Quais são os temas ESG mais importantes e fundamentais que todas as empresas com atividades no Brasil deveriam relatar? A pergunta-chave é base de pesquisa da GRI (Global Reporting Initiative) ora sendo distribuída para várias pessoas e instituições que utilizam o conceito ESG (em inglês, gestão ambiental, social e governança) no seu dia a dia de trabalho.

A pesquisa garante o sigilo dos respondentes e pede enfoques econômicos considerando todas as empresas, independentemente do setor ou do espaço territorial em que atuam.

Não custa lembrar que a Global Reporting Initiative é uma ONG internacional, focada especialmente nas Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade (produzindo indicadores, adotados pela grande maioria das companhias brasileiras) e é dirigida por Gláucia Terreo, no Brasil.

Para o consultor de sustentabilidade Claudio Andrade, que colabora na disseminação da pesquisa, os aspectos mais relevantes no Relatório são a Governança Corporativa; a Diversidade e os Direitos Humanos.  “É preciso olhar para estes aspectos macro na temática ESG, porque índices como consumo de água e de energia já são reportados”, destacou ele pra coluna.

XP

Em Fato Relevante, a Itaúsa informa que no próximo dia 1º de Outubro haverá AGE para deliberar sobre a incorporação da XPart pela XP.

Em sendo aprovada a operação, nesta assembleia, “Itaúsa e IUPAR passarão a ser parte do Acordo de Acionistas da XP, entrando em vigor os termos e condições descritos no Fato Relevante de 1º de fevereiro de 2021 da Itaúsa, principalmente quanto ao direito da Itaúsa e da IUPAR de indicarem membros ao Conselho de Administração e Comitê de Auditoria da XP”, destaca o comunicado.

OPÇÕES

Na semana recém-encerrada, a B3 movimentou R$ 14,6 BI com o exercício de opções. Apresentando total de 119.244 contratos negociados, a Bolsa registrou R$ 595.051.000,00 em opções de compra e R$ 14.038.577.000,00 em opções de venda. 

ETF

Desde o  dia 18 a B3 tem mais um produto sendo negociado. São cotas do ETF Hashdex Nasdaq Ethereum Reference Price Fundo de Índice. Sob o ticker ETHE11, o produto replica o índice Nasdaq Ether Reference Price, que traz em tempo real o preço de referência da criptomoeda Ether.

Com o nome de pregão HASHDEX ETH, o fundo gerido pela Hashdex Gestora de Recursos oferece a possibilidade do investidor  alocar em sua carteira a segunda maior criptomoeda do mercado, de forma regulada. Produto é destinado ao público investidor em geral.

BDR

Ativos globais podem ser obtidos, a partir do Brasil, por meio dosBDRs. Mas se o investidor ainda não conhece todo este leque de possibilidades, vai uma dica: no Clube Acionista você acessa gratuitamente as carteiras BDRs das principais corretoras, consegue ler na íntegra as recomendações e analisar um ranking com os ativos mais recomendados em cada mês.

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MODESTO

De passagem pelo Senado, na sexta, o ministro Paulo Guedes, da Economia, voltou a defender a reforma do IR e disse que a alíquota de 20% sobre os dividendos é “um imposto muito modesto”.

IPO

A Ambipar, uma vez mais, se destacou no noticiário da semana ao publicar Fato Relevante enfatizando: “… informa aos seus acionistas e ao mercado em geral que foi apresentado, nesta data (18 de agosto), pedido de registro da oferta pública inicial de distribuição primária de ações ordinárias de emissão da Environmental ESG Participações S.A. (“Ações” e “ESG”, respectivamente), controlada da Companhia que consolida as atividades do segmento Environment que contempla (i) soluções ambientais relacionadas a gestão e valorização de resíduos pós e pré-consumo e (ii) gestão de gases do efeito estufa e originação de créditos de carbono, a ser realizada no Brasil, em mercado de balcão não organizado, nos termos da Instrução CVM nº 400, de 29 de dezembro de 2003, conforme alterada (“Instrução CVM 400”)…”

COMANDO

Ainda no comunicado da Ambipar é observada a troca de comando: “…No contexto da preparação para a Oferta, a então Diretora Presidente da Companhia, Sra. Izabel Cristina Andriotti Cruz de Oliveira renunciou a seu cargo, tendo sido eleita para ocupar o cargo de Diretora Presidente da ESG. Em substituição a ela, o Sr. Leon Tondowski foi eleito, nesta data, como Diretor Presidente da Companhia…”

MIGRAÇÃO

O ingresso do Grupo Dimed no segmento do Novo Mercado da B3 está cada vez mais próximo de ser anunciado. Em Assembleia Geral Extraordinária realizada na última quinta-feira, a empresa gaúcha obteve a aprovação de seus acionistas para realização das alterações exigidas para conclusão de seu processo de migração.

Na oportunidade, também oficializou a eleição do segundo membro independente do Conselho de Administração, a psicóloga Clarice Martins Costa, primeira conselheira da companhia, representando a ascensão das mulheres em todos os níveis hierárquicos do grupo, bem como seu engajamento na promoção da diversidade.

TRETA

Em Fato Relevante publicado no dia 20 (6ª), a Eternit (em recuperação judicial) informa que a companhia “foi notificada pelo Juízo da Comarca de Uruaçu-GO por meio do mandado de citação e intimação recebido em 19/08/2021, tendo tomado conhecimento da Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público Federal, cuja decisão liminar proferida determinou a imediata suspensão das atividades da sua controlada Sama S.A Minerações Associadas (“Sama”), com sede na cidade de Minaçu-GO”.  

E acrescenta: “A companhia paralisou suas atividades e está envidando todos os esforços necessários para reverter a referida decisão liminar, demonstrando a regularidade da sua operação, amparada na Lei do Estado de Goiás n. 20.514/19, regulamentada pelo Decreto 9.518”.

DADOS

A Hitachi Vantara, empresa global de armazenamento e gerenciamento de dados, atualizou a infraestrutura de TI da JBS, reconhecida como uma das empresas líderes globais da indústria de alimentos. Com o aumento das demandas por dados, a JBS precisou implementar um processo de atualização tecnológica, com recorrência a cada cinco anos. A atualização mais recente foi em 2020, e teve como objetivo dar suporte ao crescimento dos departamentos de negócios, incluindo administração, vendas e marketing.

BRAND

A Suzano foi destaque no ranking Brand Finance Brasil 50 2021 como a empresa de maior crescimento em valor da marca. Entre os critérios analisados estão reputação, inovação, custo-benefício, relacionamento emocional, recomendação e qualidade. Cabe destacar também que depois da fusão com a Fíbria, em 2019, a Suzano passou a ser avaliada em R$ 2,9 bilhões. 

O ranking contou com a resposta de mais de 50 mil consumidores e dados financeiros coletados em 29 países. O crescimento de 184% no valor da marca da Suzano foi impulsionado por seus resultados financeiros, metas de longo prazo “e, também, chamadas de compromissos para renovar a vida, com foco em mudanças climáticas, redução da pobreza, sustentabilidade, além de diversidade e inclusão” – destaca a assessoria.

A companhia pretende, até 2030, oferecer 10 milhões de toneladas de produtos de origem renovável, desenvolvidos a partir da biomassa, remover mais de 40 milhões de toneladas de carbono da atmosfera e ainda contribuir diretamente para que 200 mil pessoas instaladas nas regiões onde atua saiam da linha da pobreza.  

ARTIGO

Uma visão fora da caixa sobre COP26, carbono e mudanças climáticas

(*) Luis Felipe Adaime

Felizmente, o debate sobre a existência de mudanças climáticas e sobre se nós causamos impacto no clima do planeta está acabando: quase não há mais dúvidas.

Infelizmente, pela pior razão imaginável: porque estamos presenciando cada vez mais, em nosso dia a dia, os impactos negativos das ações do homem na terra.

Incêndios catastróficos na Califórnia, no Pantanal na época chuvosa, temperaturas recordes registradas no mundo todo, 49 graus no Canadá, aumento do nível do mar e ameaça a ilhas no Pacífico, enchentes na China e Europa. Imagino que nem o maior negacionista consiga mais tapar os olhos frente ao desastre ambiental que se consolida na Terra – eles devem estar morrendo de medo, como o resto de nós.

A mídia internacional tem dado maior destaque para o tema da sustentabilidade, e parece que falar em ESG e “produtos carbono zero” tornou-se uma “modinha”, mas é um movimento estrutural, que veio para ficar. Tanto pelas razões acima, de sentirmos na pele o castigo climático de nossas irresponsabilidades do passado, como também pela emergência dos millennials – pessoas de 20 a 40 anos -, que se tornaram o grupo demográfico mais numeroso do mundo. Esse grupo hoje em dia representa 30% da população global, 50% da força de trabalho, e em 5 anos será 70% da força de trabalho do mundo.

Mas o que tudo isso de “millenials” têm a ver com a COP 26 e créditos de carbono?

TUDO. Há uma visão prevalecente desde a Eco 92 no Rio de Janeiro que os governos terão que forçar empresas e pessoas a serem menos poluentes e, consequentemente, emitirem menos carbono. É uma visão estadista, de que a solução tem que ser imposta de cima pra baixo, e de que consumidores e investidores não exigirão jamais que as empresas que fornecem seus produtos e serviços mitiguem seu impacto ambiental ou reduzam suas emissões de gás de efeito estufa.

Essa visão pode estar defasada e pode ser que a solução para o planeta via governos seja morosa demais. Felizmente, a solução já está se dando, mas de baixo para cima, via forças de mercado, de demanda e oferta. Vejam, já há mais de duas décadas que os governos do mundo se encontram nas COP (Conferências das Nações Unidas sobre mudanças climáticas). Já tivemos 25 delas – a próxima, a vigésima sexta, será em novembro de 2021, em Glasgow, na Escócia – e os resultados dos esforços governamentais têm ficado, infelizmente, aquém do necessário para reduzirmos emissões.

Você provavelmente já leu sobre o Protocolo de Kyoto, créditos de carbono e mais recentemente sobre o Acordo de Paris. Em relação a esse último, caso tenha se aprofundado, deve ter lido algo sobre o artigo 6. Criou-se uma expectativa enorme que, dado o impacto exponencial das mudanças climáticas em nosso dia a dia, e que o tema ambiental está “em voga”, que haja maior pressão dos países partícipes em chegar a um acordo sobre as regras e funcionamento do notório artigo 6, que possibilita a criação de um mercado global de carbono

O argumento, válido a meu ver, é que devemos seguir as decisões e consequências desta Conferência, e torcer pela aceitação de créditos de carbono florestais e de desmatamento evitado (protocolo chamado REDD+). Devemos torcer porque há um potencial gigantesco para o Brasil se e quando os governos globais se alinharem num mercado global de carbono. Como temos 40% das florestas tropicais do mundo, e como (de acordo com a FAO) temos mais de 50% do carbono do mundo (mais que a soma do 2o ao 11o colocados), poderíamos conservar nossas florestas, gerar milhões de certificados digitais chamados créditos de carbono, e vendê-los a empresas e governos de países desenvolvidos.

A gestora global Schroders estima que a economia brasileira poderia crescer 6% a 7% ao ano se o Brasil atingir seu potencial de certificação de 1,5 bilhão de créditos de carbono ao ano – vendidos ao preço atual europeu de US$ 60, esse valor seria de US$ 90 bilhões de exportações (e portanto entrada de dólares) a mais para o país. A COP26 pode ser uma grande oportunidade para o Brasil, mas não é nossa única esperança.

Fluxos para fundos ESG (que usam métricas socioambientais e de governança para investimentos) aumentaram de US $100 milhões em 2019 para estimados US $60 bilhões em 2021. E gestores de fundos ESG exigem que as empresas calculem e compensem suas emissões através de maior eficiência energética e a compra e aposento de créditos de carbono

Há mais uma questão de mercado e competição comercial que está levando a pressão pela imposição de tarifas de carbono: empresas de países desenvolvidos, onde a compensação já é obrigatória, estão começando a exigir que seus reguladores e associações comerciais cobrem tarifas de importação de países onde não há compensação por emissões de carbono. A União Europeia anunciou o “Fit for 55”, programa no qual já ameaça a imposição de tarifas de importação sobre produtos importados de setores intensivos em carbono, de países que não compensam emissões.

E, convenhamos, difícil de argumentar por um mercado global onde empresas chinesas, americanas ou europeias têm que pagar por carbono, e empresas brasileiras não tem essa obrigação. Essa distorção será corrigida, mais cedo ou mais tarde, via exigência comercial de compensação dos produtos brasileiros

Consumidores e investidores exigindo, as empresas vão capturar essa exigência e passar a calcular suas emissões de gás de efeito estufa. O que fazem as empresas após saber quanto poluem? Compram créditos de carbono no mercado voluntário, que é global e autorregulado. Resultado: os preços de crédito de carbono triplicaram globalmente no último ano, para uma média de 7,5 dólares.

Resumo: acompanhemos a COP, sem stress ou angústia. O planeta só tem a ganhar.

Se os 195 países, de Vanuatu a Índia a China e EUA, chegarem a um acordo sobre como deve funcionar o mercado: ótimo! Excelente notícia.

Se decidirem que créditos gerados por conservação de florestas e desmatamento evitado, melhor ainda: mais um grande aval para o mercado privado e voluntário de créditos. E uma grande notícia para o Brasil, que deve ter seus créditos florestais mais valorizados no mercado internacional.

Agora, se nada de pragmático acontecer na COP 26, o mercado continuará entrando em ação. Consumidores e investidores (especialmente os mais jovens) continuarão exigindo que seus produtos não prejudiquem a natureza, empresas continuarão acomodando essas demandas e se mexendo para vender mais, e o mercado salvará o planeta.

Então, em novembro, faça sua pipoca e assista a COP 26 calmamente: o mercado já está ajudando a resolver o que estarão discutindo ali na telinha.

*Luis Felipe Adaime é CFA, fundador da bolsa de carbono Moss, especialista em Economia pela Universidade de Stanford com mais de 18 anos de experiência no mercado financeiro. É criador e CEO da MOSS, apaixonado pela Amazônia e melhorando o mundo para Olivia e Gabriel. 

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