Há 20 anos, antes das políticas de juros zero e, posteriormente, negativos, antes dos estímulos monetários quantitativos e das recompras de ações, dados ruim da economia afetavam o mercado de maneira análoga. Índices positivos para a economia eram vistos como bons pelo mercado. Uma era mais simples.

Depois da implementação de todas essas políticas monetárias modernas, o mercado ficou tão dependente das atitudes do Banco Central americano, o FED, que reage principalmente em linha com aquilo que vai permitir os juros ficarem mais baixos, de forma bullish, ou o que vai fazer com que o juros subam, ficando bearish.

Com isso, chegamos a divulgação do dado de emprego americano, o payroll, que veio relativamente em linha com o esperado, diferente das últimas divulgações, porém, um pouco mais forte que o consenso: foram criadas 315.000 vagas de trabalho contra uma expectativa de 298.000.

Sem dúvida, um dado bom para a economia americana, mas não necessariamente para os mercados. Desde a mudança de tom do presidente do FED em Jackson Hole, o mercado vem se equilibrando em preços mais baixos, chegando a ter caído quase 10% de sua máxima num movimento bem direcional. Isso poderia ter sido mudado hoje com a divulgação de um número que mostrasse a economia, e principalmente, o mercado de emprego mais fraco. Mas aconteceu o contrário e isso importa porque uma das partes mais chamativas do discurso do Powell foi que ele subiria os juros até um ponto que o mercado de trabalho iria sofrer, e que isso valeria a pena, e isso seria um preço necessário a pagar para trazer a inflação para patamares aceitáveis.

Logo, esse dado divulgado tem uma certa importância especial e apenas reforça o novo cenário mais restritivo que o mercado tem colocado nos preços. A reação inicial foi positiva, mas acredito que isso não deve durar, algo que ocorre com uma certa frequência: muitas vezes, o mercado vai para uma direção logo após a divulgação de um dado e depois corrige.

Eu não me animaria com essa reação inicial, e talvez para alguns, seja até uma oportunidade para sair, reduzir risco, ou para os mais ousados, entrarem com posições contrárias.

Pessoal, dia 12 de setembro, eu e a equipe da INV, mais o Pedro Cerize e o Mario Sabino te esperamos para um evento especial, nosso primeiro presencial desde a pandemia. Conheça mais sobre o Inv Talks aqui.

 Rodrigo Natali, estrategista-chefe na Inv Publicações.

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