“Com esse produto chegando a pessoa física, podemos ver rentabilidades em torno de 100% a 130% do CDI”, afirma gestora.

O mercado de crédito privado no Brasil vem ganhando fôlego, principalmente por conta da necessidade de as empresas se financiarem. Levantamento da B3 (B3SA3) aponta que o mercado secundário registrou 2,255 milhões de operações no ano passado, marcando um aumento de mais de seis vezes em cinco anos. Esse crescimento de cerca de 70% em apenas um ano ocorreu em um contexto de relativa fraqueza no mercado de ações, com as taxas de juros elevadas globalmente afastando os investidores desse tipo de ativo. 

Ainda de acordo com a B3, o volume financeiro também reflete essa expansão, com os negócios de títulos privados totalizando R$ 839,7 bilhões em 2023, quatro vezes mais do que há cinco anos. Apenas nos primeiros quatro meses de 2024, esse volume atingiu R$ 277,95 bilhões

Enquanto isso, o número de emissores praticamente dobrou em cinco anos, chegando a 626 em 2023. Em termos de quantidade de ativos negociados, o mercado registrou 14,5 bilhões no ano passado, em comparação com 4,4 bilhões em 2019. No primeiro quadrimestre de 2024, esse valor já atingiu 5 bilhões, indicando um potencial de crescimento ao longo do ano.

Volnei Eyng, CEO da Multiplike, explica que o mercado de crédito privado no Brasil é uma parte do mercado financeiro onde empresas privadas emitem títulos de dívida para captar recursos. “Esses títulos são adquiridos por investidores, como instituições financeiras, fundos de investimento e investidores individuais, que fornecem o capital necessário para as empresas financiarem suas operações, projetos de expansão ou outros fins corporativos”, diz.

“Os títulos de crédito privado podem incluir debêntures, certificados de recebíveis imobiliários (CRIs), certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs), letras financeiras, entre outros instrumentos. Cada um desses títulos tem características específicas, como prazo de vencimento, taxa de juros e garantias associadas”, explica.

“Com base nas análises numéricas, é evidente que estamos presenciando um boom dos FIDCs no Brasil. A projeção indica uma tendência de aceleração desse crescimento. Com esse produto chegando a pessoa física, podemos ver rentabilidades em torno de 100% a 130% do CDI”, declara.

Crédito privado para investidores

Para os investidores, Eyng destaca que o mercado de crédito privado oferece oportunidades de diversificação de carteira e potencial de retorno mais atrativo do que os investimentos em renda fixa tradicionais, como títulos públicos. “No entanto, os títulos de crédito privado também apresentam maior risco de crédito, uma vez que a capacidade de pagamento das empresas emissoras pode variar dependendo de sua situação financeira e econômica”, ressalta.

O executivo frisa que, no geral, o mercado de crédito privado desempenha um papel importante no financiamento das empresas brasileiras, complementando as fontes de financiamento tradicionais, como empréstimos bancários. “Ele contribui para o desenvolvimento do mercado de capitais do país e oferece alternativas de investimento para os diversos participantes do mercado financeiro”, conclui.

Veja como captar crédito privado

Captar crédito privado envolve a emissão de títulos de dívida por parte de uma empresa ou instituição, que são adquiridos por investidores interessados em fornecer financiamento em troca de um retorno financeiro. Aqui estão os passos básicos para captar crédito privado:

  • Avaliação da Necessidade de Financiamento: A empresa avalia suas necessidades de financiamento e determina o montante que deseja captar por meio de crédito privado.
  • Escolha do Instrumento Financeiro: A empresa decide sobre o tipo de título de dívida que deseja emitir, como debêntures, certificados de recebíveis, letras financeiras, entre outros, levando em consideração fatores como prazo de vencimento, garantias oferecidas e preferências dos investidores-alvo.
  • Estruturação da Operação: A empresa trabalha com instituições financeiras, assessores jurídicos e outras partes interessadas para estruturar a operação de emissão dos títulos, definindo os termos e condições da oferta, como taxa de juros, prazo de vencimento, valor mínimo de investimento, entre outros.
  • Registro na CVM: Dependendo do tipo de título a ser emitido e do montante a ser captado, a empresa pode precisar registrar a oferta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o órgão regulador do mercado de capitais no Brasil.
  • Divulgação da Oferta: A empresa divulga a oferta de títulos aos investidores por meio de prospectos, roadshows e outros canais de comunicação, destacando os principais termos e características dos títulos.
  • Emissão dos Títulos: Uma vez que a oferta é bem-sucedida e os investidores manifestam interesse em adquirir os títulos, a empresa emite os títulos e recebe os recursos correspondentes.
  • Pagamento de Juros e Principal: Ao longo do prazo de vencimento dos títulos, a empresa paga juros aos investidores e, ao final do prazo, reembolsa o principal investido.
  • Manutenção do Relacionamento com Investidores: Após a emissão dos títulos, a empresa mantém o relacionamento com os investidores, fornecendo informações financeiras e cumprindo as obrigações contratuais estabelecidas nos termos da emissão.

As gestoras acrescentam que captar crédito privado requer uma análise cuidadosa das condições de mercado, da situação financeira da empresa e do perfil dos investidores-alvo, além do cumprimento das regulamentações aplicáveis e a transparência na divulgação de informações aos investidores.

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