A Petrobras, uma sociedade de economia mista controlada pela União, acumulou alta de 94,47% nas suas ações preferenciais (PETR4) no ano passado, caracterizando-se como uma das principais valorizações do Ibovespa em 2023. 

Além disso, no dia último 27 de dezembro, a empresa alcançou um pico histórico de maior valor de mercado em seus mais de 70 anos de existência, ultrapassando a marca de R$530 bilhões. Com o bom resultado, nos últimos três trimestres, a Petrobras distribuiu um total de R$73 bilhões em dividendos aos seus acionistas, fator que tenderia a diminuir o valor da empresa. Nos três primeiros pregões de 2024, já acumula alta de 3,70%. 

Contudo, 2023 também foi marcado por notícias adversas para a companhia, como as movimentações das cadeiras de alto escalão, mudanças nos planos de investimentos e dividendos das ações e a alteração da política de preços dos combustíveis, com a empresa deixando a paridade internacional. Esses fatores trouxeram bastante volatilidade para os preços dos papéis da Petrobras, que no início de 2023 caminhavam entre R$16 e R$17, e que encerraram o ano no patamar de R$37,24. 

Para Daniel Abrahão, assessor na iHUB Investimentos, o preço internacional também contribuiu para o crescimento do papel. “O desempenho positivo das ações da empresa deve-se, em grande parte, à escalada histórica dos preços do petróleo nos últimos anos, um movimento também observado em outras companhias petrolíferas ao redor do mundo”, comenta.

O fator guerra para as ações da Petrobras

A intensificação do conflito no Oriente Médio, região reconhecida por abrigar os principais países produtores de petróleo, impulsionou ainda mais o mercado de commodities. O mundo segue atento às possíveis escaladas do conflito em relação aos países envolvidos na produção e atração do petróleo.

Em 2023, Jean Paul Prates admitiu que se o conflito se alastrar pela região árabe, envolvendo os países produtores de petróleo, poderia criar uma situação de volatilidade extrema para a Petrobras.

“Certamente, o preço das commodities, assim como o petróleo no mercado global, pode sofrer mudanças drásticas devido a eventos políticos, conflitos regionais ou geopolíticos em áreas-chave de produção de petróleo”, explica Abrahão.

A política de dividendos da empresa

A elevação dos preços do petróleo oferece às empresas envolvidas na exploração, produção ou venda deste recurso a oportunidade de comercializá-lo a valores mais altos, resultando em um aumento nas receitas e, potencialmente, nos lucros, sem necessariamente um aumento proporcional nos custos.

Além disso, o desempenho positivo das ações é respaldado pelos dados operacionais que registraram um um aumento de 8% na produção em relação ao trimestre anterior, devido à entrada em operação de novas plataformas e à otimização das existentes no pré-sal.

Quando uma empresa distribui dividendos aos acionistas, ela diminui o valor de mercado, transferindo as contas da empresa para os recursos das contas dos sócios. É comum haver confusão entre os investidores em relação a essa situação.

“Quando uma empresa paga dividendos, o preço da ação tende a diminuir. Para ilustrar, se uma ação está avaliada em R$100,00 e paga 10% de dividendos, o valor da ação passa a ser R$90,00. No entanto, o efeito prático disso no patrimônio do investidor é neutro”, diz Daniel.

Outros fatores de influência em 2024

A longo prazo, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento são fundamentais para a otimização, especialmente, da exploração de águas profundas, área na qual a Petrobras é considerada um caso de sucesso global.

Nesse quesito de investimentos internos, estratégias de alocação financeira em pesquisas e tecnologia mal sucedidas podem ter impactos diretos nas contas da empresa.

Além disso, um fator de influência a médio e longo prazo é a evolução da tecnologia em outras fontes energéticas, como a energia solar e eólica. Essa mudança na matriz energética global é impulsionada pelo interesse mundial em fontes mais limpas e sustentáveis.

“A Petrobras, uma empresa significativamente estatal em suas cargas executivas, é impactada por regulamentações e políticas governamentais, como mudanças regulatórias ou políticas públicas relacionadas ao setor de energia. Adicionando aos fatores normativos, estão as flutuações cambiais e os potenciais desastres naturais e ambientais, que também têm impacto sobre a Petrobras e suas operações”, finaliza o especialista.

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