Prof. Rodrigo Antonio Chaves da Silva

Antes da segunda guerra mundial o Japão não gozava de todo o poderio tecnológico que tem hoje. Sem pejorativos era um país rural essencialmente. E estava caminhando para a industrialização. Após a segunda guerra, já arrasado até moralmente, ele se recuperou, e se tornou na maior potência do mundo. Ou melhor dizendo, uma das primeiras potências do mundo. Com a ajuda dos Estados Unidos, a democracia liberal mais importante do mundo.  

É comum na cultura do japonês o trabalho. Todos trabalham muito, ninguém quer extorquir empresas, ou sugar de empresários, eles querem trabalhar. E as empresas que contratam um funcionário, o mantém até o fim da vida, deixando uma poupança de capital que se afigura com uma dívida a longo prazo. Assim, ao final de toda uma vida de trabalho, estará lá para ser pago a ele, a sua indenização, ou a sua conta para jubilar-se e aproveitar.

O Japão é praticamente uma ilha, aliás, um conjunto de 6.852 ilhas. Dá pra entender?  É um país com mais ilhas do mundo. Tem quase 373.000 Km quadrados. Um quinto da cidade de São Paulo. É um país com dimensões pequenas. E produz mais que o nosso produto interno bruto, vende muito mais, os japoneses exportam seu conhecimento por meio da tecnologia, transmitida por um trabalho metódico e impecável.

A história comprova isso. Como nação arrasada principalmente no espírito japonês, eles tinham que se reerguer. Ora, se você não tem terra suficiente, não tem dinheiro suficiente, não tem pessoas o suficiente, como poderia vencer? Eles escolheram um primeiro caminho: O MÉTODO. O que auferiu PRODUTIVIDADE. Destarte, criaram-se os métodos de produção da moderna filosofia administrativa (criticados por alguns mas funcionam eficazmente). Adaptaram modelos simples de limpeza, disciplina, aproveitamento de tempo, organização, zelo, capricho, detalhe, etc. Não ficaram reclamando ou pondo a culpa em alguém; cada um manteve o espírito de disciplina que possuíam desde a história.  Não era suficiente. O que poderiam vender com uma escassez de recursos naturais, e sem o material suficiente? CONHECIMENTO. Então os japoneses começaram a usar A INTELIGÊNCIA, criando novas TECNOLOGIAS e aperfeiçoando a ROBÓTICA.

O meu amigo Paulo Consentino dos Santos, presidente da Academia Mineira de Ciências Contábeis, já estudou no Japão, ele não me cansava de dizer: “Rodrigo você tem que assistir a aula de um japonês. Eles são muito disciplinados. A aula deles começa em ponto e termina em ponto. Você precisa participar de uma aula dessas”. Portanto, eles ensinam mesmo. Conteúdos racionais, matemáticos, lógicos, com muita profundidade. Ensinam as matérias, não perdem tempo em sala de aula para bater papo ou mandar alunos calarem a boca. Enquanto um aluno aqui de engenharia “sofre” para fazer uma equação derivada, lá eles começam a aprender isso no ensino médio. Dá pra entender? É um povo de gênios? Talvez… mas, não, é um povo volvido ao conhecimento e à educação matemática. Obstante, todos são disciplinados. São tradicionais. Eles não ficam gritando na escola “este governo é o culpado”. Eles estudam a matéria, e os professores não doutrinam seus alunos politicamente numa linha só. Eles querem é conhecimento e não voto.

Eu sempre gostei dos desenhos japoneses: os “Cavaleiros do Zodíaco”, o “Naruto”, o “Black Kamen Raider”, o “Dragon Ball”, e muitos outros, eu assistia desde novo, e agora mesmo quando velho estou sempre assistindo. São criações geniais. De pessoas com criatividade. Isso são exportações japonesas. Sua cultura, e até a religião, estão embutidas nestes desenhos e filmes. Eles trazem uma mensagem de renovação e motivação. Os japoneses começaram a vender a sua criatividade, povo cultural, amante da história, da tradição autônoma, do amor aos mais velhos, da educação local, onde os índices de violência são quase zero. Eles exercem a sua cultura beneficiando os ambientes com práticas simples, de convívio, de limpeza, de respeito ao semelhante. Até o inglês costumam não falar por causa da personalidade. É um país conservador.

Aí veio a era da tecnologia. Poderia haver muito desemprego da mão-de-obra. Será? Por exemplo, se pensou que a Mitsubishi iria ter poucos funcionários com as novas tecnologias. Não! Ela empregou muito mais, hoje em seu material humano possui apenas 200 mil engenheiros. O Japonês não manda embora o funcionário, tanto assim é, que os balanços de suas empresas são inchados de capital de terceiros que representam os salários das empresas e o financiamento previdenciário. Eles pagam até cursos aos seus colaboradores. O trabalhador cresce dentro da empresa. E os índices de desemprego são os menores do mundo. Porque lá a indústria não é braçal, é intelectual.  

O trabalho então sofreu uma metamorfose para as empresas de tecnologia; o raciocínio experimental é fácil :

 1) A indústria de tecnologia aumenta;

2) O homem estuda a tecnologia de modo profissional;

3) O emprego aumenta nas empresas de tecnologia conforme a demanda.

Os retornos tributários dessas empresas são maiores que os da cidade de São Paulo em muitos aspectos, e em muitos setores. Nós somos importadores de quase tudo dos Japoneses por causa da Indústria das máquinas. E houve desemprego e há desemprego neste pais? Há. Apenas 3% controlados, sendo um dos menores índices do mundo conforme o Trading Economics. E o país que tem o sétimo maior índice de desemprego? O Brasil. Campeão do futebol. E do Carnaval. Embora não consiga aproveitar o que tem de bom nestas duas máfias. Não faz como na Itália e no Japão: aproveita o seu conhecimento para transforma-lo em recursos para melhoramento da própria sociedade. Quase tudo é desperdício. Obstante, além disso a nossa geografia é continental. Pouco aproveitada ainda…  

Portanto, o crescimento do Japão se deve ao respeito à cultura, à evolução tecnológica, a evolução do trabalho, sendo o quarto país que menos desemprega. Tem deflação, e o custo da certa básica somente cai. Interessante…

Por que será?  Por que o Japão com toda aquela tecnologia, quase não tem desemprego, e o nosso país continua tendo um dos mais altos índices? Pense. Mas são muitos fatores. Contudo, e acima de tudo, na tríplice de constante desenvolvimento: cultura, tecnologia, e método, temos uma solução. Estas três fenomenologias são a chave para a melhoria de qualquer nação.

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