Por: Tayllis Zatti

A fala do nosso ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, no começo dessa semana, levantou uma importante questão: o choque no preço do Petróleo que estamos observando, possui impacto direto nas principais bolsas mundiais?

Vamos ao dado chocante? Apenas neste ano, a commodity já subiu cerca de 60%, e tende a avançar ainda mais com a chegada do inverno no Hemisfério Norte. 

O fato é que os impactos de um petróleo mais caro variam em todo o mundo. Economias emergentes, por exemplo, com déficits em conta corrente e fiscais, correm o risco de sofrerem grandes fugas de capital e a observarem a desvalorização das suas moedas.

Já os mercados exportadores, podem registrar um aumento nas receitas corporativas e dos governos. Os importadores, por sua vez, arcam com os custos nos postos de gasolina, potencialmente acelerando a inflação.

Um choque geral nos preços também teria uma série de consequências na demanda global, que já está fraca. Uma análise do FMI, em 2017, por exemplo, constatou que um choque de desvio-padrão por um ano na oferta de petróleo – em que a cotação subiria mais de 10% – reduziria o PIB global em cerca de 0,1% por dois anos.

Mas afinal, esse cenário afeta a bolsa e, consequentemente, seus investimentos?

A correlação entre os mercados é clara. Mas vamos por partes! Correlação é uma das estatísticas mais comuns e mais úteis, principalmente se você opera no mercado financeiro. Ela é um único número que descreve o grau de relação entre ativos, sendo medido numa escala de -1 a +1. Ou seja, uma correlação positiva perfeita entre dois ativos será de +1, e uma correlação negativa perfeita será -1, com graus de variação, claro.

Esse conceito pode ser tanto usado para ações individuais, ou para ativos, além de mostrar como mercados mais abrangentes se movem um em relação ao outro. Vou te mostrar agora um exemplo claro de como funciona a correlação ao analisarmos a Petrobras.

A empresa e o barril de petróleo oscilam de forma diretamente relacionada. Conforme o preço do barril do petróleo evolui, é esperado que a receita da empresa também faça o mesmo. Dessa forma, um aumento no valor da commodity, é acompanhado por um aumento no valor de mercado da Petrobras. PETR4, por exemplo, subiria quase imediatamente a uma elevação significativa, não importa a razão.

Entenda também que os mercados financeiros são sistemas ligados por vasos. Se o valor das obrigações descer ou subir significativamente, isso pode influenciar o preço das moedas e das ações. Não é uma regra generalizada, claro, mas há instrumentos que historicamente se movem juntos.

Assim, as moedas também sentem o impacto. O dólar canadense é um exemplo perfeito disso. Se o preço do petróleo aumenta, o mesmo acontece, em regra geral, ao CAD e vice-versa. Sendo assim, uma correlação positiva. Se o petróleo sobe, o CAD sobe. Se o petróleo cai, o CAD cai. Fácil de entender?

A razão disso é o Canadá ser um dos maiores produtores de petróleo em todo o mundo. A economia do país é conhecida por suas reservas e produção de petróleo, algo raro em países desenvolvidos.

Voltando aos dias atuais, o governo americano deseja ver agora a oferta de petróleo aumentar e estuda formas de viabilizar isso. “Biden quer um melhor equilíbrio entre a demanda e a oferta de petróleo”, disse uma secretária da Casa Branca na tarde de hoje. Isso traria um maior equilíbrio no preço da commodity no mundo.

Deixando agora o Petróleo de lado, quero lembrar que a divulgação dos resultados das empresas nesse 3T21 continuam a todo vapor. Na sexta-feira, vamos conferir alguns dos destaques dessa semana. Para conferir desde já a agenda completa dos resultados, clique aqui!

Últimas do dia:

#CEAB3 #BBDC4 – C&A concluiu negociações com o Bradesco para oferecer serviços e produtos financeiros que eram até então explorados exclusivamente pelo banco nas lojas da rede. A companhia vai lançar já no mês que vem o C&A Pay.

#MTRE3 – Mitre aprovou o pagamento de R$12,4 milhões em dividendos intercalares, o equivalente a R$0,12 por ação ordinária; ex em 18/11. Para conferir nossa agenda completa de proventos, clique aqui!

#PRIO3 – PetroRio: A produção total de petróleo em outubro atingiu 31.480 barris de óleo equivalente por dia (boepd), ante 31.044 barris em setembro, alta de 1,40%.

#QUAL3 – A Qualicorp anunciou que concluiu a aquisição de 100% do capital social da Elo Administradora de Benefícios e da APM Assessoria Comercial e Corretora de Seguros, passando a ser a única sócia do Grupo Elo. O valor da operação foi de R$129,5 milhões.

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