O dia promete ser novamente de intensa movimentação dos investidores em todo o mundo, pois há muito para ser avaliado na formação de preços dos ativos e projeções futuras. Reunião do BCE (BC europeu), mudança prevista para o BOJ (BC japonês), impacto do pacote fiscal americano na economia, etc. Aqui, votação desidratada da PEC emergencial no primeiro turno, votação logo cedo em segundo turno, Lula de volta ao jogo político, liberação de compra de vacinas para iniciativa privada, swap cambial novo, IPCA de fevereiro, etc. Isso induz à manutenção do quadro de volatilidade, mas com uma pegada mais para positiva.
Ontem, mercados tiveram dia de muitas oscilações e mudanças de sinais intraday, mas, no final, a Bovespa fechou com alta de 1,30% e índice em 112.776 pontos, e dólar em forte queda de 2,50% e cotado a R$ 5,65. Nos EUA, comportamento misto, mas com o Dow Jones fazendo novo recorde histórico de pontuação e alta de 1,46%.
Hoje, os mercados da alta encerraram com fortes altas, e destaque para a Bolsa de Xangai com +2,36%, depois de fala do primeiro-ministro Li Keqiang sobre o país crescer acima da meta estabelecida de 6%, impulsionando também as commodities. Na Europa, mercados começando o dia com comportamento de alta nesse início de manhã e futuros do mercado americano também no campo positivo. Aqui, mantemos nossa posição de tentar recuperar o patamar de 115 mil pontos do Ibovespa, para abrir novamente o objetivo em 118 mil pontos.
O pacote fiscal americano de US$ 1,9 trilhão recentemente aprovado produziu declarações otimistas da secretária do Tesouro, Janet Yellen, de que foi crucial para recuperação da economia e espera que o pleno emprego possa ser alcançado ainda em 2022. O segundo semestre deve ser bem forte, e o JP Morgan projeta que a economia americana possa crescer o dobro da brasileira. Estamos falando de algo próximo de 7%. Hoje, os treasuries americanos também dão alguma folga com queda de juros, e isso é positivo para as Bolsas no mundo.
No exterior, os investidores vão ficar de olho no relatório mensal da OPEP e na decisão do BCE sobre política monetária (não deve mudar, mas segue avaliando juros negativos) e na reunião do BOJ, que pode aliviar juros negativos sobre parte das reservas.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 1,27%, com o barril cotado a US$ 65,26. O euro era transacionado em alta para US$ 1,197 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,51%. O ouro e a prata mantinham altas na Comex e commodities agrícolas em alta na Bolsa de Chicago.
Aqui, a PEC Emergencial foi desidratada no primeiro turno votado ontem, mas com menor impacto que o previsto (bode na sala). Hoje teremos a votação em segundo turno já a partir de 10 horas. Ficou aberta a progressão de servidores, mas salários estão congelados. O Bacen também prorrogou a alíquota de 17% (era 20%) do compulsório com prazo de abril até novembro, e com isso, deixou sobre a mesa mais R$ 40 bilhões para usar em empréstimos.
O governo também abriu a possibilidade da iniciativa privada poder compra vacinas e, com isso, o processo pode ser acelerado. Além disso, depois de coletiva de Lula criticando Bolsonaro, o presidente apareceu em cerimônia de máscara, e propagandeando vacinas. Aparentemente o processo sucessório já começou, mais cedo que o previsto e aguardem medidas populistas. O Bacen também anunciou antecipadamente uma operação logo na abertura de swap cambial de US$ 1 bilhão.
Na agenda, daqui a pouco, teremos o IPCA fechado de fevereiro, a decisão do BCE, os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA na semana anterior e o relatório da OPEP. Expectativa para o dia é de Bovespa em alta, dólar mais fraco e juros em queda, dependendo do IPCA.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado