“Um novo corte da taxa de juros pode enfraquecer ainda mais a moeda e não traz benefício nenhum para o aquecimento da economia”
A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi divulgada na última semana, e reforçou que o corte feito pelo Banco Central (BC), pode se repetir na próxima reunião, que acontecerá nos dias 16 e 17 de junho. O mais recente corte foi de 0,75 ponto percentual, com a Selic indo para 3% ao ano, sendo a menor taxa da história. Se para a próxima reunião o corte for da mesma magnitude, já que o Copom não descarta possibilidade, o ciclo anual de ajustes pode encerrar com a Selic nos 2,25% anualmente. Entretanto, para a concretização desse cenário, depende do quadro fiscal e da conjuntura econômica como um todo.
A nova medida foi baseada no embate recessivo do novo coronavírus (covid-19), e surpreendeu parte do mercado, que esperava um corte menor, de meio ponto. No entanto, apesar da decisão ter sido unânime, 2 membros do Comitê eram a favor de um corte ainda menor, e como destacado, isso pode vir a acontecer na próxima reunião. Para Daniela Casabona, Sócia-Diretora da FB Wealth, a taxa de juros não vai gerar nenhum impacto positivo. “Pode ser inclusive um erro do Copom, em um momento onde a economia está bastante enfraquecida e o consumo bastante reduzido em função da pandemia, um novo corte da taxa de juros pode enfraquecer ainda mais a moeda e não traz benefício nenhum para o aquecimento da economia”, explica a Sócia-Diretora da FB Wealth.
No entanto, o limite de baixa taxa de juros no país foi colocada em discussão pela autoridade monetária. O BC afirmou que o “lower bound” (limite inferior), no Brasil é mais elevado do que nos países desenvolvidos, dado que diante da profunda incerteza, é natural ter um aumento nos riscos. “Não acredito em taxa a zero. O país não tem força suficiente para ter uma taxa de juros em zero”, enfatiza Casabona. A Sócia-Diretora também afirma que a situação interna é claramente favorável à Selic menor, mas exteriormente a taxa de câmbio pode ser elevada temporariamente. “Então, o Brasil precisa de uma taxa de juros um pouco mais alta para equilibrar a economia, níveis muito baixos da taxa de juros não são sustentáveis na nossa economia, principalmente em investidores estrangeiros”, finaliza.
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