Em um universo predominantemente masculino como o da agricultura, as mulheres estão conquistando cada vez mais espaço e assumindo papéis de destaque. Um exemplo inspirador é Michele Guizini, engenheira agrônoma, que encontrou sua paixão pelo plantio e pela terra através de sua experiência na Bayer. Ela faz parte de um grupo restrito de mulheres que pilotam máquinas agrícolas no Brasil.
“Pouquíssimas mulheres operam máquinas de plantio no país. Para mim, o interesse foi super natural, ainda na pré-adolescência. A primeira vez que pilotei um trator tinha 10 anos e foi meu tio que ensinou. Era um MF 290 e o modelo ficou marcado em mim, inclusive tenho ele até hoje aqui na fazenda”, conta Guizini que hoje opera gigantes máquinas agrícolas com até 60 linhas de plantio – que significam cerca de 30 metros de largura de uma plantadeira.
A engenheira, além de fazer a gestão de uma propriedade agrícola familiar, é uma das maiores influencers do mercado agro brasileiro, com mais de 1,2 milhão de seguidores no TikTok e cerca de 200 mil no Instagram, com os quais compartilha sua rotina no campo, a lida com as plantações e o cuidado com os animais. “A figura feminina no lugar de comando no agro ainda é uma novidade e desperta olhares. Sem falar que as pessoas ficam curiosas em ver uma mulher “pilotando” máquinas que podem ter mais tecnologia embarcada que um carro de Fórmula 1 e que estão mais associadas ao universo masculino”, aponta ela que é a primeira embaixadora brasileira da New Holland Agriculture, fabricante de máquinas agrícolas do grupo CNH Industrial.
Paixão pelas máquinas
Tudo começou com seu ingresso na Bayer. Michele viu-se imersa em um ambiente rico em aprendizado, superando os limites impostos pela teoria acadêmica. Foi ao lado dos produtores rurais, verdadeiros mestres da rotina diária no campo, que ela adquiriu conhecimentos inestimáveis. “Somente o dia a dia te ensina de fato como ser agrônoma”, ressalta Guizini, cuja passagem pela empresa abriu portas e lhe conferiu reconhecimento na região onde atuou.
No entanto, desafios significativos a aguardavam como consultora e vendedora direta, especialmente durante suas longas viagens pelas fazendas. A precariedade das estradas brasileiras, repletas de buracos e com falta de sinalização, tornou-se um dos maiores obstáculos enfrentados por ela.
A pandemia de Covid-19 representou um ponto de inflexão em sua trajetória profissional. Com a digitalização acelerada de diversas atividades, Michele aproveitou a oportunidade para mergulhar no mundo virtual. Ao deixar a Bayer no final de 2021, ela dedicou-se à produção de conteúdo diário, compartilhando sua rotina no campo, desafiando obstáculos e mostrando o processo completo de produção de alimentos, desde o preparo do solo até a colheita.
Quando questionada sobre a habilitação necessária para operar máquinas agrícolas, Michele esclarece que não se trata de uma carteira de habilitação convencional, como a utilizada para dirigir carros. Em vez disso, é necessário realizar um curso específico de máquinas agrícolas. Michele realizou o curso no Senar MT durante sua graduação em 2017. Com duração de um mês e meio, o curso proporcionou a ela a compreensão dos comandos das máquinas, enquanto a prática diária permitiu aprimorar suas habilidades operacionais.
Tech tem a ver com agro?
As tecnologias avançadas presentes nas máquinas agrícolas atuais são um grande desafio. Mas, Guizini destaca que o maior obstáculo é o domínio das tecnologias complexas, como sistemas de automação, mapas NDVI, sensores e IoT (Internet das Coisa).
No entanto, ela também menciona a necessidade de realizar manobras em terrenos não planos ou com obstáculos, como tocos de árvores. Nessas situações, a remoção dos obstáculos é essencial para evitar danos à máquina, garantindo um plantio eficiente.
Michele ressalta a importância de preservar a vida selvagem encontrada nas lavouras, evitando danos aos ninhos de aves e animais que habitam a região. Durante suas operações, ela sempre procura preservar e contornar esses obstáculos naturais.
“Nós estamos sempre atentos à vida animal, preservamos os ninhos, ovos e filhotes. Para isso, nós erguemos a plantadeira, desviamos do ninho e seguimos o plantio normalmente após. Toda vida importa, e é necessário preservar”, relata.
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Material enviado pela LaPresse Comunicação/Luana Clara de Souza