Prof. Rodrigo Antonio Chaves da Silva

Contador e Administrador

“Existe independentemente da inteligência essa harmonia que a inteligência humana julga descobrir na natureza? Não… Essa harmonia é, pois, a única realidade objetiva, a única verdade que possamos atingir… é a origem de toda a beleza”. Henry Poincaré, O valor da ciência, p. 14.

“Comparamos o papel de um pesquisador ao de um detetive que, após coligir os fatos necessários, encontra a solução certa por meio do pensamento puro” – Albert Einstein e Leopold Infeld, A Evolução da Física, p. 67

“Segundo o critério aqui indicado, quem possuísse amplos conhecimentos filosóficos, sabendo lecioná-los, escrever e discutir sobre eles, mas sem convicção pessoal e sem amor, poderia ser chamado de filósofo, em sentido secundário e derivado, por ser apenas um profissional da filosofia. Ao contrário, uma pessoa com cultura mais limitada, que, guiada pelo bom senso e pela lógica natural, chegou a convicções válidas sobre os temas centrais da Filosofia, é filosofo de modo mais autêntico e verdadeiro. Alguém é filósofo não pela quantidade da sua ciência, mas pela qualidade da mesma” – Pe. Carlos Beraldo S.J (Meu depoimento simples e panorâmico: In: Rumas da Filosofia atual no Brasil. São Paulo: Loyola, 1976, p. 145) (grifos nossos) 

Morreu no último dia 24 deste mês de Janeiro deste ano, o professor Olavo de Carvalho, um autor de dezenas de livros, e milhares de artigos, um autêntico filósofo na concepção correta do termo – reforçada pelo Pe. Carlos Beraldo citado anteriormente -, figura ímpar do pensamento conservador, e líder de uma escola filosófica de milhares de alunos e discípulos; deixou ele esposa, cerca de 8 filhos e 16 netos. Um escritor e pensador que merece uma sincera homenagem devido ao seu valor cultural. Foi devido e justo, o luto que a presidência da república fez em seu intento, pela deferência ao seu passamento.

Duas palavras são básicas para aqueles que compuseram uma obra a nível nacional, de prestigio científico-filosófico: uma é o reconhecimento e a outra é a gratidão. O reconhecimento pelo que a pessoa dedica em favor do saber, o seu tempo, a sua família, e todas as demais renúncias, e outra é o agradecimento por ter feito algo em favor da coletividade, da cultura nacional, da sociedade brasileira. Ambas merecem o nobre escritor pelo seu trabalho invejável à frente do pensamento conservador e republicano da nação brasileira.

Toda cultura tem os seus heróis que vencem pelo poder do intelecto e da razão. Embora muitos não gostem, alguns até odeiem os nomes da literatura, temos que garantir a relevação dos nomes de nossa inteligência. Não temos dúvida que um desses nomes da atualidade, no setor do conhecimento, da filosofia, do saber, é o professor Olavo de Carvalho. Sua obra e seu pensamento vão perdurar muita discussão na academia e também nos setores gerais do diálogo político público da mídia.

1 – Os primeiros contatos com as ideias e a obra do professor Olavo de Carvalho: um pouco de sua trajetória

Em 2015, por conta de conversas com um amigo de Universidade, passei a me aproximar do mestre Olavo. Estava fazendo uma pesquisa e procurando trabalhos, vídeos, e artigos jornalísticos sobre o assassinato de cristãos. Eram poucos os jornalistas que denunciavam estas condições, ou estes fatos. E muitos jornais, até alguns canais, simplesmente omitiam esses acontecimentos.

Parecia ao mundo secular um orgulho grande saber que cristãos morreram e não dar importância para tais fatos, enquanto para alguns membros de ideologias até satânicas, era inadmissível a morte, sendo honrados como eternos, e ademais, muito menos, era aceitável a discordância, sendo tratados por sentimento de vingança e ódio as simples manifestações contrária aos “ícones”, que no fundo eram terroristas e assassinos.

Veja como a mídia trata alguns políticos partidários da ideologia marxista, veja como é o tratamento dos cristãos. Há uma disparidade muito grande.

Pois bem, nesta pesquisa que comecei a ver a coragem do exímio jornalista paulista em denunciar estas questões, e ainda, colocar pontos de vista contrários ao extermínio de cristãos. Fora a sua ideia em favor da liberdade religiosa. Ele foi até premiado por um livro que escreveu sobre a cultura religiosa mulçumana, sobre o islã. Era realmente uma visão muito rara naquela época. Só que suas manifestações datavam de anos antes (no início da década de 90). Eu só peguei os seus feitos por causa dos registros no ano que estava pesquisando.

Desde então, de 2015 até os dias atuais, tive uma boa impressão dos estudos do mestre Olavo de Carvalho, não somente de sua obra, seus livros, porém, seus artigos que no setor da filosofia e do conhecimento eram muito interessantes e nos fazia aprender cada vez mais.

O seu estilo era de uma procura na holisticidade em torno da explicação de um problema. Crítico era da Universidade formal pela ideia que tinha de formação industrial, e não uma formação personalizada. Percebi que esta metodologia poderia agregar e muito à minha formação universitária, como fez. Algumas das vezes, eu o citava formalmente, outras vezes também, utilizei suas bases para escrever alguns ensaios de conhecimento, alguns desses publicados, outros não. Em resumo, passei a aprender muito com o mestre Carvalho.

No decorrer dos estudos, procuramos saber um pouco da história do mestre, este que era da linha comunista na década de 60, membro de um partido socialista, e atuava pregando nas entrelinhas o comunismo nos jornais que era empregado, até ter um despertar na década de 80.

 Seus estudos pessoais lhe fizeram aprofundar mais no setor de filosofia, tendo uma das melhores e maiores bibliotecas independentes do país. A sua biblioteca era uma casa grande. E os seus artigos alcançavam milhões de leitores, inclusive o seu canal tinha/tem mais de um milhão de inscritos, e milhares de visualizações diariamente. Portanto, alcançava mais público e mais ênfase no debate nacional, de modo mais amplo que os jornais tradicionais impressos e até virtuais. Por sua postura simples e ao mesmo tempo coloquial, ele desagradava a muitos porque desnudava estratégias políticas de grupos de domínio. Acabou sendo um dos filósofos atuais mais conhecidos

2 – O trabalho, a linha doutrinária, e as denúncias de Olavo de Carvalho

O mestre Olavo era um autodidata inalcançável. Com sua metódica de ler quase cem livros por ano, muito conseguiu chegar quase na marca de cem livros editados. E milhares de artigos. Fora os ensaios que praticava nos seus cursos, compostos por milhares de alunos (inclusive eu também compus o seu quadro de cursos avulsos, recentemente numa aquisição muito proveitosa que também me fizera crescer em conhecimento).

O mestre Olavo começa as suas análises no campo do estudo dos astros. Um campo que era muito mal interpretado como o é até hoje, pois, alguns pensam que está volvido ao esoterismo, à magia, à crendice, todavia, as bases desse setor do conhecimento estava localizada na análise filosófica. Aristóteles, Tomas de Aquino, eram astrólogos no sentido filosófico. Os reis magos também. O que o mestre queria produzir e conseguira aprofundar, era que há uma relação entre os astros e os seres desse plano. Suas sínteses se editaram em obras. E a astrologia era cadeira universitária em filosofia, tal qual a geografia astronômica era matéria dos cursos de Contabilidade. Essa cátedra então, reconhecida ainda por grandes autores como o Padre Lima Vaz, e outros grandes professores de astrologia, fora pois totalmente deturpada por parte dos que não conheciam os conteúdos, e misturavam-na com o esoterismo. Alguns usavam esta primeira linha colocando no mestre paulista pechas no setor da linguagem meramente esotérica, o que fora uma falsa interpretação. Mas quando era devoto do comunismo, publicamente defensor de tal linha, o fato de usar estas bases não incomodava a ninguém…

Os estudos do mestre Olavo foram se intensificando ainda no setor da política. Esta linha mais forte que permitiu-lhe o maior alcance do debate público mais ferrenho. Na década de 80, após muito tempo despendido, e uma leitura de mais de mil livros sobre o comunismo, começa a fazer denúncias fortes, e ainda declarações com base em suas análises documentais sobre o movimento esquerdista, dizendo que a extrema esquerda estava se aparelhando, crescendo, e se abrangendo de maneira notória. Muitos não lhe acreditavam, mas os fatos que analisava eram evidentes. Lendo os anais e as provas das resoluções partidárias, ele concluiu uma trama perigosa para a nação. Uma hegemonia que volvia-se somente para o setor da esquerda, e para o comunismo. Ele não poderia ficar calado. Portanto, fizera largas denúncias na mídia, inclusive fazendo programas de televisão com os seus próprios recursos, a exemplo o “Mídia sem Máscara”. Programa este que coroou as suas investigações e denúncias.  

Mormente, mantém as suas convicções e continua o seu trabalho dentro da filosofia. Na realidade, a filosofia tem o setor de política. Pitágoras considerava dois tipos de filósofos: os políticos e os matemáticos. Aristóteles cria o setor da política, que no fundo era mais o de arte contábil, gestão, estudo do patrimônio, análise administrativa, administração, comportamento patrimonial, etc. O conceito tradicional da política como a arte para bem governar, era disposto por todos os gestores e todos os grandes filósofos. O mestre Olavo não passou batido nesta área, procurando entender especialmente como o movimento de esquerda estava muito bem orquestrado e qual era a sua estratégia política. Visto que era do mesmo movimento, todavia, congregado como se fosse uma hipnose alternativa. Ao conhecer as origens, resolveu discordar. E a nível público e nacional. Comprovando diversas coisas que não eram citadas na grande mídia. 

Ele provou, e declarou em seus artigos, que o regime militar na verdade não era um movimento conservador, mas positivista, mormente, solicitado em certos tons naquela época. Ele ressaltava a “marcha em favor de Deus e da família” que foi o movimento que clamou pelo regime militar e pela moderação dos militares nas forças democráticas. Igualmente, que não fizera tal regime nada em oposição real ao movimento comunista, no fundo a reação contra a guerrilha fora apenas consequencial. O movimento socialista em verdade, estava se ampliando no mundo, porque a guerra era cultural.

 No setor de conhecimento, realmente, crescia o movimento socialista, e se mantinha numa hegemonia total. Então, no Brasil, de modo impressionante: a grande maioria dos jornais, Universidades, escolas, programas de televisão, e até grupos da Igreja Católica estavam trabalhando em favor do regime de modo indireto e direto. Era assustadora esta condição, porque numa democracia não pode prevalecer uma linha apenas; numa guerra cultural não pode haver apenas um lado, mas diversos. Especialmente, tinha que haver uma oposição à esquerda, que seria o movimento conservador, este estava caindo cada vez mais. Poucos eram os liberais, e muitos deles estavam ligados à esquerda. Sem contar que os partidos liberais contados eram apenas um: o antigo PFL – Partido da Frente Liberal -, o resultado disso para o mestre seria uma conquista de território cultural, econômico, e cultural, por no mínimo 30 anos. E a coisa foi se intensificando mais.

O mestre Olavo das mãos de um amigo, conseguira atas de movimentos esquerdistas que reuniam tanto sociedades criminosas de cunho internacional, como sociedades políticas nacionais com partidos políticos inclusos. O movimento era ocultado pela grande mídia. Junto a isto, o crescimento da cultura esquerdista no Brasil na década de 90, era monstruoso. No cenário da política, Éneas Carneiro, escritor, doutrinador, médico, homem correto e estudioso, era taxado como “fascista”, parecia a única voz isolada (por aí se vê a violência do movimento hegemônico ideológico). Enquanto os que conquistavam o campo político estavam pois no mesmo lado: a social-democracia e a esquerda extrema, socialista mesmo.

O futuro do país poderia estar ameaçado porque era mister que houvessem linhas políticas e conservadoras que pudessem não apenas oferecer oposição, mas se mantivessem de pé em busca de uma democracia livre e também conservadora. Isso foi se extinguindo no início do século XXI, com a mais crescente vitória da esquerda no país em 2003, e o predomino de grupos dos mais corruptos que se mantiveram quase 20 anos no poder. Em verdade, a esquerda desde a nova República esteve no comando, seja na linha moderada (social democracia), seja na linha extremista (socialista e comunista).

Neste panorama, a estratégia política adotada no Brasil era teorizada por Lênin no seu livro “As duas vitórias” (publicado pela editora “Vitória”, esta responsável por todas as edições das obras do ditador no Brasil), a qual ele coloca a linha da dupla via (hoje eles chamam de “terceira via”), que ofereceria duas possibilidades, porém da mesma ideologia. Como se fossem cara ou coroa. Duas faces da mesma moeda. Esta tática depois se chamou “das tesouras”, porque ambas lâminas cortam um pano, sendo uma só ferramenta, logo, as ideias laminares da mesma ideologia comunista-marxista cortavam retamente o pano social da nação.

Eram dois lados da mesma corrente, dois partidos de “oposição” mas com o mesmo objetivo. Um chamado de “direita” e o outro de “esquerda”, porém, ambos eram esquerda. Um, a esquerda comunista e escancarada, o outro a esquerda moderada. Lembre-se que Lênin fundou o seu partido que tinha o nome de “social democracia”. Era a luta da esquerda extrema chamada de esquerda apenas para disfarçar, com a social democracia falsamente chamada de “direita”. Eram todos da mesma corrente. Esta estratégia fora concretamente praticamente pela esquerda no Brasil, conforme os fatos históricos sem alguma dúvida.  

Em outros argumentos da mesma tática: a dupla via seria escolher ou dar a possibilidade de eleição de duas pessoas, dois partidos, ou mesmo dois líderes, todavia com a mesma visão política, de preferência uma mais moderada e a outra mais extrema.

 Isso aconteceu na União Soviética entre os mencheviques (a linha mais moderada) e os bolcheviques (a linha mais dura). Os primeiros queriam que o movimento fosse um pouco mais aberto à democracia, que respeitassem uma constituição, que houvessem instituições fortes com domínio próprio e autonomia, enquanto os segundos não permitiam este tipo de condição. Lênin chamava os mencheviques de covardes e oportunistas. Qualquer oposição à aplicação real do movimento comunista era tratada com covardia, violência, e morte. Naquela época não se aceitava, como hoje não se aceita, oposição à esquerda extrema, com quaisquer argumentos, dos mais baixos aos mais grosseiros, seria um per fas et per nefas, isto é, por todos os meios possíveis até malignos. Os diálogos políticos muitas vezes à custa de um xingamento de “fascista” acabavam sendo respondidos com um de “comunista”. E a frase de Lênin “xingue-os do que você é” soa muito comum em locais onde a estratégia esquerdista penetrou em quase 100% da guerra cultural em nosso território. Só que a maioria dos que repetem a linha esquerdista não conhecem as origens e as causas para tais reações. São pois manipulados no mesmo movimento que é anti-democrático (o comunismo e o socialismo não são democráticos no processo e muito menos no poder, embora haja partidos que defendam tais ideologias). E deveria ao menos haver oposição até mesmo dos que realmente querem uma justiça social.

Eis o terreno que o professor Olavo enfrentou na década de 90, o que lhe rendeu a favor da busca de um debate mais democrático, a execração nacional por parte dos extremistas com o exílio. Ele sacrificou os seus empregos para conseguir dizer a verdade. Fundamental era pois se entender o que o outro diz e não agredi-lo com violência. A vítima foi o líder conservador, isso os fatos dizem claramente no início das discussões. Se ele reagiu com violência, foi apenas uma resposta na maioria dos casos.

3 – O sucesso dos seus livros, o seminário de filosofia, e a abrangência de seus cursos com sua escola independente

Numa entrevista com o jornalista Pedro Bial, no final da década de 90, ele lhe tinha dito que a esquerda estava cada vez mais forte e em ascensão, o jornalista duvidou.

O motivo da entrevista foi a edição do seu livro “Imbecil coletivo” com uma condição interessante: esgotado fora rapidamente em poucos dias. A resposta em favor de suas ideias era o público que cada vez mais se interessava por seu pensamento. Portanto, ele tinha também bases para se manter até financeiramente alimentando os seus argumentos, e conseguindo manter sua linha doutrinária.

Uma característica interessante do mestre Olavo era a vendagem de seus livros; ele foi um best seller; conseguia com seu estilo abrangente, vender seus livros em curto espaço de tempo. Todos esgotados às vezes na primeira semana, ou até em poucos dias. Conta-se que ele vendeu cerca de milhões de uma das suas obras mais conhecidas: “O mínimo que você deve saber para não ser um idiota”. E ao passo todos os demais livros seus são campeões de venda. Há uma série importante de suas obras. Para nós podemos comentar algumas rapidamente:

  1. Seus livros sobre a astrologia que tratavam do aspecto filosófico da influência dos astros. Edições estas esgotadas.
  2. Um livro seu sobre simbolismo e significado, também esgotado.
  3. Uma obra sobre a guerra cultural, com um debate com Alexander Dugin, já em várias edições, também esgotado as primeiras edições. E sempre reeditado.
  4. Diversos livros esgotados e reeditados sempre, especialmente o “Imbecil Coletivo”, “O jardim das Aflições”, que são obras importantes sobre o movimento político. Sucesso de vendas.
  5. Uma coleção inteira volvida aos estudos de Aristóteles, Mario Ferreira dos Santos, Schopenhauer, entre outros assuntos, também esgotada.
  6. Vários livros de uma série “Cartas de um terráqueo” que escreveu como ensaios importantes e capítulos de jornal, o qual trata de temas polêmicos da política do Brasil. Entre outros aspectos teóricos e sociais. Também, sucesso de vendas.  

Podemos dizer que os setores de investigação do professor Olavo são basicamente três: a gnosiologia, a filosofia geral, a qual fizera algumas teorias e aprofundamentos como a linha do Pe. Stanislavs Ladusãns S.J., sobre o conhecimento pela presença. E uma obra sobre a política e a filosofia prática, a qual se faz um crítico do movimento da esquerda, e um anticomunista no sentido literal do termo.

Conseguiu ele fazer uma escola literalmente dizendo, no sentido processual e doutrinário do termo. Processual porque os seus cursos tinham em média 2 mil alunos por mês, portanto, conseguira montar a sua própria escola e sua estrutura para receber seus alunos. E doutrinária porque formava uma corrente de pensamentos que influenciaria não apenas seus alunos, mas muitos seguidores, pessoas do meio artístico, além de grandes jornalistas, intelectuais, empresários, professores, entre outros seguimentos.

O trabalho do mestre Olavo também conta com centenas de aulas suas no seminário de filosofia, e quase 4 dezenas de cursos avulsos e presenciais, que fazia regularmente nos Estados Unidos.

Na realidade o seminário de filosofia é um conjunto de esforços, de suas aulas físicas, com as demais aulas virtuais, num prosseguimento de técnicas filosóficas. Requer uma explicação este curso seu principal.

Por muitos anos, o professor Olavo foi professor universitário, e conferencista, tendo atuado nos principais congressos de filosofia do mundo (alguns deles). Desta bagagem cultural, no início do século novo, ele extrai suas aulas no chamado “Seminário de Filosofia”. A ideia se abrange e é criada sua escola particular, com um valor acessível. Os seus cursos são frequentados por milhares de pessoas. É um curso completo com mais de 500 aulas que ele foi gravando ao vivo, mostrando o seu trabalho. Eis o seu seminário de filosofia.  

Do seu curso de filosofia, ele cria outros cursos, junto com seus livros escritos, ou de modo independente, ou de modo correlato, com base nos próprios cursos.

Todos os cursos são recomendados e podemos fazer breves comentários gerais:

  1. Uma lista de cursos de gnosiologia que ressaltam a doutrina de grandes filósofos como Roger Scruton, Mario Ferreira dos Santos, Eric Vogelin, e outros mais;
  2. Uma lista de cursos gerais de filosofia, como método científico, sociologia da filosofia, filosofia da ciência, métodos filosóficos, história da filosofia, entre outros mais;
  3. Uma lista de cursos sobre temas filosóficos como metafísica, a consciência da imortalidade, ética, política, cultura, simbolismo, entre outros mais.

São variados os cursos avulsos, embora o de maior sucesso seja o curso sequente, o “seminário de filosofia”.

Entendemos que o “Seminário de Filosofia” na verdade é o conjunto de um trabalho de muitos anos, o qual atuara como professor universitário, conferencista internacional, e professor independente, in company, tendo pois conseguido uma ideal e invejável soma de aulas e sínteses de conclusões teóricas.

Podemos considerá-lo como o maior professor in company talvez do mundo, porque Aristóteles e Sócrates davam aulas para centenas de alunos, mas não para milhares ao mesmo tempo, igualmente Mário Ferreira dos Santos dava aula para cada aluno em particular, o professor Olavo conseguia dar as suas aulas para todos ao mesmo tempo, de tal maneira que conseguira alcançar milhares simultaneamente. É o que dizemos das vantagens da virtualidade e da tecnologia que ele soube aproveitar bem em seu site. Fora o extenso material gratuito que lá está disponível.

Portanto, uma obra grande, gigante, e frutífera, porque fora ele um professor nato no sentido livre e mais profundo do termo: escreveu muito, publicou muito, e fez que todos conhecessem a sua obra. No fundo ficou conhecido como um dos mais famosos brasileiros conservadores da atualidade.

Sua escola independente vingou, e hoje possui milhares de alunos, cerca de quase 30 mil alunos passam nos seus cursos durante o ano, e isso por muitos anos.

4 – Suas defesas sociais, suas conquistas, e homenagem

Sabemos que no campo político a luta contra os extremos, faz com que se tenha reações também diretas e fortes.

 Neste campo da luta também o mestre foi de certa forma injustiçado porque recebera milhões de ameaças de morte, unicamente porque se opunha ao movimento comunista, e o denunciava abertamente.

Muitos recortam palavrões, brincadeiras, ou reações do professor, todavia, todas colocadas fora de contextos, para atacar pessoalmente a sua imagem. Aliás muito pouco reagiu, em relação ao que sofreu até com possíveis agressões físicas quando esteve no Brasil. Especialmente, eram as pautas da sua luta:

  1. Liberdade de expressão nos jornais
  2. Liberdade de expressão nas Universidades
  3. Possibilidade do estudo e ensino conservador  
  4. Possibilidade de respeito aos católicos e qualquer religião
  5. Oposição ao movimento abortista
  6. Oposição ao movimento gayzista
  7. Oposição ao movimento terrorista
  8. Oposição ao narcotráfico
  9. Oposição ao movimento de liberdade de uso de drogas
  10. Oposição aos movimentos parasitários do Estado
  11. Oposição às vendas de mídias com interesses espúrios ao da verdade
  12. Oposição ao movimento da pedofilia
  13. Oposição ao ateísmo moderno
  14. Oposição ao controle mundial
  15. Oposição à nova ordem mundial
  16. Oposição ao ateísmo e falsas religiões
  17. Oposição à barbárie
  18. Liberdade jornalística
  19. Liberdade religiosa, especialmente cristã
  20. Respeito à criança e ao adolescente
  21. Direito à defesa e ao uso de armas nesta perspectiva
  22. Valorização da pessoa humana
  23. Valorização das liberdades individuais
  24. Valorização do conhecimento e dos clássicos

O mestre tinha convicções próprias que não podem ser julgadas pelo modismo atual.

Na realidade como livre pensador agia como estudava, e fazia como queria dentro da liberdade que lhe fora dada por Deus. Discordar é uma coisa. Agora agredir a um pensador pela liberdade de expressão dele é outra coisa diferente. Podemos ter discordâncias, todavia, o respeito tem que prevalecer. E nada de censura e nem retaliações fora da lei. O que é de direito tem que prevalecer, especialmente a liberdade de opinião dentro de bases próprias.

Tinha reconhecimento internacional. Tinha também em seu currículo, um reconhecimento congressual. Foi professor universitário por muitos anos. E fora convidado para escrever em diversos editores.

Ele faz então uma corrente, e chega numa prolificidade que poucos conseguem chegar. Por exemplo, um professor universitário que ensina três vezes na semana, consegue dar aula em média para 200 alunos no semestre, quando chega a muito, e cerca de 5 anos a 2.000 alunos. O mestre conseguia chegar nesta quantidade no mês, e com qualidade, diga-se de passagem.

Grandes nomes o elogiavam como Ives Gandra e Roberto Campos. Era realmente a expressão mais atual e a liderança do movimento conservador. Era o mais pesquisado autor autodidata, com a sua liberdade de pensamento. Tudo fez de modo autônomo. Nunca dependeu de recurso público.

Foi também importante nas eleições últimas presidenciais, mostrando no seu canal de milhões de visualizações, a sua opção pelo atual presidente da república que declarou luto em sua morte por 24 horas.

Podemos então agradecer a Deus, e lamentar a morte de mais um intelectual que ainda representa a antiga cultura nacional. Aquela dos grandes escritores como Carlos de Carvalho, João Ribeiro, Lima Barreto, Machado de Assis, Francisco D`auria, Monteiro Lobato, Armando Sales, Antonio Lopes de Sá, Farias de Brito, Maximiano Augusto Gonçalves, Pontes de Miranda, Miguel Reale, Evaldo Pauli, Gustavo Corção, Alpheu Tersariol, Mario Ferreira dos Santos, José Amado do Nascimento, Carlos Beraldo, Alcântara Nogueira, João Camilo Torres, Beda Kruse, Henrique Lima Vaz, Stanislavs Ladusãns, Ives Gandra, e muitos outros.

 Que os opositores do mestre Olavo lhe discordem, mas que todos tenham o respeito à sua imagem e sua pessoa. Independentemente de ideologia ele conquistou uma obra e uma coleção admirável. Que a ética e a humanidade não desapareçam por causa de ideologias. Não queremos entrar em polemicas desnecessárias. Mas realmente a obra e a vida de Carvalho não se resumem em brigas políticas, mas num aparato doutrinário muito forte, e num alcance importante de almas, na extensão mais concreta do termo educação, na luta contra o ateísmo, finalmente na relevação da igualdade e dignidade humana.

Nos meus estudos ainda utilizo e utilizarei muitos textos que são importantes do nobel professor. Como de todos os autores conservadores ou não. Também comunistas. O importante é o verdadeiro conhecimento. Todavia com Carvalho temos um respeito especial pela sua luta. Sempre aprendo com o grande professor. À figura de Sócrates, ele consegui proceder realmente numa filosofia que fosse concreta. Esta que falta na vida de todos. Fará muita falta. E o respeito à sua alma, à sua imagem, independentemente de quaisquer lados, deve existir.

Um grande conservador que pregava Jesus sem suas aulas, fazia odes a Nossa Senhora, e a Padre Pio, incentivava os seus alunos a lutar contra o ateísmo, contra o mal; realmente levou muitas almas a Deus e muitas almas ao céu. É uma personalidade que merece respeito por ter livrado muitos das cadeias da ideologia, e por ter criticado a hegemonia política socialista. Ainda haverá muitos frutos suas obras, e o movimento conservador crescerá, terá prosperidade, e melhorará cada vez mais em prol de uma oposição digna, e de uma sociedade democrática para todos.

Como cristãos só podemos dizer: “Que a luz perpétua o ilumine”, e nossos pêsames e condolências aos seus familiares.

Como dizia o seu lema: “Sapientiam autem non vincit malitia – A malicia ainda não venceu a sabedoria”, e a maldade nunca a vencerá. Descanse em paz mestre Olavo! Que Jesus o receba na eternidade!  

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