A ação da Oi (OIBR3) está tendo uma péssima semana. As ações da tele desabaram -13% na quinta-feira, 10, como reflexo do cenário fiscal e da divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2022, que apontam para um prejuízo de R$ 3,064 bilhões.
Ao final do pregão na B3, as ações fecharam em queda de -13,04%, cotadas a R$ 00,20.
Destaques financeiros
Os resultados ficaram um pouco abaixo das nossas expectativas. Embora o prejuízo tenha apresentado uma queda de -36,3% frente ao resultado negativo de R$ 4,813 bilhões em relação ao mesmo período do ano passado, a receita ficou em R$ 2,77 bilhões, uma redução de -38,7% em relação ao intervalo entre junho e setembro de 2021.
Já o Ebitda teve uma queda de -88%. O operacional foi pressionado pelos custos do legado e de ativos que não vão ser descontinuados, aponta Fabiano Vaz, analista de ações da Nord Research.
“O grande endividamento da empresa reflete em despesas financeiras elevadas e pressionou a última linha do resultado com um prejuízo de R$ 3 bilhões”, disse Vaz.
Queimando caixa
Em linha com as nossas expectativas, o endividamento da Oi teve queda tanto na comparação anual quanto na trimestral, resultado do pagamento de algumas dívidas com as vendas da V.tal e Oi Móvel.
“Mesmo assim, o endividamento da Oi ainda é alto quando comparamos com sua capacidade de geração de caixa — no curto prazo, a tele deve continuar tendo seus lucros espremidos”, discorre.
Nova Oi, grandes desafios
Apesar dos avanços operacionais, de acordo com Fabiano, o cenário para a Oi piorou ao longo deste ano.
“A perspectiva de um período mais longo de juros elevados no mundo é ruim para a tese de investimento de longo prazo da companhia, que possui 70% da dívida em dólar, além de um endividamento alto”, destaca.
Outro grande desafio é conseguir conciliar o pagamento dos seus compromissos e continuar expandindo a fibra óptica.
“A saída da recuperação judicial, que era para acontecer no começo do terceiro trimestre deste ano, parece avançar bem lentamente. Além disso, a sequência de notícias negativas envolvendo os ativos móveis vendidos para TIM (TIMS3), Telefônica (VIVT3) e Claro, acabou derrubando ainda mais o papel”.
Grupamento de ações
A Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da Oi para deliberar sobre a proposta de grupamento está marcada para o dia 18 de novembro.
O objetivo da proposta é promover o enquadramento da cotação das ações de emissão da companhia em valor igual ou superior a R$ 1,00 por unidade, conforme regra para listagem na bolsa brasileira.
Caso seja aprovado em assembleia, ocorrerá o grupamento na proporção de 50 para 1 (50:1). Dessa forma, 50 ações serão transformadas em 1.
Além disso, o capital social da empresa, atualmente com cerca de 6,6 bilhões de ações, passará a ser dividido em aproximadamente 132 milhões de ações. Assim, serão 128,9 milhões ordinárias e outras 3,15 milhões serão preferenciais.
Ainda, será concedido prazo, não inferior a 30 dias, para que os acionistas detentores de ações que desejarem possam ajustar suas posições de ações.
“Mantemos nossa recomendação Neutra para OIBR3, aguardando como o mercado vai reagir após o grupamento, mas principalmente porque o menor percentual na V.tal impactou nossa visibilidade futura da Oi”, disse Fabiano.