No início da tarde desta quarta-feira (15), por volta das 13h40, as ações da Petrobras PETR4 e PETR3 caíam -6.12% e -7.29%, respectivamente, em um dia que o mercado acordou surpreendido com as demissões do presidente Jean Paul Prates e do CFO Sergio Caetano Leite no fim da terça-feira (14). Assume o comando a engenheira Magda Chambriard, como o Acionista publicou hoje cedo.

A demissão, por assim dizer, não foi tão surpreendente, ao menos não deveria, porque há muito tempo Prates vinha sendo fritado, mas o momento da saída foi uma surpresa para os investidores e isso levantou novamente os riscos de governança da estatal.

O anúncio da troca do comando ocorreu um dia após a divulgação dos resultados do 1T24 da Petrobras, cujo lucro caiu 38% na comparação anual, para R$ 23,7 bilhões. Após a divulgação dos resultados, CFO Sergio Caetano Leite destacou os pontos, de acordo com a Ativa:

  • o fato da distribuição do dividendo extraordinário ainda retido ser, àquele momento, uma questão de quando e não se.
  • a intenção em seguir como minoritário na Braskem
  • a necessidade de se realizar uma transição energética com cautela
  • a complexidade das negociações envolvendo o retorno da companhia à Refinaria de Mataripe
  • a possibilidade da Petrobras renovar o seu programa de recompra de ações

“Acreditamos que todos estes pontos passarão por uma reavaliação com a nova gestão da empresa.
Aproveitamos para reiterar nossa visão negativa sobre a saída do CEO e CFO da empresa e acreditamos que mais mudanças poderão ocorrer ao longo das próximas semanas”, comentam os analistas

Os riscos

De acordo com os analistas da Ativa, “ainda que as rusgas envolvendo a atuação de Prates e a vontade do Executivo não sejam novidade, o mercado não acreditava na saída de Prates neste momento e entendemos o movimento como uma importante ruptura no trabalho de dezoito meses que o antigo CEO e sua equipe executaram na empresa”.

O Conselho ainda se reunirá para consolidar a saída de Prates e confirmar de Magda Chambriard. A chegada de alguém mais próximo dos ministros de Energia e da Casa Civil pode aumentar a influência deles na companhia, o que os analistas da Ativa veem com certa apreensão.

Investimentos – Para a Ativa, caberá à Magda rever o plano de investimentos da Petrobras, que atualmente compreende US$ 102 bilhões até 2028 e “já surgem notícias que Magda teria se comprometido à acelerar projetos duvidosos, como o Comperj e a Refinaria Abreu e Lima”.

Além disso, para os analistas, se o ex-presidente da estatal foi habilidoso ao limitar o crescimento do plano atual, acreditam que dificilmente Magda obterá “o mesmo êxito e deverá ampliar os valores investidos em segmentos como Renováveis e o Refino”. Eles ressaltam também que ela terá menos tempo para planejar e formalizar o novo plano e assim, “deverá ceder mais aos anseios do Executivo, que é vocal quanto ao interesse em expandir investimentos”.

Preços de Combustíveis – Se já havia dúvidas do mercado quanto à execução da atual estratégia de preços da empresa na gestão de Prates, conforme a Ativa, elas devem aumentar no comando de Magda. “Ainda que não acreditamos que a empresa atualizará os termos da sua política atual, não duvidaremos se a Petrobras, definitivamente, caminhar para uma cobrança mais próxima ao seu valor marginal que ao custo de aquisição do cliente.”

Dividendos – A política atual de proventos regulares é ‘’ativada’’ com uma dívida bruta inferior à US$ 65 bi. “A Petrobras dispõem de um endividamento bruto de US$ 61,8 bi, uma simples aquisição (como da Braskem, por exemplo) que eleve esse indicador condicionaria à companhia à realizar apenas o pagamento mínimo de US$ 4 bi para anos em que o Brent seja superior à US$ 40. Em suma, em apenas um movimento, a companhia poderia condicionar o pagamento total de proventos futuro à apenas cerca de R$ 1,50/ação por ano (considerando um câmbio à R$ 5,00).”

Recomendação

Por fim, os analistas da Ativa consideram que ainda é cedo para dizer com certeza o que acontecerá com a empresa e por enquanto, é mantida a recomendação recomendação neutra com preço alvo de R$ 44. “Vemos a Petrobras caminhar novamente rumo à uma perigosa zona cinzenta. Em 70 anos de história, Chambriard será a 43ª presidente da empresa. Ou seja, a média de permanência de um líder a sua frente é de cerca de um ano e meio. Mudanças repentinas como a de ontem apontam que ser sócio da empresa é ser sócio do governo, o que muitas vezes, traz uma dose maior de risco aos acionistas sem a devida compensação financeira.”

(Com informações do InfoMoney/Colaboração de Márcia Sobotyk)

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