“A gente chegou em 47 milhões de toneladas de resíduos”, diz Guilherme Lablonovski, pesquisador de soluções para o desenvolvimento sustentável da ONU. Ele também relata que “Entender a distribuição desses resíduos é muito importante para planejar para onde isso vai. Os aterros, como eles existem hoje no estado, não vão dar conta”,

Este volume ainda é preliminar, e a previsão é que seja ainda maior. O cálculo faz parte de um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade do Rio Grande do Sul e da ONU Meio Ambiente. Este número supera a projeção de resíduos de guerra na Faixa de Gaza, estimada em 37 milhões de toneladas.

Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), as enchentes afetaram 94,3% de toda atividade econômica do Rio Grande do Sul (maio/2024).

O impacto da crise no Rio Grande do Sul pode reduzir o crescimento do PIB nacional em 0,2 a 0,3 ponto percentual conforme um estudo desenvolvido pelo Bradesco.

Nunca houve no Brasil tanto estrago econômico provocado por um evento climático.  

Verifica-se neste momento que várias áreas do Rio Grande do Sul continuam alagadas, com toneladas de entulhos espalhados pelas ruas das cidades afetadas pelas chuvas

Nas regiões onde a água já abaixou, os cidadãos convivem com uma quantidade muito grande de itens que não podem mais ser aproveitados e com toda a lama dos locais. Cada casa costuma encher em média um caminhão com seus resíduos gerados.

“Uma vez que a água começar a baixar, a tendência é que o solo comece a trabalhar e esse solo vai modificando e afeta as fundações mais rasas, o que gera danos estruturais. A nossa expectativa é que haja um segundo pico de geração de resíduos daqui a uns meses”, explica Guilherme.

O tratamento destes resíduos ao longo das enchentes é um desafio de alto risco. Percebe-se que a água pode dispersar diversos tipos de resíduos, sendo sólidos, substâncias químicas e esgoto. Esta situação pode gerar problemas ambientais variados e de saúde pública.

Pode-se dizer que a gestão dos resíduos gerados ao longo das enchentes demanda soluções integradas, reunindo autoridades locais, serviços de emergência, organizações com e sem fins lucrativos, a comunidade e outros atores. Esta estruturação sistêmica é crucial para o sucesso na implementação das ações de recuperação necessárias.