À medida que o ano se encerra, o mercado entra em uma fase única, marcada por
festividades e expectativas para o novo ano. Essa última semana do ano, muitas vezes
percebida como um período atípico, traz uma mudança no comportamento dos
participantes do mercado. Enquanto muitos investidores, profissionais e players do
setor financeiro entram em recesso, aproveitando um merecido período de férias e
descanso, o mercado, por sua natureza, permanece ativo.
Por um lado, temos um período de calmaria aparente, com escritórios mais vazios e
decisões de investimento sendo temporariamente postergadas. As bolsas ao redor do
mundo seguem abertas, transações são realizadas, e os preços dos ativos continuam a
se ajustar, refletindo não apenas as condições atuais, mas também as expectativas para
o futuro. Afinal, como diz o famoso ditado “Money never sleeps”.
Durante a última semana do ano, observamos uma diminuição notável no volume de
negociação. O Average Daily Trading Volume (ADTV) sofre uma redução significativa
nesse período, em comparação com a média anual. Dados acumulados desde 1994
mostram que, em 80% dos casos, ou seja, em 23 dos últimos 29 anos, o volume de
negociação diária foi consideravelmente menor na última semana do ano.

Quando abordamos a relação entre volume e volatilidade no mercado, uma ideia inicial
comum é esperar um aumento na volatilidade quando há uma redução no volume de
negociações. Essa suposição parte do princípio de que com menos operações
acontecendo, cada transação individual tem um impacto maior sobre os preços dos
ativos, potencialmente levando a maiores oscilações de preço dos ativos. No entanto,
ao examinar mais de perto a volatilidade anualizada em comparação com a volatilidade,
também anualizada, na última semana do ano, observamos um cenário diferente:
mesmo com um volume de negociações reduzido, a volatilidade também se mostra
diminuída.

Ao analisarmos a volatilidade (desvio padrão dos retornos diários) ao longo dos últimos
20 anos, constatamos que, na maioria dos casos, a volatilidade anualizada da última semana é consideravelmente menor do que a registrada ao longo do ano inteiro. A
exceção a essa tendência foi o ano de 2018, que apresentou uma volatilidade na última
semana do ano maior do que a média anual.

Entendemos que, na última semana do ano, o mercado experimenta uma diminuição
tanto no volume de negociações quanto na volatilidade, por uma a uma combinação de
fatores: muitos participantes do mercado estão em recesso, queda na liquidez global,
escassez de dados econômicos significativos e indicadores importantes sendo
divulgados nesta época. Esse cenário é esperado e alinha-se com o comportamento
histórico.
Agora, surge uma questão: para os investidores que permanecem ativos durante este
período, essa última semana representa uma oportunidade? Para explorar essa questão,
vamos analisar a performance do principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, durante
este período.

Em média, o desempenho foi positivo, com um ganho médio de aproximadamente 1,49%
ao longo dos anos analisados. Isso sugere que, apesar da expectativa de atividade de
mercado reduzida, a última semana do ano não foi, historicamente, desfavorável.
Dos 29 anos analisados, 21 anos registraram desempenhos positivos nos últimos cinco
pregões, enquanto apenas 8 anos tiveram desempenhos negativos. Em anos onde o
desempenho foi positivo, a média de ganhos foi de aproximadamente 2,51%. Por outro
lado, nos anos negativos, a média de perdas foi de cerca de -1,19%.
É essencial enfatizar que os padrões históricos não explicam completamente os
movimentos do mercado, nem garantem resultados futuros. Há uma série de
complexidades e variáveis envolvidas nos movimentos do mercado que vão além dos
dados históricos. Embora esses dados forneçam uma visão geral com base em eventos
passados, cada ano apresenta desafios e oportunidades únicos que podem impactar o
desempenho do mercado de formas imprevistas. Dessa forma, os investidores devem
conduzir suas próprias análises e levar em consideração os fatores atuais ao tomar
decisões de investimento.
Para explorar ainda mais essas análises ou personalizar estudos, entre em contato com
nosso suporte pelo telefone (11) 4081-3800 ou pelo e-mail [email protected].
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