🌎 CENÁRIO EXTERNO
O otimismo prevalece
Rápida recuperação ilustra prevalência de otimismo
Ativos de risco estão amanhecendo em tom positivo pelo 3º dia consecutivo, na medida em que o otimismo com resultados corporativos se sobrepõe aos receios relacionados à disseminação da variante delta (cerca de 86% dos resultados divulgados têm superado estimativas de analistas). Desde 2ªfeira, quando a avaliação de que uma nova onda de contaminações por coronavírus poderia comprometer o movimento de retomada da economia global culminou em uma correção nos mercados, bolsas têm operado em tom de recuperação – afinal, além da força ilustrada pelos balanços, um ambiente de ampla liquidez segue sendo sustentado pelos principais bancos centrais do mundo e as perspectivas para o crescimento econômico seguem muito construtivas.
BCB tem 1ª decisão de PM após revisão estratégica
Hoje, às 8h45, o Banco Central Europeu irá anunciar a sua primeira decisão de política monetária desde a apresentação da sua revisão estratégica. No que diz respeito à meta de inflação, houve a alteração de “próximo, mas ligeiramente abaixo de 2,0% a.a.” para “2,0% a.a.; com abertura para alguns períodos de inflação superior a este patamar quando necessário”; além de considerado mais preciso, este novo sistema de metas deve permitir que a autoridade sustente uma política monetária ultra acomodatícia por mais tempo. Com relação ao programa de compra de ativos (QE), uma decisão mais clara sobre como e quando será iniciado o movimento de redução deverá ficar para a reunião de setembro. Após o anúncio da decisão e divulgação do comunicado, como de costume, a presidente da instituição, Christine Lagarde, participa de uma coletiva de imprensa. Vamos acompanhar…
Na agenda
Após a decisão do BCE, as atenções do mercado deverão se voltar aos EUA, onde serão divulgados o índice de atividade nacional do Fed de Chicago (CFNAI) referente ao mês de junho e o número de novos pedidos de auxílio desemprego enviados na semana passada, ambos às 9h30. Ainda pela manhã, às 11h, a agenda traz o índice de indicadores antecedentes do Conference Board e as vendas de moradias usadas em junho nos EUA e o índice de confiança do consumidor preliminar de julho na zona do euro. Na fronte corporativa, AT&T, Intel, Snap Inc e Twitter estão entre os principais destaques da temporada de balanços.
CENÁRIO BRASIL
Atrito institucional segue ganhando força
Minirreforma ministerial em curso
Ao longo da tarde de ontem, o presidente Bolsonaro confirmou os rumores que corriam pela mídia sobre uma minirreforma ministerial. O Palácio do Planalto irá, de fato, acomodar Ciro Nogueira, um dos líderes do PP e do Centrão, na Casa Civil. A ideia, como comentamos no Mercados Hoje e no Apito Final de ontem, é distensionar a relação complicado que vem se construindo entre Bolsonaro e o Senado em vista dos diversos acontecimentos da CPI da Pandemia. É, em essência, uma tentativa para estreitar a relação, já comprometida, entre Bolsonaro e Pacheco, presidente do Senado; que não hesitou por um segundo estender a CPI por mais 90 dias.
Disrrupção no avanço de pautas?
O grande problema, entretanto, é que a engenharia ministerial também contará com a ida de Onyx Lorenzoni, ministro da Secretária-geral do governo, para a reedição do Ministério da Previdência e do Trabalho, atualmente inserido no Ministério da Economia. Trata-se de um efetivo desmembramento do ministério que tem, em muitos casos, sido responsável por manter a estabilidade das expectativas quando a desordem fiscal tratava de se instalar. Na prática, a mudança pode implicar em perda de articulação política por Guedes sobre pautas relacionadas ao desemprego em um momento crítico para a economia, onde, a despeito do crescimento no nível de atividade, o mercado de trabalho segue operando com elevadíssima capacidade ociosa.
Pressão dos caminhoneiros novamente à vista
Caminhoneiros em diversos estados da Federação estão se organizando para instalar uma nova greve contra as sucessivas elevações nos preços do diesel. O tema não é novidade: desde o início do ano, com a retomada da demanda global, o preço das commodities de energia tem provocado contínuos aumentos dos combustíveis locais, forçando Bolsonaro – um fiel escudeiro dos interesses do grupo – a exonerar Castello Branco da Petrobras em fevereiro. O ressurgimento da pressão dos caminhoneiros preocupa, pois eleva da possibilidade de Bolsonaro retomar medidas que podem favorecer os caminhoneiros às custas de outros grupos das sociedades, como ocorreu com o aumento do CSLL do Bancos para bancar a desoneração dos combustíveis.
Atrito institucional segue ganhando força
Em nota emitida pelo ministro da defesa, Walter Braga Netto salienta que “a quem interessar, diga que, se não tiver eleição auditável, não terá eleições”. Braga Netto ressona os mais recentes comentários emitidos pelo presidente, que vem ameaçando a não realização do rito político mais básico e inerente a qualquer democracia caso seus desejos não sejam cumpridos. O recado, francamente, assusta, pois além de ir contra qualquer preceito democrático, ameaça complicar as relações entre o Parlamento e o Planalto. Pacheco, presidente do Senado, já se posicionou firmemente contra este tipo de atitude no passado, afirmando que não aceitará “retrocessos” e nem “frustações das eleições”. Lira, presidente da Câmara, considerou o recado como uma ameaça de golpe e procurou Bolsonaro para conversar.
Na agenda
Em dia de agenda de indicadores vazia, o destaque ficará com mais um leilão títulos pré-fixados (LTNs e NTN-Fs) do Tesouro (11h30).
E os mercados hoje?
Mercados globais estão ensaiando dar sequência ao movimento de recuperação iniciado nesta 3ªfeira. Após o receio com um novo surto da variante delta ao redor do mundo provocar uma correção na 2ªfeira; o otimismo com a temporada de resultados corporativos e a manutenção de um ambiente favorável já reverte grande parte das perdas. Na agenda, destaque para a decisão de política monetária do BCE – a primeira desde o anúncio da revisão estratégica da instituição. No Brasil, o mercado se mantém refém do humor externo, acompanhando – mesmo que de forma mais tímida – a mais nova sequência de valorizações. Desta forma, o balanço geral dos mercados segue aponta para uma abertura positiva para ativos de risco locais, mais uma vez muito em função do que já estamos vendo lá fora.
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