Os riscos para a Petrobras (PETR4) aumentaram, tanto internacionalmente (restrição da oferta) quanto internamente (político).
No mercado doméstico, existe a perspectiva do fim da desoneração dos impostos federais sobre o setor.
No cenário externo, novas sanções da União Europeia à Rússia, previstas para o começo de fevereiro, tendem a restringir a oferta de commodities de energia no mercado global, o que pode contribuir para uma alta das cotações.
Desoneração de combustível
No cenário interno, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que assumiu o cargo na quinta-feira, 26, terá que lidar no curto prazo com: (i) o futuro dos impostos sobre a gasolina e o etanol, reduzidos por Jair Bolsonaro (PL) em 2022 e mantidos por 60 dias pelo novo governo, (ii) a política de preços da Petrobras; (iii) e como irá prosseguir a venda das refinarias da estatal, determinada em acordo entre a empresa e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica, órgão responsável pela defesa da livre concorrência).
Em relação à prorrogação da desoneração da gasolina e do etanol, a medida provisória vai até fevereiro e do diesel e gás de cozinha até dezembro.
Novas sanções à Rússia
No cenário internacional, a Opep+ espera para analisar o efeito total do impacto das novas sanções da União Europeia à Rússia, devido à invasão da Ucrânia.
Ao mesmo tempo, a reabertura total da China, depois de três anos de restrições rígidas da política de “Covid zero” no país, aumentou o otimismo para a demanda de energia chinesa.
Defasagem nos preços
A Petrobras, que atualmente segue a política de paridade de importação (PPI), anunciou em 24 de janeiro de 2023 o aumento no preço da gasolina para as distribuidoras.
O preço médio de venda de gasolina A da Petrobras para as distribuidoras passou em 25 de janeiro de 2023 de R$ 3,08 para R$ 3,31 por litro, um acréscimo de R$ 0,23 por litro, ou de 7,5%.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), apesar do reajuste, a gasolina ainda está cerca de 14% mais barata no Brasil do que o necessário para deixá-la em patamar equivalente ao mercado internacional.
“Portanto, o melhor caminho seria aproximar os preços domésticos do mercado internacional. Contudo, isso pode ter custos políticos e de popularidade para o novo governo, uma vez que o fim da desoneração impacta na arrecadação e o reajuste dos combustíveis impacta na inflação, o que pode ser um problema para o início deste governo”, afirma Fabiano Vaz, analista de ações da Nord Research.
Lei das Estatais
Outro principal temor no radar dos investidores se refere a uma eventual mudança na Lei das Estatais (13.303/2016) e no estatuto da Petrobras.
Para o nosso analista, a Petrobras não está totalmente protegida contra interferências pelo seu estatuto. “O fim da desoneração de combustível e o reajuste de preços possuem custos políticos altos. Portanto, existe a possibilidade de uma mudança na Lei das Estatais.”
“Com a alteração na lei, o governo teria mais facilidade para alterar a política de preços da Petrobras e para nomear políticos para cargos nos conselhos e na diretoria de empresas públicas, o que seria um grande retrocesso para a política fiscal no país”, acrescenta.
Ademais, vale mencionar que, sem o PPI, a Petrobras seria obrigada a operar com pressão nas margens, o que impactaria sua rentabilidade e lucratividade. O grau do impacto dependerá do tamanho da defasagem dos preços, conclui.