Nossas vidas pessoais e profissionais se entrelaçam, se cruzam e por vezes replicamos padrões em ambas. Somos nossas conversas. Isto é fato! O autoconhecimento nos distancia cada vez mais do raso, da superfície e da banalidade. E nos conecta cada vez mais com a profundidade e a nossa realidade. Diversos autores, retratam as crenças arraigadas há milênios em nossa sociedade. Vivemos em uma sociedade da competição, principalmente, do sofrimento, das dificuldades e das perdas.

Quando contamos nosso sofrimento ou algum problema que estamos enfrentando, tem sempre alguém para contar e enfatizar o seu também ou dos outros. Há sempre uma história trágica ou de sofrimento para contar, e a competição de ver quem sofreu mais ou quem tem mais sofrimento, está feita!!! E quem chega ao podium, em primeiro lugar, é quem mais fala ou mais se faz de vitima.

“Ao falar sobre seu próprio
sofrimento a pessoa tira o
foco de ajudar o outro,
e se volta às próprias
necessidades “

[Trecho do livro Tudo bem não estar tudo bem, de Megan Devine]

E assim é no ambiente corporativo também, nas conversas de corredor os sofrimentos vêm à tona. “Como estou cansada(o)”, “Como estou trabalhando”, “Estou cheia(o) de trabalho”, “Não sei o que fazer primeiro”, “Não aguento mais este trabalho”, “Não aguento mais meu chefe”, “Só eu não sou promovido nesta empresa”. Vira uma competição para ver quem trabalha, ou quem sofre mais. Recentemente o LinkedIn publicou uma reportagem que, os funcionários que mais reclamam não saem da empresa, e os que menos reclamam saem e são os que mais crescem.

Não existe um padrão de sofrimento ou enfrentamentos. Isso é muito pessoal e diferente. No entanto, sobreviventes não têm tempo para queixar-se da vida ou dos outros. Sobreviventes valorizam o que têm, o que ficou, como sobreviveu e o seu entorno. Falam sobre ideias, pensamentos, aprendizados e como ajudar os outros. No ambiente corporativo, são aqueles profissionais que enxergam além, que conseguem ser empáticos, fazem muito mais do que sua mera atividade, estão sempre com atitudes colaborativas.

Jornada da calma

No podcast “Jornada da calma” da jornalista Helena Galante, exemplifica de maneira simples e didática o exercício da empatia. “A criança voltou da escola falando para mãe que o coleguinha tinha pegado a figurinha que ele queria. A mãe falou para eles fazerem o exercício da empatia. Imagina a casa do seu coleguinha, sua família, o que tem dentro da sua casa, como é, e como essa figurinha está agora lá neste momento. A criança respondeu, mas eu não sou ele, não sei quem é a mãe dele, sua família ou o que tem na sua casa. A mãe fala, por isso que é um exercício de empatia, por mais que a gente imagine ou crie pensamentos, nunca vamos conseguir estar naquele espaço, seja o espaço de tempo ou o espaço físico.

O exercício da empatia deve ser realizado todos os dias, igual aos exercícios fisicos! A grande maioria têm preguiça de fazer exercícios físicos, achamos que estamos fazendo o exercício correto e vem lá o professor da academia corrigir, será que na vida o nosso exercício de empatia também não é assim? A grande Nise da Silveira fala que é necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade.

Vulnerabilidade

Ainda hoje, no século XXI tem quem ache que é “mimi”, ou que a gestão humanizada é ser muito frágil ou vulneravel perante ao negócios e sua equipe. No entanto, conforme a cientista social Brené Brown “Vulnerabilidade é o berço da inovação, criatividade e mudança”. Tornar-se um ser humano de verdade, é a maior coragem ou risco a você assumir. Nos negócios então, é fugir do padrão “chefe e funcionário”.

A importância ou os detalhes são sutis e são o que fazem a diferença de verdade. Com o tempo percebi que o simples fato de banalizar em uma conversa trivial, em um e-mail, mensagem de whatsapp ou encontro “Oi, tudo bem?” não faz o menor sentido, pois a resposta vai ser sempre igual e indiferente “Tudo bem” e quando respondemos algo diferente deste “tudo bem” pegamos todos de surpresa. E na maioria das vezes não queremos saber a verdade, ou melhor, não estamos preparados e nunca fomos preparados para a verdade.

A diferença é você olhar olho no olho ou dedicar seu tempo para escrever e saber de verdade como o outro está: “Como você tem passado?” “Como está seu trabalho novo, sua casa nova”? Direcione sua preocupação e atenção ao outro, não a você mesmo.

Seja aquele líder que inspira e engaja pelo exemplo. Que escuta com atenção e empatia sua equipe e seus colegas. Que tenha humildade para reconhecer que errou ou que precisa aprender com o outro. Ninguém consegue nada sozinho, precisamos uns dos outros. Faça o exercício de empatia uma vez só, e você colherá os melhores resultados de performance em sua equipe.

Fernanda Schreiber Ramos Pereira – Há 20 anos trabalhando com assessoria de diretoria, executivos, projetos estratégicos, gestão empresarial, comunicação autêntica e assertiva. Formação em Pedagogia Empresarial- Educação nas Organizações. MBA Gestão Empresarial. Cofundadora do Projeto Fortalecimento do Feminino-Clube do Livro Atuante em diversos projetos sociais dentre eles integrante do Grupo Mulheres do Brasil como membro da curadoria de livros do GMDB e do comitê 80 em 8 com publicações de artigos para revista digital #news. Apaixonada por sua família, livros, viagens e relacionamentos prósperos. É mãe da Catarina (in memoriam). Atuante em seguir com o propósito do legado da sua filha, nas soft skills de grande resiliência, inteligência emocional e amor pela vida e com o outro, a compaixão.

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