Caro Investidor!

Já falamos nesta série de perspectivas sobre o ano que começa que, segundo os chineses, 2025 é o ano da Serpente de Madeira e que entre os significados está a paciência. E você enquanto investidor brasileiro vai ter que ser paciente. Porque mesmo com os números melhores do PIB, mercado de trabalho, o desemprego está em 6,1%, menor patamar desde 2012, conforme dados do Caged divulgados na sexta passada, 27. 

Entretanto, 2024 foi de turbulência e ainda vai demorar para passar. A bolsa brasileira ficou atrás de seus pares internacionais no desempenho anual, com saída acumulada do capital estrangeiro de US$ 32 bilhões no período, segundo análise do Inter, afugentados pelas incertezas políticas locais que levaram, inclusive, a uma reviravolta no ciclo de cortes de juros conduzido pelo Copom e o real a bater a marca histórica dos R$ 6,00. No ano, a moeda brasileira perde 20% de seu valor perante o dólar, em meio a deterioração do cenário macro com o fiscal pesando nas decisões e nos prêmios de risco. 

“O Brasil, assim, se consolidou como o país da Renda Fixa e vimos prêmios como o do Tesouro IPCA+ chegando a níveis de cenário de estresse. Nas projeções do relatório Focus do Banco Central já vemos expectativa de Selic em 13,5% para 2025 e IPCA avançando para 4,59% no próximo ano. Ou seja, juros e inflação mais altos.”

Logo, em 2025 o desafio continua. “Com um cenário externo mais desafiador e um mundo mais protecionista, os problemas internos podem limitar ainda mais o apetite ao risco aqui, pressionando por prêmios ainda elevados e com o Ibovespa seguindo subprecificado”, diz o relatório do Inter.

EUA no comando

De acordo com o relatório do Inter, a preferência pelo mercado norte-americano em detrimento do resto do mundo não fica centralizada apenas na bolsa, mas também na renda fixa, com forte demanda pelas Treasuries norte-americanas e bonds corporativos emitidos no país. “A valorização do dólar ao longo do ano perante demais moedas globais é uma mostra desta preferência do mercado.”

E mais, segundo a análise, as opções além da economia americana seguem limitadas. Os emergentes lidam com seus próprios desafios, com conflitos internos e desconfiança, além de incertezas quanto ao rumo das políticas monetárias. 

Na China, o mercado ainda questiona o verdadeiro ritmo de crescimento que se pode esperar da economia por lá e se os estímulos anunciados pelo governo serão suficientes para atingir a meta de 5% para o PIB. Entre os países desenvolvidos, a União Europeia sofre com inflação ainda persistente, enquanto a economia decresce e aumentam as incertezas políticas na região, com destaque para França. 

“Além disso, a proximidade com o Oriente Médio têm trazido ainda mais receios para os investidores locais. Por fim, a postura protecionista de Donald Trump, em prol da América para os Americanos, pode deteriorar ainda mais o relacionamento exterior com o restante do mundo, impactando não só câmbio, mas também taxas de juros e ritmo de crescimento econômico das demais nações.” 

O Inter destaca que mesmo com juros em patamares elevados, o principal índice acionário dos Estados Unidos bateu mais de 55 recordes em 2024, ultrapassando a marca histórica dos 6.000 pontos, puxado não só pelo setor de tecnologia (que ainda detém 33% do índice), mas também por setores importantes da economia como Financeiro e Consumo.

“Para 2025, o mercado reconhece que o atual patamar de preços está caro. Estaria a bolsa norte-americana e sua economia sinalizando uma bolha? Sendo ou não, ninguém quer ficar de fora e o FOMO (Fear of Missing Out ou o medo de ficar de fora) toma conta das decisões de investimentos para 2025 que continuam apostando na alta da bolsa, ao mesmo tempo que reconhecem a possibilidade de juros ainda elevados ante o esperado previamente.”Para os analistas da Terra, em 2025, os investidores devem se preparar para um ano de juros altos e volatilidade. “A renda fixa continuará sendo uma alternativa atraente, mas setores como infraestrutura, commodities e tecnologia podem apresentar boas oportunidades no mercado de ações. Fundos imobiliários de papel e investimentos no exterior também devem ser considerados como formas de diversificação e proteção contra os riscos locais.”