Vou começar a coluna de hoje com um fato sobre mim: eu sou completamente apaixonada pela série de TV dos anos 90 “Sex and the City”. Todo ano eu revejo todas as temporadas completas. Inclusive, antes da febre das plataformas de streaming chegar ao Brasil, eu já assistia cada episódio repetidamente com o box de DVD que ainda possuo – e que eu guardo com muito cuidado e não deixo ninguém nem chegar perto -.
Caso você nunca tenha ouvido falar, a série é baseada no livro homônimo da escritora Candace Bushnell, que publicava semanalmente num jornal nova-iorquino uma coluna sobre sexo e espelhava o momento único que as relações interpessoais vinham apresentando naquele momento.
Carrie Bradshaw, a personagem principal e interpretada por Sarah Jessica Parker, era o alter ego da escritora, que também tinha uma coluna semanal em um jornal, e usava as experiências com os amigos para comentar e questionar aspectos sociais daquela época, no auge da sua vida de 30 e poucos anos. “Sex and the City” se tornou uma série icônica e foi responsável por elevar a popularidade da HBO.
Após as seis temporadas, foram lançados mais dois filmes como continuação da história; e há uma semana, a HBO Max, plataforma de streaming da HBO, colocou no ar a continuação da obra, chamada de “And Just Like That”.
Você deve estar se perguntando como isso é relevante para sua vida. Calma, e já aviso que o parágrafo seguinte tem “spoiler”.
Logo no primeiro episódio da continuação, o personagem Mr. Big, que é casado com a protagonista Carrie (interpretado pelo ator Chris Noth), sofre um ataque cardíaco e morre. O fato acontece pouco depois de se exercitar em uma bicicleta da Peloton.
O acontecimento fictício gerou muita repercussão na mídia e influenciou o mercado financeiro. As ações da empresa na Nasdaq – que, com as pessoas em casa, haviam multiplicado por 5 durante a pandemia – despencaram, do dia para a noite, 15% após o lançamento da série. Foi simplesmente o menor patamar que as ações atingiram desde o IPO da companhia.
Aliás, a Peloton até então era vista como uma empresa de grande potencial, tornando-se uma companhia multibilionária em apenas alguns anos, já que a mesma foi fundada em 2012. A resposta para seu crescimento exponencial? Seu co-fundador e CEO John Foley já concedeu diversas entrevistas dizendo que a Peloton “vende felicidade”.
O fato é que o modelo de negócios da cia é revolucionário. Confesso que tinha muito pouco conhecimento da empresa até então, mas ao pesquisar alguns dados, notei alguns de seus diferenciais.
As principais fontes de receita da Peloton são as associações de usuários, permitindo aos clientes acesso a streaming de aulas de exercícios ao vivo e sob demanda, e ao próprio equipamento premium de exercícios. Ela possui dois tipos de assinatura: a assinatura Peloton, para quem possui os equipamentos da empresa, e a assinatura Digital, para quem deseja acessar apenas as aulas em um aplicativo.
Em 2014, a empresa lançou sua bicicleta ergométrica, incluindo um tablet touchscreen de 22 polegadas que permite a transmissão e também o rastreamento de metas e estatísticas de exercícios. No final de 2018, lançou uma esteira.
Embora os custos dos equipamentos sejam altos, até mesmo para a média salarial dos americanos, a Peloton vende também – muito sabiamente – experiência.
Sua jogada é genial, e seus investidores estavam satisfeitos até o dia 9 de dezembro. Mas agora eu tenho mais uma coisinha para contar para você! Aparentemente, o marketing da Peloton também é sensacional. Digo isso porque a empresa soube aproveitar a mídia negativa e usar a seu favor. Até porque, querendo não, cá estou eu dedicando uma coluna inteira para comentar o case de sucesso da companhia. E aguarde, porque aposto que em alguns anos o fato será pauta dos livros de marketing e negócios do mundo inteiro.
Dois dias após a estreia de “And Just Like That”, a empresa se pronunciou formalmente com a seguinte declaração:
“Eu tenho certeza que fãs de Sex and the City, como eu, ficaram tristes com a notícia de que Mr. Big morreu de um ataque cardíaco. Ele viveu como muitos chamariam de um estilo de vida extravagante – incluindo coquetéis, charutos e grandes filés. Essas escolhas de estilo de vida e, provavelmente seu histórico familiar, que geralmente é um fator significativo, foram prováveis para provocar sua morte. Pedalar em sua Peloton pode ter ajudado a adiar o ataque cardíaco.”
Não bastasse, a companhia teve a “sacada” de colocar no ar um comercial onde o próprio ator que interpreta Big, Chris Noth, diz à sua instrutora fitness que se sente ótimo, e quer dar um novo passeio – referindo-se à bicicleta da Peloton.
O comercial, que foi gravado e editado em apenas 48 horas, ressalta os benefícios do ciclismo à saúde, e claro, mostra que o ator está vivo e saudável. As ações recuperaram a queda rapidamente.
Eu não sei vocês, mas vejo isso claramente como um aprendizado, principalmente no quesito separar o que é notícia e rumores momentâneos, do valor intrínseco de uma empresa.
Já comentei algumas vezes por aqui que ninguém controla o mercado financeiro, e que deixar seu emocional ser abalado não ajuda em nada seu papel como investidor. Como você reage a um acontecimento pode ser decisivo em qualquer área da sua vida, e não seria diferente no mercado financeiro.
Decisões irracionais podem te derrubar, fica a dica!
Aliás, sorte – ou sabedoria – de quem acredita no valor da Peloton e aproveitou a queda das suas ações para ir às compras.
Ah, um ótimo final de semana depois dessa aula de marketing, negócios e soft skills.
Até segunda-feira!
BRF pode levantar mais de R$ 6 bi com follow on
A BRF propôs aos acionistas um aumento de capital de 325 milhões de novas ações, a serem emitidas por meio de follow on. A emissão tem o propósito de melhorar a estrutura de capital da empresa, que, devido a um cenário mais desafiador, vem sofrendo com uma alavancagem que, no último trimestre, ultrapassou o compromisso da companhia de 3x dívida liquida/ebitda. A notícia é neutra para companhia.
Eneva diz que manterá alavancagem
Em teleconferência com o mercado, Eneva comentou que a aquisição melhora o perfil de seu balanço energético, que poderá contribuir para obtenção de menores taxas creditícias no futuro, lhe colocará definitivamente na rota da energia renovável no país, bem como fornecerá benefícios cruzados através da gama de 1,8 mil clientes da Focus, que poderiam vir a se tornar clientes dos projetos termoelétricos da companhia. Ainda segundo Eneva, entrada em operação de novos projetos deverá manter relação entre Dívida líquida e Ebitda próxima aos patamares atuais. Enxergamos o movimento como valoroso a companhia e esperamos tanto a execução das obras de Futura 1 como a decisão pela concretização de Futura 2 e 3.
(Confira na íntegra esses e outros relatórios da Ativa Investimentos)
"Consideramos que o setor no qual a Hapvida está inserida possui uma dinâmica de crescimento secular."
- STK Capital
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