Preocupação da nova onda de contágio da Covid, reflete em queda da Bolsa de Valores mundial

A bolsa brasileira está em um dos patamares mais baratos das últimas duas décadas, se você analisar através de indicadores como preço sobre lucro – e esses preços ali estão por incorporar sinais muito negativos. “Olhando para o cenário macroeconômico, viveremos a maior parte de 2022 à sombra de uma campanha eleitoral, com indícios de uma combinação de juros altos e crescimento baixo”, afirma a Neo Investimentos em carta dos gestores.

Este ano vai ser extremamente complicado para o mercado brasileiro. “Portanto, mesmo que o pragmatismo na condução da economia prevaleça, este poderá passar muito tempo oculto por trás de uma névoa de promessas de campanha e, possivelmente, sem ações consistentes para a melhoria da condição de vida da maioria dos eleitores”, completa.

Só que tem um detalhe: o cenário que está sendo incorporado é o pior possível, o que abre espaço para crescimento. “Os preços estão incorporando, avaliamos, os piores cenários. Porém, com nossa exposição recomposta, estamos confortáveis com as assimetrias de nossas posições, assim como com a nossa alocação atual”, destaca a gestora.

Dito isso, não é que o cenário só tem notícias ruins. “Um cenário global ainda favorável, de crescimento forte e juros ainda baixos, preços de commodities ainda altos, a colheita – segundo o Ministério da Agricultura – da maior safra de grãos da história e a continuação da reabertura pós-covid poderão evitar cenários piores para a atividade econômica”, lembra a Neo. “Ainda assim, estimamos que, durante 2022, a inflação passará ao menos um trimestre acima de 10% no acumulado de doze meses antes de entrar em trajetória de queda”, completa.

Já são 10 anos de turbulências econômicas que estão atrapalhando o andamento da nossa economia. “Em 2023, o Brasil terá completado uma década sob efeito quase ininterrupto de choques econômicos: o fim do super ciclo de commodities, a turbulência política iniciada nas manifestações populares de 2013, o impeachment de 2016, um breve interregno de reformas até um novo escândalo político, a pandemia e suas turbulentas consequências econômicas, sociais e políticas”, salienta a gestora.

A própria moeda sofre com isso, e o Brasil vai sofrendo ao longo desse período. “Nesse período, o real desvalorizou-se quase 50% em termos reais contra o dólar americano. Não há estratégia fácil de desenvolvimento para sobreviver a tanta instabilidade. O país possui uma dotação de recursos naturais excepcional para fazer parte da liderança global em desenvolvimento sustentável”, afirma.

E não adianta nenhum esforço, se não criarmos as condições para isso. “Para se beneficiar disso precisa, porém, garantir condições de estabilidade para que o capital possa superar a barreira das condições macroeconômicas e para que possa se concentrar no mérito individual ou setorial de projetos. Essa deverá ser – em nosso entendimento – a tarefa primordial de qualquer governo que venha a ser eleito”, acredita a gestora.

Mesmo com os preços e as dificuldades do Brasil, a gestora ressalta que há boas oportunidades, empresas que vão crescer e ter bons resultados daqui em diante. “Independentemente das dificuldades no contexto macro que deveremos ter à frente, nos sentimos confortáveis com a expectativa de que nossas companhias executarão seus respectivos planos de ocupação de mercado de maneira rentável e, nesse sentido, seguirão se fortalecendo, em termos relativos e absolutos”, destaca.

Afinal, o cenário pode ser ruim hoje, mas certamente teremos motivos em um futuro próximo para celebrar – as ações nunca ficam baratas para sempre. “Em face de termos uma expectativa ruim no curto prazo, vale ressaltar a importância do alinhamento de longo prazo com nossos sócios cotistas e empresários. Isso nos concede liberdade de gestão para atuarmos com convicção. Sendo assim, a despeito dos desafios, podemos tomar as decisões que oferecem as melhores oportunidades de perseguir a preservação de capital no longo prazo e a entrega do nosso objetivo de retorno”, termina.

Felipe Moreno

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