Investimentos, taxas de juros, inflação, são palavras que estão cada vez mais em voga quando acessamos a Internet ou lemos notícias sobre atualidades. Os brasileiros, finalmente, começaram a se interessar um pouco mais pela sua vida financeira, pelo mercado. Um dos principais motivos para isso foi, sem dúvida, a pandemia. Ela trouxe à tona algumas realidades que não eram vivenciadas na prática pelas pessoas, de uma forma geral. Seja porque foram pegas de surpresa, sem reserva de emergência, ou porque perceberam uma mudança no seu orçamento doméstico ou até porque conseguiram economizar um pouco durante esse período.

Assim, as pessoas começaram a enxergar que existem possibilidades de investimento além da caderneta de poupança (apesar de que ela continua sendo a campeã dos investimentos de grande parte da população, segundo dados da ANBIMA). E, com essa procura por outros investimentos, ficou ainda mais evidente a importância dos profissionais que trabalham no Mercado Financeiro, auxiliando as pessoas a entender melhor esse mundo novo.

Mas, quando olhamos ao redor, percebemos que a cena ainda é dominada pelos homens. De acordo com dados da B3, a Bolsa de Valores do Brasil, o mercado financeiro nacional é composto por 76% de homens. As mulheres ocupam apenas 24% dos cargos.

Cenário semelhante quando observamos os profissionais que possuem certificações importantes para atestar profissionalismo nesse mercado: apenas 23% delas possuem o Certified Financial Planner (CFP), a certificação nacional para quem quer atuar como Planejador Financeiro. E apenas 11% possuem o Chaertered Financial Analyst (CFA), certificação oferecida internacionalmente pelo CFA Institute.
Isso acontece porque há uma certa tradição, no Brasil, de que investimentos “não é coisa de mulher”. Ainda hoje muitas mulheres delegam os cuidados da vida financeira aos maridos, aos pais ou aos irmãos. E, se as mulheres não entram nesse mundo para investir seu próprio dinheiro, o que dirá trabalhar nesse mercado.

Precisamos desmitificar esse mundo e provar que é possível aprender a investir e trabalhar no mercado financeiro, como em qualquer outra área, antigamente dominadas pelos homens. É com entusiasmo que percebemos que, nos últimos anos o número de mulheres com CPF registrado na B3 vêm crescendo. Em 2021 atingimos o número mágico de 1 milhão de investidoras cadastradas. E, com isso mais mulheres buscam conhecimento e educação financeira, melhorando sua autoestima e ficando menos vulneráveis a situações de risco e violência.

Precisamos também estimular o número de mulheres em carreiras de exatas, ciências e tecnologia, áreas tradicionalmente ocupadas pelos homens e que abrem caminho para o mercado financeiro.
Sempre gostei muito de cuidar do dinheiro da família e acabei direcionando meu trabalho para essa área. Gosto tanto do que faço que acabei influenciando (positivamente) meus filhos a cuidar da sua vida financeira desde cedo. Hoje os dois, um casal, administram seus investimentos e trabalham na área, comigo.

Acredito que através da educação financeira, com disciplina e organização, mais mulheres serão capazes de se interessar pelo seu orçamento, seus investimentos, buscar capacitação para trabalhar no mercado financeiro e, assim, ajudar outras mulheres a adquirir sua liberdade financeira!

Para você começar a desbravar esse mundo, seguem dois sites oficiais de educação financeira:
Programa de educação da B3: https://edu.b3.com.br/

Programa de educação do Banco Central: https://www.bcb.gov.br/Pre/Surel/RelAdmBC/2013/o-banco-central-do-brasil-e-a-sociedade/cidadania-e-sistema-financeiro/educacao-financeira.html

Por Marisa Dornelles – Engenheira formada pela UFSM, MBA em Finanças pela FGV, Planejadora Financeira CFP®, consultora de valores mobiliários CVM, sócia fundadora da MGA3, consultoria e planejamento financeiro, sócia da gestora de investimentos Real Investor, voluntária no Grupo Mulheres do Brasil onde é uma das líderes do núcleo Porto Alegre.

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Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte