalmente ou parcialmente inundada, atingindo 1.920 hectares com perdas totais e 500 hectares com perdas parciais. Em Pantano Grande, foram colhidos em torno de 85%. Em Venâncio Aires, esse percentual foi de 90%. Em Candelária, 60% haviam sido colhidos. Conforme o levantamento semanal de preços realizados pela Emater/RS-Ascar, no Estado, a saca de arroz apresentou elevação de 2,4%, passando de R$ 105,32 para R$ 107,90.

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