A trajetória da empresa familiar é muito emblemática. O fundador identifica uma oportunidade de negócio, inicia um empreendimento e assume inúmeros sacrifícios. São problemas financeiros, ausência da família, e tantos outros dilemas que enfrentará durante sua jornada em virtude do seu comprometimento com o negócio.

No período da pandemia, muitos foram os brasileiros que perderam seus empregos. Para conseguir renda e manter sua família, começaram a empreender. A quase totalidade deste empreendimento se configura como sendo de natureza familiar.

O fundador terá que enfrentar muitas dificuldades antes da estabilidade, independentemente do tamanho do empreendimento, porém durante a trajetória empresarial, irá consolidar seu DNA no negócio, configurando assim o padrão cultural do empreendimento.

Caso o empreendimento se mantenha, mesmo depois de toda a turbulência que enfrentará no caminho, outro desafio deverá ser solucionado: Como perpetuar a empresa para as próximas gerações? Atrelada a esta pergunta, outra virão, tais como: Como transferir o conhecimento sobre a trajetória da empresa? Como fazer com que os sucessores compreendam as características do negócio profundamente? Como agir para os conflitos vinculados às disputas internas não se instalem na empresa e na família?

A sucessão sempre será um ponto de atenção para todos os negócios, mas na empresa familiar há que se considerar o legado e os valores do fundador como pressuposto para a perpetuidade do empreendimento familiar.

A sucessão deve ser planejada e formalizada com antecedência. Não se pode deixar que o acaso resolva os problemas relativos à passagem de uma geração para a outra.

Qualificar os sucessores é fundamental para a continuidade dos negócios, e esta é uma tarefa de responsabilidade do fundador. Ele conhece o caminho percorrido pela empresa, ele entende profundamente seu cliente e concorrente, além de ter implementado os valores praticados na organização. Portanto, o fundador é a mola mestra de toda a estrutura empresarial que ele quer deixar para as próximas gerações. Ele precisará se responsabilizar por definir as regras da sucessão, e a forma pela qual os sucessores devam ser qualificados.

Devido essa falta de planejamento sucessório, somente 30% das empresas familiares sobrevivem à segunda geração.

Para mudar essa estatística, é necessário que o fundador da empresa busque alternativas para formalizar o processo sucessório, por meio de práticas de Governança Corporativa. Estas regras vão definir a maneira pela qual a empresa caminhará, as regras para prestação de contas entre os sócios. Estas normas instituídas minimizam, significativamente, os problemas decorrentes dos conflitos entre parentes.

Muitas vezes, em virtude das relações próximas e do envolvimento emocional entre parentes, as empresas recorrem a consultorias especializadas em Governança Corporativa e Sucessão Familiar, com o intuito de mediar o processo, e auxiliar na estruturação de normas que sustentarão a empresa na sua caminhada rumo à perpetuidade.

Porém, para que o sonho de continuidade se torne realidade, é fundamental que o fundador prepare seu sucessor, que transmita seus valores e reforce o contorno cultural da organização, acompanhe o processo de qualificação de perto, e principalmente, auxilie nas dificuldades que o sucessor encontrar.

Separar as questões familiares dos assuntos empresariais também é um passo importante. Este é um problema frequente, que desajusta muitas empresas familiares.

Todos os pontos descritos anteriormente envolvem o conceito de PROFISSIONALIZAÇÃO dos negócios de família.

A profissionalização trará para empresa maior credibilidade junto ao mercado e, por conseguinte, melhores resultados corporativos.

Definitivamente, a empresa familiar é um grande negócio, mas tem como principais desafios: elaboração e implantação de regras para a sucessão, atualização dos negócios, criação de lideranças, e o desenvolvimento de práticas de transparência e prestação de contas. Este é o desafio para a perpetuação do sonho do fundador.

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