A alta do dólar sempre preocupou empresários e investidores. Em novembro de 2024, a moeda americana alcançou a marca de R$ 6,00, um recorde histórico que traz impactos diretos na economia brasileira e afeta o bolso dos consumidores.
Em um mundo cada vez mais conectado, o dólar se estabeleceu como a principal moeda do mercado internacional. A maioria das transações comerciais entre países acontece em dólar, o que torna a moeda americana um termômetro da economia global.
De acordo com Fábio Murad, sócio-diretor da Ipê Investimentos, “as variações do dólar refletem não apenas a situação econômica dos Estados Unidos, mas também as condições políticas e econômicas de cada país”. No Brasil, por exemplo, decisões do governo e indicadores econômicos podem fazer o dólar subir ou cair em questão de horas.
O que faz o dólar valorizar?
Diversos fatores, tanto no cenário internacional quanto no ambiente doméstico, fazem o dólar se valorizar em relação a outras moedas. Os principais deles são:
Cenário Internacional
No contexto global, o dólar valoriza principalmente quando os Estados Unidos aumentam suas taxas de juros. Isto atrai investidores internacionais em busca de maior rentabilidade, o que aumenta a demanda pela moeda americana.
Crises econômicas mundiais também podem fazer o dólar subir. Em momentos de incerteza, investidores procuram ativos mais seguros, e o dólar serve como um “porto seguro” para o capital internacional.
O aumento do preço das commodities, como petróleo e minério de ferro, também pode causar a valorização do dólar, já que estas mercadorias são negociadas na moeda americana.
Cenário Doméstico
Em contrapartida, no Brasil, o dólar tende a subir quando existe instabilidade política ou econômica. Problemas fiscais, aumento da dívida pública ou decisões governamentais controversas podem fazer investidores retirarem seu capital do país.
A redução da taxa de juros no Brasil também pode provocar a alta do dólar. Com juros mais baixos, o país se torna menos atrativo para investidores estrangeiros, que buscam maior rentabilidade em outros mercados.
O déficit na balança comercial, quando o país importa mais do que exporta, aumenta a demanda por dólares e pode contribuir para sua valorização.
O que acontece se o dólar subir muito
Uma alta expressiva do dólar pode causar inflação, já que produtos importados ficam mais caros. Isto afeta desde eletrônicos até alimentos e combustíveis, impactando o custo de vida da população.
Empresas que dependem de insumos importados enfrentam aumento nos custos de produção. Em consequência, podem repassar estes custos aos consumidores ou reduzir suas margens de lucro.
Por outro lado, exportadores brasileiros podem se beneficiar com o dólar alto, pois seus produtos ficam mais competitivos no mercado internacional.
O turismo internacional também sofre impacto, pois viagens ao exterior ficam mais caras para brasileiros, enquanto o Brasil se torna um destino mais atrativo para turistas estrangeiros.
O que faz o dólar desvalorizar
A desvalorização do dólar também ocorre por diferentes motivos, dentre eles:
Cenário Internacional
O dólar se desvaloriza quando os Estados Unidos reduzem suas taxas de juros ou enfrentam problemas econômicos. Isto diminui a atratividade da moeda americana para investidores internacionais.
O crescimento econômico de outros países também pode enfraquecer o dólar, especialmente quando outras moedas se tornam mais atraentes para investimentos.
A queda no preço das commodities pode reduzir a demanda por dólares no mercado internacional, contribuindo para sua desvalorização.
Cenário Doméstico
No Brasil, o dólar tende a cair quando existe estabilidade política e econômica. Reformas estruturais, controle fiscal e crescimento econômico sustentável atraem investidores estrangeiros.
O aumento da taxa de juros no Brasil pode provocar a queda do dólar. Juros mais altos atraem capital estrangeiro em busca de maior rentabilidade.
Um superávit na balança comercial, quando o país exporta mais do que importa, aumenta a oferta de dólares no mercado e pode contribuir para sua desvalorização.
O que acontece se o dólar cair muito
A queda acentuada do dólar torna produtos importados mais baratos, o que pode beneficiar consumidores e empresas que dependem de insumos do exterior.
No entanto, exportadores brasileiros podem perder competitividade, pois seus produtos ficam mais caros para compradores internacionais.
O setor de turismo nacional pode sofrer, pois brasileiros tendem a viajar mais para o exterior, enquanto o país fica menos atrativo para turistas estrangeiros.
A indústria nacional também pode enfrentar maior concorrência de produtos importados, o que pode afetar a produção e o emprego em alguns setores.
Como proteger sua carteira das oscilações do dólar
Para se proteger das variações cambiais, investidores podem diversificar sua carteira com ativos atrelados ao dólar. Fundos cambiais, ações de empresas exportadoras e investimentos no exterior são algumas opções para quem busca proteção contra a volatilidade da moeda americana.
Outra estratégia é manter uma reserva de emergência em diferentes moedas. Isto ajuda a reduzir riscos e aproveitar oportunidades tanto em momentos de alta quanto de baixa do dólar. No entanto, é fundamental consultar um especialista financeiro para definir a melhor estratégia de acordo com seu perfil de investidor e objetivos.
E o que é melhor? Dólar valorizado ou não?
Não existe uma resposta definitiva sobre qual cenário é melhor, pois isso depende do setor econômico e do perfil de cada agente do mercado. Um dólar valorizado beneficia principalmente empresas exportadoras, produtores de commodities, empresas com receitas em dólar e investidores com ativos no exterior.
Por outro lado, um dólar mais baixo beneficia principalmente as empresas importadoras, as indústrias que dependem de insumos importados, os consumidores que compram produtos de fora e os brasileiros que planejam viajar ao exterior.
Para a população em geral, um dólar mais estável e em patamares moderados tende a ser mais benéfico, pois contribui para o controle da inflação e permite um planejamento financeiro mais previsível. O ideal é que a taxa de câmbio reflita os fundamentos econômicos do país, sem volatilidades extremas que possam prejudicar a economia como um todo.
O mais importante é que cada empresa, investidor ou cidadão entenda como as variações do dólar afetam sua realidade específica e tome medidas para se proteger de oscilações bruscas, seja através de instrumentos financeiros adequados ou de um planejamento financeiro consciente.