Há algumas semanas a Islândia parou. País com pouco mais de 370 mil habitantes quantidade aproximada da capital do Estado do Espírito Santo, Vitória, viveu um dia com escolas fechadas, atrasos nos metros, e quartos de hotel sujos, serviço essencial, já que sua principal atividade econômica é o turismo. Nação com um PIB (Produto Interno Bruto) per capita da ordem de 74 mil dólares, viu suas mulheres com mais de 50 anos realizarem uma greve simbólica de 1 dia – aderida e estimulada, inclusive, pela sua Primeira Ministra. Elas pressionam pelo fim da desigualdade salarial e da violência de gênero.

Uma pesquisa da Think Olga, divulgada pela Folha de S. Paulo no final de outubro, mostrou que as brasileiras estão doentes! Que elas adoecem mais do que a média global, com prevalência de transtornos mentais e por uso de substância. E que isso se agravou após a pandemia: 45% de nós têm transtornos mentais, representamos 67% dos novos casos de transtornos e 68% dos casos de ansiedade. Segundo o estudo, 86% das brasileiras consideram ter muita carga de responsabilidade superior ao que dão conta, e 48% sofrem com situação financeira apertada. E elencaram as três principais insatisfações em suas vidas: situação financeira, capacidade de conciliar diferentes áreas de suas vidas e trabalhado.

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Ou seja. Nós precisamos de ajuda! Quantas de nós já tiveram burnouts e não tiveram condições de diagnosticar e tratá-lo? As organizações que nos empregam têm um papel fundamental nesta jornada por maior (auto)cuidado e em criar condições de caminharmos para um quadro de equidade!

No mês passado, a pesquisadora e professora de Harvard, Claudia Goldin, foi reconhecida com o Prêmio Nobel da Economia. É a terceira vez, desde 1968, ano da criação dessa premiação, que a honraria é destinada a uma mulher. Esse fato já seria importantíssimo e simbólico, não fosse o foco do seu trabalho ser tão importante. Claudia estuda a participação da mulher no mercado de trabalho e a equidade entre casais desde o início dos anos 90, quando se formou em Economia e foi uma das primeiras mulheres a cursá-lo na instituição.

Após trinta anos pesquisando, o que ela nos mostra é mais visível hoje. Além de sentir na pele, estamos falando sobre isso. E entre 5 descobertas que essa trajetória demostra, detalhas pela Forbes Brasil, há três delas que reforçam o papel das empresas na reversão do que podemos considerar um cenário coletivo de burnout feminino:

  • Mentoria acelera a carreira das mulheres;
  • A desigualdade no mercado de trabalho aumentar e afeta mais após a primeira gestação;
  • O trabalho flexível pode ser uma arma para a equidade de gênero.

As empresas têm um papel fundamental na construção de uma jornada mais empática, possível e construtiva para as mulheres. Hoje, de forma geral, quem está fazendo mais pelas mulheres são elas mesmas. Os grupos de relacionamento e as mentorias têm sido um caminho. E eles podem ser uma inspiração e serem exercitados dentro das organizações, com o apoio institucional dos homens. Já que as mulheres ainda não passam dos 13% a 17% dos cargos de CEOs no Brasil, segundo a Talent Group. A institucionalização de uma diversidade e boas práticas de equidade tem se mostrado o caminho mais frutífero que vemos hoje nas empresas. Mas, infelizmente, ainda está restrito a um grupo seleto e mais estruturado de companhias.

Por Grazieli Binkowski. É integrante e líder do Grupo 80 em 8 do Núcleo Porto Alegre do Grupo Mulheres Brasil. É Jornalista com uma trajetória de mais de 20 anos em Assessoria de Imprensa e Comunicação Organizacional, com atuação na área de Mercado de Capitais e Negócios, Cultura, Educação e Inovação. Desde 2022, trabalha com foco no Relacionamento com a Imprensa para o ecossistema nacional de inovação. É uma das idealizadoras da página Mulheres em Ação junto ao Portal Acionista. Perfil no LinkedIn.

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