A Bovespa só teve melhora mais definitiva mais para o meio da tarde, com o encerramento de posições nos mercados derivativos. Podemos até achar alguma coincidência com boatos de que Republicanos e Democratas estariam buscando acordo para aquele pacote de estímulo fiscal de US$ 908 bilhões.
Mas o dia por aqui começou pesado com a possibilidade de a LDO não ser votada, o quadro fiscal que permanece deteriorado e preocupação com reformas que são absolutamente fundamentais. Nos EUA, mercado travado durante quase todo o dia, com investidores aguardando definições sobre estímulo e, principalmente, a decisão do FOMC do FED de política monetária, eventualmente ampliando o QE (Quantitative Easing), mas precisando também saber das políticas de governo.
Indicadores melhores de atividade na Europa também ajudaram no comportamento mais positivo, e Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, mostrando esperança de acordo com a União Europeia (e ela com o Reino Unido), mas seria preciso dar ao Reino Unido controle sobre suas leis e áreas de pesca. Já o BCE alertou que em algum momento, o déficit fiscal terá que cair para níveis sustentáveis.
Nos EUA, o PMI composto caiu para 55,7 pontos em dezembro, e o industrial em queda para 56,5 pontos. As vendas no varejo de novembro também mostraram contração de 1,1% e a confiança do construtor NAHB de dezembro caiu para 86 pontos, quando o previsto era 88 pontos. No final da tarde, o FED anunciou manutenção dos juros entre zero e 0,25%, mas ampliou a compra de títulos do Tesouro em pelo menos US$ 80 bilhões/mês e títulos com lastro em hipotecas em pelo menos US$ 40 bilhões/mês. Autorizou também operações no overnight com taxa zero de até US$ 30 bilhões/dia. Melhorou todas as estimativas de PIB para os próximos anos, a taxa de desemprego, mas mostra insatisfação com inflação muito baixa e consumo demorando a engrenar.
A China pediu que a Austrália pare de discriminar as empresas chinesas nessa onda que envolve vários países, com início de disputas nos EUA.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava leve alta de 0,48%, com o barril cotado a US$ 47,85, mesmo depois de o DOE (Departamento de Energia) ter mostrado contração do estoque de óleo de 3,1 milhões de barris na semana anterior. O euro era transacionado em alta para US$ 1,22 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,91%. O ouro e a prata eram negociados em alta na Comex e commodities agrícolas majoritariamente em alta na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China teve alta durante a madrugada de 0,89%, com a tonelada em US$ 156,45.
No segmento doméstico, Bolsonaro falou em reunião do Mercosul dizendo que os benefícios gerados animam para maior integração e se disse estar contente com o alinhamento dos países e propósitos do bloco. O ministro Paulo Guedes também falou ao longo do dia em reunião virtual da OCDE, dizendo estar comprometido com o teto das despesas como âncora de sustentabilidade fiscal e que a entrada na OCDE vai reforçar a agenda social, ambiental e de governança corporativa. A equipe econômica também deu coletiva falando que o auxílio emergencial é importante, mas inviável de ser mantido.
A Câmara e Senado votaram e aprovaram texto da LDO, derrubaram destaques e agora segue para sanção presidencial. Já o MDB decidiu lançar um candidato próprio para a presidência do Senado, entrando nas disputas que vão se acirrar. O Bacen anunciou o fluxo cambial até 11/12 negativo no ano em US$ 19,44 bilhões, com fluxo positivo em dezembro de US$ 128 milhões. Pelo canal financeiro, ingressaram recursos no montante de US$ 2,6 bilhões em dezembro, mas, no ano, está negativo ainda em US$ 44,15 bilhões.
Dia de dólar operando com muita oscilação, mas encerrando em alta de 0,34% e cotado a R$ 5,106. Na B3, na sessão de 14/12, os investidores estrangeiros alocaram recursos no montante de R$ 461,3 milhões, deixando o fluxo positivo em dezembro em R$ 8,35 bilhões e o ano ainda negativo em R$ 43,21 bilhões.
No mercado acionário, dia de Bolsa de Londres em alta de 0,88%, Paris com +0,31% e Frankfurt com +1,52%. Madri em queda de 0,16% e Milão com alta de 0,23%. No mercado americano, o Dow Jones com -0,15% e Nasdaq com +0,50%. Na Bovespa, dia de reversão de alta para +1,47% e índice em 117.857 pontos. Na máxima do dia, chegou a atingir 118.178 pontos.
Na agenda de amanhã teremos o relatório trimestral de inflação pelo Bacen e a segunda prévia do IGP-M de dezembro. Sairá também a decisão do BOE (BC inglês) sobre política monetária e a inflação pelo CPI da zona do euro. Nos EUA, construções de novas residências e permissões, auxílio-desemprego da semana anterior e o índice de atividade do FED de Filadélfia.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado