O sonho de estrear na Nyse valendo US$ 100 bilhões não vai se realizar para o Nubank. A instituição financeira, que abre o capital nesta quinta-feira (9) na bolsa de valores americana, vai abrir as negociações valendo mais de US$ 41,5 bilhões – uma queda de mais de 50% frente as primeiras estimativas, mas o suficiente para se tornar o banco mais valioso do Brasil e da América Latina. O Nubank abre o capital valendo R$ 229 milhões, contra R$ 213,5 milhões do Itaú e R$ 188,5 bilhões do Bradesco.
Embora abaixo do sonho do começo do processo, os US$ 9 das ações é o ponto máximo da faixa indicativa deste IPO, que começava em US$ 8. O Nubank já havia reduzido em 20% a faixa na semana passada, por conta da volatilidade dos mercados e a percepção negativa das fintechs brasileiras nos últimos meses no exterior. A abertura de capital, mesmo abaixo do sonho, há de ser vista como um grande sucesso – e é certamente o IPO deste ano.
A começar pela incrível campanha de bonificação de BDRs aos clientes – que dá 1/6 de ação para cada um dos clientes que cumprissem determinados (mas simples) requisitos, o que pode resultar em milhões de novos usuários para a plataforma de investimentos da empresa.
Uma outra iniciativa de muito sucesso foi utilizar apenas a NuInvest como coordenadora da oferta no Brasil, que também obrigou quem quisesse a participar da oferta a abrir conta. A NuInvest, antiga EasyInvest, vem crescendo consistentemente a aquisição.
O banco é uma máquina de abrir contas e conseguir novos clientes, tendo virado febre no Brasil e se consolidado como o maior banco digital do mundo – trazendo até mesmo Warren Buffett como investidor. Três anos atrás, eram 6 milhões de clientes – e no momento da abertura de capital são mais de 48 milhões, distribuídos no Brasil, Colômbia e México, os três maiores mercados da América Latina. Essa vontade e facilidade de expandir suas operações é parte do que justifica o otimismo do mercado.
Seja como for, uma empresa novata se tornar o maior banco de toda a América Latina deve ser, no mínimo, algo de bastante desconforto para os grandes bancos.
Felipe Moreno