Neste mês das mães, trago uma reflexão através de uma carta fictícia que qualquer um de nós poderia ter escrito.

Olá, mãe!

Estou me aproximando da meia idade, nessa fase da vida é tão comum olharmos o que passou, também olharmos para a frente, com o objetivo de fazer valer a pena cada dia que virá.


Hoje percebo que o tempo é o maior ativo que temos, e que mais se deprecia.


E justamente por isso, nessa relação tempo e valor, decidi escrever essa carta, pois ao olhar para trás, percebo erros que eu cometi, e felizmente eu tive tempo, energia e dinheiro para recomeçar.


E por falar em dinheiro, preciso confessar mãe, que muitas vezes enquanto eu aprendia na escola sobre organização financeira, o famoso gastar menos do que se ganha, manter o controle das contas em dia, negociar descontos e prazos eu ficava meio confuso quando chegava em casa e ouvia as discussões dos adultos sobre pagamento atrasado, as perguntas sobre onde o dinheiro estava indo, algumas frases como pagar parcelado que os juros cabiam no bolso. Por alguma razão, as conversas em casa sempre tinham um clima tenso, e as lições lá da escola pareciam tão tranquilas…


Mais tarde, na fase adulta, me vi muitas vezes repetindo esses comportamentos e pensava comigo mesmo: Por qual razão eu não consigo aplicar os ensinamentos que recebi na escola? Enquanto era somente eu, ok, mas depois do casamento ficou ainda mais desafiador e novamente, eu revivia as conversas tensas.


Lembro também mãe dos adultos comentando que precisávamos guardar dinheiro para o futuro, e essa lição eu aprendi bem, consegui guardar, mas ninguém me explicou que guardar não era suficiente, que precisava administrar esses valores, pois as condições econômicas mudam e o que rende hoje não rende da mesma forma para sempre.


Bem, felizmente eu consegui perceber esses erros em tempo de refazer nossa vida financeira de uma forma mais harmônica, mais próspera.

E você minha mãe? Hoje olho para sua rotina e vejo que nessa fase madura da vida, a tão sonhada tranquilidade financeira da aposentadoria não chegou, e o tempo para refazer os erros não é mais o mesmo. Fico honrado em poder ajudá-la complementando sua renda, e fico ainda mais feliz de não precisar abrir mão dos meus sonhos de vida por um orçamento familiar duplicado.


Hoje mãe quero te dizer que através de uma forma não convencional, ou através do famoso ditado “Deus escreve certo por linhas tortas” eu aprendo a maior lição financeira que uma mãe pode passar ao seu filho: ter independência financeira na maturidade.


Sigo com muita atenção e cuidado nas finanças em casa, por vezes dizendo um NÃO aos desperdícios financeiros em forma de consumo exagerado, ou escolhas erradas, decisões precipitadas com financiamentos tão atraentes. Dizer não para quem se ama dói, e por isso, ter esse ensinamento me fortalece. Que eles não precisem dispor do patrimônio para cuidar de quem não pode se cuidar.
É uma honra cuidar dos pais, mas será que eles poderão fazê-lo?


Obrigada minha mãe à vida que me proporcionou para que eu construísse uma condição financeira para sustentar duas famílias, e às lições de aprendizado, que mesmo de forma não convencional, me ensinaram muito.

Lisa Dossi


Mãe, re-casada, formada e pós-graduada em Gestão de Empresas e Empreendedorismo, palestrante, empreendedora, Executiva de Finanças em grandes empresas por 27 anos até a posição de CFO. Fundadora do Instituto Sempre Valiosas, onde ensina Gestão Financeira Estratégica para Mulheres Independentes. Membro W-CFO e IBEF Mulher.

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