A gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem enfrentado críticas crescentes por conta de mortes em ações policiais e denúncias de abuso de autoridade.
O aumento significativo nos casos de violência policial no estado de São Paulo, aliado à repercussão de episódios emblemáticos, traz à tona questões sobre a atuação da Polícia Militar e as respostas do Executivo paulista.
De janeiro a setembro de 2024, houve um aumento de 82% nas mortes causadas por policiais militares em serviço, com 474 óbitos registrados, contra 261 no mesmo período do ano anterior.
Embora o governo condene publicamente casos de abuso, a gestão tem sido acusada de minimizar denúncias e defender ações policiais violentas em algumas ocasiões.
Confira os principais casos recentes e a posição do governo:
Casos marcantes de violência
PM arremessa homem de ponte – Dezembro de 2024
Um vídeo flagrou um policial militar jogando um homem de uma ponte no bairro Cidade Ademar, zona sul de São Paulo. O episódio ocorreu após uma perseguição policial iniciada em Diadema.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) repudiou a conduta, abriu um inquérito policial militar e afastou os agentes envolvidos.
Estudante de medicina morto – Novembro de 2024
Marco Aurélio Cardenas Acosta, estudante de medicina de 22 anos, foi baleado na Vila Mariana, zona sul de São Paulo.
Segundo a versão oficial, ele teria agido de forma agressiva ao ser abordado, fugiu e acabou morto dentro de um hotel após derrubar um dos policiais. A SSP afirmou que investiga o caso.
Menino de 4 anos atingido por bala perdida – Novembro de 2024
Ryan da Silva Andrade Santos, de quatro anos, morreu após ser atingido por uma bala perdida durante uma operação policial no Morro de São Bento, em Santos.
A PM afirmou que havia confronto com criminosos no local, mas moradores negam. A SSP lamentou o caso e abriu investigação.
PM mata homem negro com tiros nas costas – Novembro de 2024
Gabriel Renan da Silva Soares, 26 anos, foi morto com tiros nas costas por um policial de folga após furtar produtos de um mercado na zona sul da capital. O PM alegou legítima defesa, mas foi afastado das atividades operacionais enquanto o caso é apurado.
Velório interrompido por violência policial – Outubro de 2024
Durante um velório em Bauru, policiais militares agrediram familiares das vítimas e detiveram um homem por desacato. O episódio gerou revolta, e a SSP informou que abriu investigação contra os policiais envolvidos.
Operações policiais e suas consequências
Operação Escudo e Operação Verão
Ambas as operações, desencadeadas em resposta à morte de policiais da Rota, resultaram em dezenas de mortes no litoral paulista.
A Operação Escudo registrou 28 mortes em poucos dias no Guarujá, enquanto a Operação Verão, em fevereiro de 2024, deixou 56 mortos em Santos.
A Justiça aceitou denúncias contra policiais envolvidos em mortes durante essas operações. Apesar disso, em março, Tarcísio de Freitas minimizou as críticas, chegando a ironizar denúncias encaminhadas à ONU por organizações de direitos humanos.
O que diz o governo de Tarcísio
Diante dos casos recentes, o governador Tarcísio declarou que policiais que “atiram pelas costas” ou cometem atos como jogar pessoas de pontes “não estão à altura de usar a farda”.
O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, reforçou que ações individuais não devem manchar a imagem da Polícia Militar.
Apesar das notas de repúdio, o governo Tarcísio é criticado por sua postura em relação à violência policial, frequentemente vista como leniente.
Em março, o governador afirmou que não se preocupava com denúncias internacionais, declarando: “Podem ir à ONU, à Liga da Justiça, ao raio que o parta, que eu não tô nem aí.”
Os casos de abuso policial são investigados por órgãos como a Corregedoria da PM e a Polícia Civil. Crimes dolosos contra a vida de civis são julgados pela Justiça comum, enquanto outras infrações são submetidas à Justiça Militar.
A Ouvidoria da Polícia também recebe e acompanha denúncias, mas não tem poder investigativo, gerando críticas de que muitas ocorrências acabam sem punição.
Com informações de Folha de S.Paulo.